São Paulo – No último pregão de novembro, o Ibovespa fechou em queda de 0,87%, com um certo alívio com a aprovação da PEC dos precatórios na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), do Senado, e provável votação no plenário da Casa Legislativa ainda hoje. No acumulado do mês, o Ibovespa registrou recuo de 1,53%.
O estresse no pregão de hoje em que a Bolsa chegou a cair mais de 2% e atingir a faixa dos 100 mil pontos no interdiário-100.074,61- foi devido à fala do presidente do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) sinalizando a possibilidade de retirada de estímulos monetários mais cedo que o mercado esperava para combater a inflação. O mercado também ficou com as atenções sobre notícias em relação à nova variante da covid-19. Hoje foram confirmados dois casos da Ômicron em São Paulo.
O principal índice da B3 caiu 0,87%, aos 101.915,45 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em dezembro perdeu 0,76%, aos 102.515 pontos. O volume financeiro foi de R$ 43,3 bilhões. Em Nova York, as bolsas registraram forte retração.
De acordo com o relatório da Toro Investimentos, o Ibovespa brigou durante novembro no patamar dos 102 mil pontos e encerrou o mês na faixa dos 101 mil pontos. ” No último mês do ano, pode haver uma possível perda dos 100 mil pontos ou rompimento dos 108.700, dependendo de onde os preços serão direcionados, podemos ter algum indício das movimentações para o começo de 2022″.
Flávio Oliveira, head de renda variável da Zahl Investimentos, disse o maior impacto negativo da sessão de hoje é a soma da preocupação com a Ômicron e a fala de Powell. “A variante da covid-19 avança e pode aumentar o risco de circulação de pessoas, elevando a inflação e causando um problema. Atrelado a isso, Powell disse que a inflação não é algo tão transitório, o que pode aumentar os juros dos Estados Unidos e prejudicando os emergentes”.
O head de renda variável da Zahl Investimentos afirmou que a aprovação da PEC dos precatórios na CCJ “é vista como positiva”. Na quinta-feira deve ser votada no plenário do Senado e “passando essa novela poderemos ver um alívio no mercado”. Como o teto de gastos já foi furado, “o mercado está precificando de que forma isso vai acontecer”.
Oliveira diz que o Ibovespa como se apresenta hoje “já existe uma assimetria interessante nesses patamares de preços”.
Para Luiz Henrique Wickert, analista sênior da plataforma sim; paul, o impacto negativo no mercado foi a fala do Powell de encerrar o tapering mais cedo. “A retirada dos estímulos deve acabar mais cedo que o esperado, metade do ano que vem, e com isso já há especulação para o gráfico de pontos que o Fed divulga nas reuniões de dezembro de quando os juros vão subir nos Estados Unidos”.
Wickert comentou que “uma parte do mercado acredita em setembro do ano que vem, mas alguns já falam em junho e o isso impacta fortemente nos mercados emergentes, como o nosso”.
Segundo José Costa Gonçalves, analista da Codepe Corretora, a fala do Powell teve uma repercussão forte no mercado financeiro. “Pela primeira vez primeira vez Powell diz que sobre a redução do prazo do tapering, tirando a liquidez do mercado e surpreendendo os investidores. O dinheiro vai ficar mais caro para quem se sustenta em ativos”.
O dólar comercial fechou em R$ 5,6370, com alta de 0,42%. A moeda norte-americana foi pressionada pelo discurso do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, sobre a aceleração do tapering (remoção de estímulos) para o mês de dezembro, além das incertezas sobre a variante Ômicron.
De acordo com a economista e estrategista de câmbio do Banco Ourinvest, Cristiane Quartaroli, “existe grande aversão global ao risco. Isso também se deve ao avanço da pandemia na Europa, colocando o pé do investidor no freio”.
Quartaroli não vê grandes novidades no discurso de Powell: “Já vínhamos falando sobre a antecipação dos juros, o discurso não muda. O cenário continua muito ruim”, contextualiza.
Segundo fonte ouvida pela CMA, “além da instabilidade com a Ômicron, continuamos com as incertezas sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios. O governo nitidamente não possui força no Congresso”.
Com o orçamento de 2022 ainda em aberto, a tensão não cessa: “O mercado está preocupado com os gastos do governo para o próximo ano, com as medidas eleitoreiras”, pontua. Apesar da instabilidade, a fonte não acredita que o dólar irá sair da faixa entre R$ 5,50 e 5,70, mas alerta: “É uma semana com a divulgação de vários índices importantes”.
De acordo com o boletim da Commcor, “adicionando ainda mais volatilidade aos ativos de risco domésticos, a tramitação da PEC dos Precatórios continuará tomando as atenções dos investidores e, no câmbio, a formação da Ptax poderá trazer fortes oscilações”.
Por outro lado, a Ômicron continua a ser o destaque desta terça: “As restrições que o avanço da nova variante pelo mundo poderá causar colocam em risco a recuperação econômica e o ciclo de aperto monetário visto em diversas economias”, pontua a Commcor.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda, após divulgação de nova queda na taxa de desemprego, para 12,6% em setembro, e bons resultados fiscais do setor público.
O DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 8,752% de 8,712% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 11,870%, de 11,880%; o DI para janeiro de 2025 ia a 11,490%, de 11,590% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,380% de 11,570%, na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar com vencimento para dezembro operava em alta, cotado a R$ 5,62 para venda.
Os principais índices de mercados de ações norte-americano voltaram a fechar o pregão em queda, com o S&P caindo 1,89%, refletindo o aumento das incertezas sobre a variante Ômicron do coronavírus e após o discurso do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell. No mês, as ações subiram.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos principais índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:
Dow Jones: -1,86%, 34.483,72 pontos
Nasdaq Composto: -1,55%, 15.537,7 pontos
S&P 500: -1,89%, 4.567,00 pontos
Veja a variação no acumulado do mês:
Dow Jones: +1,89%
Nasdaq Composto: +7,54%
S&P 500: +6,02%