São Paulo – A ação da TIM passou o pregão em alta após a notícia de que a empresa de private equity KKR fez uma oferta “não vinculativa e indicativa” de US$ 12,2 bilhões para comprar 100% das ações da Telecom Italia, dona da TIM Brasil. Após subir mais de 7% na abertura, o papel TIMS3 perdeu força e fechou o pregão com elevação de 1,70%, a R$ 13,71.
Procurada pela Agência CMA para comentar a notícia, a TIM Brasil disse que não há previsão para comentar o assunto.
Na avaliação do BTG Pactual, mesmo que não seja aprovada, a oferta pode colocar pressão adicional sobre a administração da Telecom Itália para buscar maneiras de desbloquear valor, o que pode incluir a venda da TIM Brasil. “Em suma, embora uma oferta de ‘tag along’ pareça improvável em nossa opinião, esperamos que as ações da TIM reajam positivamente evento de hoje, pois, pelo menos por agora, a TIM foi colocada em jogo pela oferta potencial da KKR pela Telecom Italia”, disse o analista Carlos Sequeira, em relatório a clientes divulgado hoje.
Embora a KKR esteja fazendo uma oferta para remover a Telecom Italia, a equipe jurídica do BTG não acredita que isso irá desencadear direitos de ‘tag along’ – (mecanismo que visa dar mais garantia aos acionistas minoritários, nos casos de mudança no controle da companhia) para os acionistas minoritários da TIM no Brasil. “Isso ocorre porque o controle direto permanece o mesmo (a Telecom Italia controla a TIM) e, dado que a Telecom Italia é uma empresa, não haveria ser uma mudança de controle na Itália (portanto, nenhuma mudança indireta de controle).
No entanto, o banco de investimentos não descarta totalmente os direitos de tag along no Brasil. Neste caso, o preço da oferta no Brasil deverá ser determinado por um avaliador independente e esta avaliação deve ser aprovada por 2/3 dos acionistas da TIM (ex-Telecom Italia).
Segundo o BTG, a oferta preliminar em dinheiro da KKR é de 50,5 centavos de euro por ação, o que representa um prêmio de 46% em relação ao fechamento das ações da companhia na sexta-feira. A proposta está condicionada a uma auditoria de confirmação que deve durar cerca de um mês, além do aval do governo italiano, que tem o chamado “Golden Power” sobre a tele. O conselho da Telecom Italia, que é controlado pela Vivendi que possui 23,75% das ações da TI, é dito que reuniram-se hoje para discutir a oferta.
Nos cálculos do BTG, a oferta da KKR pela controladora da TIM é estimada em um múltiplo de 6,0 vezes a sua estimativa de valor de firma sobre o ebitda para 2022 – a TIM está sendo negociada a 3,9 vezes. “Se a TIM Brasil for avaliada no mesmo múltiplo da TI, isso implicaria em um preço por ação de R$ 21,5 e um potencial de valorização de 59% para o preço de fechamento de sexta-feira.”
“Mesmo que não haja direitos de tag along para os minoritários da TIM, parece-nos que o único interesse da KKR é nos ativos da Telecom Italia na Itália (especialmente sua rede de fibra), não na TIM Brasil. Se a KKR for bem-sucedida em sua oferta, podemos esperar que ela coloque a TIM Brasil à venda”, avalia.