Bolsa fecha em alta favorecida por commodities e juros nos EUA; dólar recua

475

São Paulo – A Bolsa fechou em alta de 1,79% em um dia de pregão mais curto, por aqui, com a volta do feriado do carnaval e as ações que ajudaram esse movimento positivo foram as commodities, principalmente as de peso no índice como Petrobras e Vale, que juntas representam mais de 20% da carteira teórica do Ibovespa. Com o conflito no leste europeu, o preço das commodities avançam. 
Outro fator que favorece o bom desempenho do índice foi o discurso do presidente do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano), Jerome Powell, no comitê de Serviços Financeiros da Câmara de Representantes dos Estados Unidos apoiando um aumento de 0,25 ponto porcentual (pp) na taxa de juros na próxima reunião do colegiado, dias 15 e 16. Hoje os juros norte-americanos estão entre zero e 0,25% ao ano (aa). 
O principal índice da B3 subiu 1,79%, aos 115.173,61 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em abril avançou 2,00%, aos 116.545 pontos. O giro financeiro foi de R$ 28 bilhões. Em Nova York, as bolsas registraram forte alta. 
As ações da Vale (VALE3) e CSN (CSNA3) subiram respectivamente 7,98% e 8,08%. Os papéis das petrolíferas aumentaram com a valorização do petróleo no mercado internacional.  Petrobras (PETR3 e PETR4) avançaram 3,16% e 1,97%. 3R Petrolium (RRRP3) e Petrorio (PRIO3) registraram ganho de 12,92% e 9,02%. 
Em contrapartida, os papéis do setor financeiro caíram em bloco. Itaú (ITUB4) e do Bradesco (BBDC3 e BBDC4) perderam respectivamente 1,65%; 0,82% e 1,03%, com a preocupação da expulsão de alguns bancos russos do sistema de pagamentos global Swift. 
Fabricio Gonçalvez, Ceo da Box Asset Management, afirmou que a Bolsa avança puxada commodities, como Vale e Petrobras, e ” essa alta é impulsionada por Rússia e Ucrânia que prometem ter nova rodada de negociações entre hoje e amanhã e por falas do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, que acredita ser apropriado elevar os juros nos Estados Unidos para 25 pontos-base e cogita uma série de aumentos para conter a inflação”. 
Além da valorização de empresas ligadas a petróleo e materiais básicos, as “varejistas dão uma dose de reforço para aumento”. As ações das Americanas AS (AMER3) subiram mais de 6% e Magazine Luiza (MGLU 3) tiveram elevação de 4,99%. 
José Costa Gonçalves, analista da Codepe Corretora, disse que as ações da Vale (VALE3) estão subindo quase 6% na pré-abertura “devem ditar os negócios na abertura da B3”. O mercado ficará de olho no conflito no leste europeu, mas a atenção é para ver se “os juros norte-americanos subirão 0,25 ponto porcentual (pp) ou 0,50 pp na reunião de março”. Hoje o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse que os juros devem subir este mês. 
O dólar fechou em R$ 5,1080, com queda de 0,91%. Após abrir a sessão em alta, a moeda foi impactada pelo discurso duro do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, que manifestou a intenção de aumentar em 0,25 ponto percentual a taxa básica de juros, além da alta global das commodities, mantendo o intenso fluxo estrangeiro na bolsa. 
De acordo com a equipe da Ouro Preto investimentos, “o discurso do Powell foi considerado hawkish (duro), o que, aliado à alta das commodities, beneficia os emergentes, em especial o Brasil, neste primeiro momento”. 
A Ouro Preto também destaca que a China também deve impactar este cenário: “A China quer voltar a crescer, o que vai demandar uma grande quantidade de minério de ferro, beneficiando a nossa economia”, pontua. 
Para o economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa, “por mais que o real esteja caindo, ele performa melhor que seus pares emergentes. A alta das commodities ameniza o impacto do dólar sobre o real. Eu não duvido que o dia termine no zero a zero”. 
Rosa também acredita que as declarações de Powell foram positivas para o mercado doméstico, que ainda demonstra um forte fluxo estrangeiro: “A pressão inflacionária é global, mas como nossa bolsa e moeda são de commodities, isso alivia”, analisa. 
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em alta nesta Quarta-Feira de Cinzas (2) com conflito geopolítico no radar. 
O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 12,620% de 12,475% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 12,155%, de 11,975%, o DI para janeiro de 2025 ia a 11,535%, de 11,425% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,410% de 11,315%, na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar com vencimento para janeiro operava em queda, cotado a R$ 5,1100 para venda. 
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam em alta acima de 1%, refletindo o aumento dos preços do petróleo após as maciças sanções aplicadas à Rússia pelo Ocidente em consequência da escalada da invasão à Ucrânia. 
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento: 
Dow Jones: +1,79%, 33.891,35 pontos
 Nasdaq 100: +1,62%, 13.752,0 pontos
 S&P 500: +1,86%, 4.386,54 pontos