São Paulo – A Bolsa fechou em alta impulsionada pelas ações da Petrobras, Vale e setor financeiro e com o bom desempenho das bolsas em Nova York, após a derrocada da véspera com o resultado frustrante da Meta, controladora do Facebook. Na semana, o Ibovespa encerrou com ganho de 0,30%.
A recuperação do Ibovespa se deu na segunda metade do pregão. Na parte da manhã, a Bolsa foi pressionada pelo dado do mercado de trabalho dos Estados Unidos acima do esperado com a criação de 467 mil vagas em janeiro enquanto o mercado previa 58 mil novos postos e o ganho salarial médio subiu 0,73% em base mensal, ante estimativa de 0,50%. O payroll mais forte fortalece o banco central norte-americano a aumentar a taxa de juros de forma mais intensa.
O principal índice da B3 subiu 0,49%, aos 112.244,94 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em fevereiro perdeu 0,01%, aos 112.400 pontos. O giro financeiro foi de R$ 25,8 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam mistos.
Com a alta do petróleo no mercado internacional, as ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) e da Petrorio (PRIO3) foram beneficiadas e subiram nessa ordem 1,78% e 1,74% e 7,34%. A valorização da Vale (VALE), avançou 2,60% mostra uma antecipação da alta do minério de ferro para a próxima semana. Com o feriado do Ano Novo Lunar na China, não teve cotação da commodity. As empresas de varejo continuam em movimento de realização. As ações do Itaú (ITUB4) aumentaram 0,31%. Os papéis do Bradesco (BBDC3 e BBDC4) registraram ganho de 0,21% e 0,65%.
Alexsandro Nishimura, head de conteúdo e sócio da BRA, afirmou as blue chips dos setores bancários e commodities, “sustentam a alta do Ibovespa, interrompendo a sequência de quedas após duas sessões negativas e também com a melhora do desempenho em Nova York”.
Segundo um analista de uma grande corretora, que não quis se identificar, comentou que a Bolsa está em um movimento firme com a entrada de fluxo estrangeiro fazendo a diferença “o capital externo está claro para onde está indo -commodities e bancos”. No mês passado a entrada foi mais intensa. Nos dois primeiros dias de fevereiro entraram na B3 R$ 2,618 bilhões.
Ele também acrescentou que o mercado está de olho em empresas com bons fundamentos-preço da ação/lucro por ação (P/L), rendimento e caixa. As empresas como Vale tem PL de 4.06; Petrobras 3.10 (P/L) e Itaú 9.5 (P/L), enquanto da Via 716(P/L) e Magazine Luiza 61.45 (P/L).
Ricardo Leite, head de renda variável da Diagrama Investimentos, comentou a Bolsa foi impactada os dados robustos do mercado de trabalho nos Estados Unidos “deve dar mais conforto para o Fed seguir com a política mais contracionista. Já é consenso que em março deva subir juros e são esperadas cinco elevações este ano”.
Com a taxa de juros mais altas existe uma pressão nas ações de crescimento do setor de tecnologia. Leite destacou que o payroll “acabou apagando um pouco o efeito da decisão do Copom com a redução, ontem, do trecho de curto prazo da curva de juros e agora teve uma pequena mudança pra cima”.
O head de renda variável da Diagrama Investimentos acredita em uma recuperação do Ibovespa na sessão de hoje e pode fechar na estabilidade, principalmente, se “os bancos engrenarem”.
O dólar fechou em R$ 5,3240, com alta de 0,54%. O driver do dia foram os resultados expressivos do payroll, um dos principais termômetros do emprego nos Estados Unidos, que além de apontarem uma recuperação econômica, também aumentam as expectativas para o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) anunciar o início do aumento dos juros na próxima reunião, em março.
Segundo o economista-chefe do Banco Alfa, Luis Otavio Leal, “hoje ocorre um movimento global de fortalecimento do dólar. Na comparação com os pares emergentes, o real performa bem. O fluxo estrangeiro aqui continua sólido”.
Leal acredita que existem três pontos nevrálgicos que podem influenciar a tomada de decisão do Fed: “Antes do encontro, ainda serão divulgados dois CPI (índice de preços ao consumidor, na sigla em inglês), além do Humphrey-Hawkins, encontro bienal no qual o presidente do Fed costuma discursar no Senado”, pontua.
Foram criadas 467 mil vagas em janeiro, muito acima das expectativas de 58 mil. Os salários em base anual e mensal subiram 5,67% (previsão de 5,1%) e 0,73% (previsão de 0,5%), respectivamente. A criação de postos de trabalho em dezembro também foi revista, saltando de 199 mil para 510 mil.
De acordo com o economista da Renascença Corretora, Daniel Queiroz, “o payroll veio forte, e acaba impactando tanto no câmbio quanto nos juros. A geração de vagas foi boa, assim como o aumento do salário, mas o principal ponto foram as revisões, como a de dezembro”.
Queiroz acredita que o mercado interpretou de forma positiva: “Isso dá argumentos para o Fed começar o aumento dos juros em março. Já existem pessoas no mercado que já projetam alta de 0,5 ponto percentual (pp), mas acredito em 0,25 pp”, opina.
Para o economista do Banco BV, Carlos Lopes, “todos aguardam o payroll, principalmente o nível dos salários”. O economista explica que isso tem relação de como a inflação está afetando o poder de comprar da população norte-americana, e que os dados tendem a fortalecer o dólar.
Por mais que o real tenha se valorizado nas últimas semanas, Lopes não enxerga fôlego no movimento: “Existe espaço para cair mais, mas acho difícil. O fundamento técnico mostra um real mais fraco ao longo do ano”, projeta.
“Desde o início do ano temos tido bom desempenho do real. Ainda assim, é uma das piores moedas, já que sofreu muito ao longo da pandemia”, contextualiza Lopes.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em alta nesta sexta-feira (4), após payroll positivo e expectativa por FED mais agressivo nos EUA.
O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 11,980% de 11,910% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 11,470%, de 11,315%, o DI para janeiro de 2025 ia a 11,085%, de 10,880% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,240% de 10,965%, na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar com vencimento para janeiro operava em alta, cotado a R$ 5,3250 para venda.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo misto, com o Nasdaq subindo 1,58%, na melhor semana do ano para as bolsas, com os investidores ainda repercutindo os bons balanços trimestrais das empresas de tecnologia.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices futuros de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: -0,06%, 35.089,74 pontos
Nasdaq 100: +1,58%, 14.098,0 pontos
S&P 500: +0,51%, 4.500,53 pontos