São Paulo- A Bolsa fechou em queda com os investidores preocupados com a inflação no País e o impacto na taxa de juros, e nem mesmo o otimismo no exterior conseguiu melhorar o ânimo do mercado local pelo segundo dia consecutivo. No último pregão da semana, o Ibovespa registrou um dos volumes financeiros mais baixos do ano devido às festas de fim de ano e com os agentes financeiros mais temerosos em assumir riscos. Na semana, com apenas quatro dias de pregão, o índice encerrou os negócios com recuo de 2,15%.
Mais cedo foi divulgado o Indice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) de dezembro, prévia da inflação oficial do País, que ficou ligeiramente abaixo do esperado-subiu 0,78%. No acumulado do ano a taxa ainda é alta-10,42%. Pietra Guerra, especialista de ações da Clear Corretora afirmou que “vemos uma desaceleração do nível de preços, até reflexo de um movimento mais conturbado de deterioração econômica, mas mesmo assim, no acumulado desse ano observamos uma alta desse nível de preços que reflete no IPCA [Indice de Preços ao Consumidor, inflação oficial do País].
A notícia mais positiva veio pelo lado do emprego. Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), informados pelo Ministério da Economia, mostrou que o Brasil criou 324 mil empregos formais em novembro.
O principal índice da B3 caiu 0,33%, aos 104.891,32 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em fevereiro perdeu 0,73%, aos 106.025 pontos. O giro financeiro foi de R$ 15,7 bilhões.
Para Fabrício Gonçalvez, CEO da Asset Management, a Bolsa está trabalhando descolada do exterior com a preocupação dos agentes de mercado com a inflação. “O Ibovespa está morto na sessão de hoje com os investidores tomando menos risco devido às festas fim de ano e o principal drive é a inflação”.
E acrescentou que “o setor de serviços continua muito pressionado. Embora a inflação tenha desacelerado em dezembro, segue alta e pode gerar aumento dos juros”.
João Abdouni, especialista da Inversa Publicações, afirmou que o País está em uma situação inflacionária complicada, mesmo com a desaceleração do IPCA-15 de dezembro e isso favorece alguns setores e prejudicam outros.
“Enquanto a gente não conseguir controlar a inflação e baixar a taxa de juros, vamos ver movimentos favoráveis de grandes bancos devido à alta da Selic [atualmente em 9,25% ao ano], e das exportadoras, que se beneficiam com alta do dólar e commodities fortalecidas”. Na contração, disse Abdouni, as varejistas são prejudicadas com a alta de juros.
No campo corporativo, as ações Petrobras (PETR3 e PETR4) se recuperaram e subiram 0,72% e 0,60%, respectivamente. A petrolífera concluiu a venda de 12 campos terrestres de exploração e produção do polo Remanso, na Bahia, para a PetroRecôncavo por US$ 7,3 milhões.
A cotação do dólar oscilou nesta quinta-feira, mas a moeda norte-americana fechou em leve queda, puxada por índices positivos do mercado externo. O dólar comercial fechou em queda de 0,10%, negociado a R$ 5,6610 para venda e R$ 5,6590 para compra.
Em alguns períodos do dia, o dólar operou em alta, especialmente após a divulgação da prévia da inflação com índice um pouco além do previsto pelo mercado. A moeda norte-americana oscilou entre a mínima de R$ 6,6280 e a máxima de R$ 5,7180.
No mercado futuro, por volta das 17h35, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em janeiro de 2022 subia 0,30%, cotado a R$ 5.679,500.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) operam em alta, após IPCA-15 em linha com a expectativa do mercado.
O DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 9,154% de 9,150% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 11,590%, de 11,450%, o DI para janeiro de 2025 ia a 10,580%, de 10,500% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,530% de 10,410%, na mesma comparação.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo positivo, com os investidores mais convencidos de que as ameaças da Ômicron podem ser superadas.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: +0,55%, 35.950,56 pontos
Nasdaq Composto: +0,85%, 15.653,4 pontos
S&P 500: +0,62%, 4.725,79 pontos