São Paulo – A Bolsa fechou em expressiva alta pelo terceiro dia consecutivo, chegou a renovar a máxima no intermediário aos 113 mil pontos, descolada das bolsas norte-americanas e com o forte fluxo de estrangeiros sustentando esse movimento, mas voltou ao patamar dos 112 mil pontos.
Até terça-feira (25), o ingresso de capital estrangeiro na B3 somou R$ 1,891 bilhões. Em média, por dia, o fluxo é de R$ 1 bilhão e com a compra mais acentuada de ações de commodities e bancos.
Mais cedo, o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos -cresceu 6,9% no 4T21- foi bem recebido pelo mercado.
O principal índice da B3 subiu 1,18%, aos 112.611,65 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em fevereiro avançou 0,82%, aos 113.000 pontos. O giro financeiro de R$ 35,2 bilhões. Em Nova York, as bolsas caíam.
Natalia Monaco, estrategista da Veedha Investimentos comentou que a Bolsa está descorrelacionada com a volatilidade nos Estados Unidos por causa do ingresso de capital estrangeiros. “Temos recebido um fluxo bastante significativo de capital estrangeiro e isso tem sustentado a alta mais relevante da nossa Bolsa”.
Natalia ressaltou que primeiramente os estrangeiros “entram via commodities, no segundo momento os grandes bancos e temos visto uma recuperação mais relevante do setor de varejo”.
A Bolsa já subiu 7% até agora, elevação importante, apesar de saber que na próxima semana o Copom vai subir juros, disse a estrategista da Veedha.
Lucas Mastromonico, operador de renda variável da B.Side Investimentos, comentou que o movimento positivo na nossa Bolsa segue com o fluxo de estrangeiros forte e a valorização das blue chips. “A Bolsa aqui ficou muito barata por causa dos ruídos políticos no ano passado, por enquanto estamos sem ruídos até a volta do recesso parlamentar e o capital estrangeiro sai do mercado norte-americano e vem para cá por sermos um país exportador forte em commodities”.
E acrescentou que “a China baixando juros, se recuperando, as commodities aumentam e o Brasil é um bom player para pegar isso”.
Mastromonico comentou que os dados melhores do PIB e do seguro-desemprego “indicam um sinal para o Fed tirar estímulo da economia e favorece o mercado”.
O dólar fechou em R$ 5,4240, com queda de 0,33%. A moeda foi pressionada, durante toda a sessão, pela fluxo positivo na bolsa, além do iminente aumentos da Selic, que deve ser anunciado na próxima semana, após reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).
De acordo com o sócio da Levante, Enrico Cozzolino, “no primeiro momento, o aumento da taxa de juros nos Estados Unidos vai fortalecer a bolsa brasileira, pois uma parcela irá migrar para a renda fixa e outra para os emergentes. Neste momento, ainda somos um dos países mais descontados”.
Cozzolino ainda acredita que o suporte do dólar é de R$ 5,40: “Caso este cenário favorável continue, o dólar tende a se enfraquecer e a bolsa subir. Ele pode chegar a R$ 5,20”, projeta.
Segundo o chefe da mesa de derivativos da Genial Investimentos, Roberto Motta, “o Brasil é o ‘berço das commodities’, que geram dividendos. Somos privilegiados nisso”. Motta explica que a commodity é uma das maneiras de se proteger da inflação, além de ressaltar que o real está muito próximo a R$ 5,37, sua média de móvel dos últimos 200 dias: “Está sendo um ímã”, observa.
O desequilíbrio fiscal não saiu do radar em nenhum momento: “O mercado está deixando isso de lado. Nossa taxa de juros é convidativa, apenas neste ano já houve ingresso de R$ 22,960 bilhões em renda variável na bolsa”, avalia Motta, que também destaca que o real continua sendo uma moeda “barata”.
Para o economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa, “mesmo com o DXY (cesta de moedas de economias desenvolvidas) subindo forte, o real abriu valorizado. Isso reflete o quadro incerto das emergentes. Existe viés favorável ao ativo brasileiro”.
Rosa destaca que com o aumento do Indice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que subiu 0,58% em janeiro ante dezembro, a hipótese do Comitê de Política Monetária (Copom) ser mais agressivo, na reunião da próxima semana, aumenta: “Reforçou a aposta de alta de 1,5 ponto percentual (p.p.), e ser um ciclo mais longo do que o mercado esperava. Nossa projeção é de que os juros cheguem em 12% ao ano”, projeta. O economista destaca que a elevação dos juros torna o país mais interessante para os investidores estrangeiros.
As taxas curtas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) operam em alta nesta quinta-feira (27), com mercado refletindo sobre a última reunião do FED.
O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 12,220% de 12,015% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 11,755%, de 11,440%, o DI para janeiro de 2025 ia a 11,315%, de 11,020% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,325% de 11,040%, na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar com vencimento para janeiro operava em queda, cotado a R$ 5,42 para venda.