Bolsa fecha janeiro em alta de quase 7% com fluxo externo; dólar recua 

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São Paulo – A Bolsa encerrou o último pregão do mês em leve alta de 0,20%, após passar praticamente toda a sessão operando com volatilidade com os investidores mantendo cautela em relação à decisão de política monetária do Banco Central (BC) na quarta-feira (2). A expectativa é de elevação de 1,5 ponto porcentual (pp) na taxa de juros básica (Selic). 
No último pregão do mês, os investidores ajustaram as carteiras e os destaques ficaram para os bancos, como Itaú (ITUB4) e Bradesco (BBDC 3 e BBDC4), que avançaram respectivamente 2,17% e 1,07% e 0,88%. No mês de janeiro, a Bolsa acumulou ganho de 6,98% enquanto os índices norte-americanos registraram perda. 
A valorização da Bolsa no mês foi impulsionada pelo forte fluxo de capital estrangeiros e as ações da Petrobras, Vale e o setor financeiro foram as beneficiadas. Até quinta-feira (27), ingressaram R$ 28,142 bilhões na B3. 
O principal índice da B3 subiu 0,20%, aos 112.143,51 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em fevereiro avançou 0,07%, aos 112.640 pontos. O giro financeiro foi de R$ 30,4 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em alta. 
Enrico Cozzolino, head de análise e sócio da Levante Ideias Investimentos, comentou que os investidores estão cautelosos na sessão de hoje para ver qual será a intensidade do aumento da taxa de juros. “O mercado está colocando na balança um pouco da expectativa da Selic na quarta [decisão da política monetária do Brasil] e o movimento recente de alta muito intensa na Bolsa com o fluxo de estrangeiros”. 
O head de análise da Levante Ideias e Investimentos acredita que a elevação nos juros “será de mais de 1 ponto porcentual ao longo deste ano e por quanto tempo a autoridade vai subir a Selic”. 
Cozzolino explicou a valorização das ações de peso no índice neste mês com a entrada do capital estrangeiro. “Os bancos estavam descontados por causa dos fundamentos e subiram com boa parte do fluxo estrangeiro; a Petrobras surfou com os dividendos e fundamentos e vem de uma toada muito boa do preço de petróleo, perde fôlego com a questão geopolítica entre Rússia e Ucrânia e a Vale fica com um ponto de exclamação. Com o feriado lunar na China, as ações perdem referência do preço do minério de ferro, mas na sexta a empresa também não aproveitou a alta da commodity”. 
Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente corretora, comentou que a Bolsa “está parelha aos movimentos do cenário intencional porque o noticiário econômico doméstico está fraco”. 
Velloni disse que temos de observar a força que o governo vai ter, com a volta do recesso parlamentar, para “desenrolar as votações que deveriam ter sido feitas antes da pandemia, como da privatização dos Correios “. E acrescentou que não acredita que consiga passar a reforma administrativa, por exemplo em no de eleição. 
Em relação ao Copom, afirmou que mercado já precificou essas elevações de juros e não deve ter muita influência na Bolsa. “O mais importante vai ser a ata do Copom e pode vir uma sinalização de ceder os aumentos dos juros”. 
O dólar comercial fechou em R$ 5,3070, com queda de 1,53%. Isso ainda é reflexo do intenso fluxo de capital estrangeiro na bolsa de valores, fortalecendo o real. 
Segundo o chefe da mesa de câmbio da Terra Investimentos, Vanei Nagem, “o fluxo estrangeiro na bolsa, além das captações dos bancos no exterior que estão se antecipando ao aumento dos juros nos Estados Unidos e barateando a operação, refletem diretamente no câmbio”. 
Nagem acredita que o mercado está positivo, otimista: “Isso tem efeito na precificação do dólar. Hoje somos uma das melhores moedas do mundo. Se continuar assim, o dólar vai chegar em R$ 5,25”, aposta. 
De acordo com a equipe da Ouro Preto Investimentos, “para esta reunião do Copom não são esperadas surpresas, mas sim a para a reunião seguinte, de quanto será o aumento na Selic”. 
Já o payroll deve mostrar a recuperação da economia dos Estados Unidos: “Isso não deve mudar a postura mais hawkish (austera) do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano). O mercado já precifica cinco aumentos de 0,25 ponto percentual (pp) na taxa de juros”, analisa. 
Apesar do fluxo positivo ainda fortalecer o real, o cenário deve mudar em breve: “O aumento dos juros americanos, além da tensão eleitoral que deve ocorrer a partir do segundo trimestre, tendem a valorizar o dólar”, projeta a Ouro Preto. 
Para a economista e estrategista de câmbio do Banco Ourinvest, Cristiane Quartaroli, “a grande expectativa para a semana será a divulgação dos dados de empregos nos Estados Unidos. Os números mais fortes deste indicador podem elevar as apostas de que o Fed irá aumentar os juros já em março”. 
Enquanto o mercado aguarda um aumento da Selic (taxa básica de juros), a tensão política interna volta à pauta: “As trocas de farpas entre os presidenciáveis durante o final de semana podem gerar algum desconforto no mercado local”, avalia Quartaroli. 
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda nesta segunda-feira (31), às vésperas da decisão do Copom. 
O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 12,255% de 12,225% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 11,755%, de 11,785%, o DI para janeiro de 2025 ia a 11,270%, de 11,320% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,220% de 11,285%, na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar com vencimento para janeiro operava em queda, cotado a R$ 5,30 para venda. 
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo positivo, com o Nasdaq subindo 3,41%, ao passo que os investidores buscaram algumas das ações de tecnologia que tiveram grandes perdas durante todo o mês de janeiro. 
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices futuros de ações 
dos Estados Unidos após o fechamento:
          Dow Jones: +1,17%, 35.131,86 pontos
          Nasdaq 100: +3,41%, 14.239,9 pontos
          S&P 500: +1,88%, 4.515,54 pontos