São Paulo – O BTG Pactual avalia que, caso a Petrobras pudesse executar sua política de preços de paridade à importação normalmente, resultaria em um ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) anual de US$ 83 bilhões e, com base em sua
política de dividendos, daria recursos ao governo para subsidiar 61% dos preços dos combustíveis.
“Isso também daria ao governo um valor estimado de R$ 45 bilhões (US$ 9 bilhões) em dividendos este ano, que juntamente com a receita estimada de R$ 30 bilhões de pagamentos de ‘participações especiais’ permitiriam ao próprio governo subsidiar uma grande parte (61%) dos preços dos combustíveis, se assim o desejar”, disseram os analistas do banco, em relatório.
A análise também estima o custo de um possível subsídio aos preços dos combustíveis pelo governo. “Estimamos que a Petrobras esteja vendendo diesel e gasolina com descontos respectivos de R$ 1.510/m3 e R$ 1.350/m3 para o PPI, respectivamente. Ao evitar novos ajustes de preços com base no mercado atual, os preços exigiriam um desembolso anual pelo governo de R$ 83 bilhões para diesel e R$ 39 bilhões para gasolina, ou seja, R$ 122 bilhões no total”, aponta o relatório.
Os especialistas destacam que qualquer medida que seja tomada terá que ser aprovada pelo Conselho de Administração da estatal e que, segundo o estatuto da Petrobras, os membros do Conselho de Administração e da Diretoria “responderão, nos termos do artigo 158 da Lei das Sociedades por Ações, solidariamente e conjuntamente, por suas ações e pelos prejuízos daí decorrentes para a empresa”. “Qualquer medida que force a Petrobras a incorrer deliberadamente em perdas relativas ao curso normal de seu negócio, exigirá
um ressarcimento”, reforçam.
Na visão dos analistas, a possível interferência do governo na política de preços dos combustíveis da Petrobras não será o suficiente para deixar a estatal em situação ruim financeiramente, mas impacta negativamente na avaliação da empresa, reforça a visão de que os múltiplos são baratos e que devem permanecer assim com o ruído político sobre a política de preços de combustível e preocupações estruturais sobre sua alocação de capital a longo prazo.
“Os fundamentos micro e macro sólidos também não devem ser totalmente refletido no preço das ações da Petrobras, e as ações continuarão sendo negociadas com desconto em relação aos pares. Sim, os dividendos oferecem alguma proteção em 2022 (pelo menos por mais alguns trimestres), mas ainda preferem surfar no momento do preço do petróleo por meio de outros nomes juniores em nosso universo de cobertura”, comentam os analistas ao reiterar a recomendação neutra para os papéis.
A corretora estima que, embora a Petrobras esteja vendendo diesel e gasolina com descontos de 34% e 32%, acima da média de 20% entre 2011 e 2014, e possa deixar de ganhar US$ 16 bilhões em ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) com um desconto de 30% em sua política de paridade de importação (PPI), isso verá ser compensado com o desempenho em upstream e menor desalavancagem.
Para o BTG Pactual, a estimativa de EBITDA para 2022 é de US$ 53 bilhões, com valor do Brent a US$ 87/bbl e um desconto de 10% no preço do combustível para IPP. Caso o desconto cresça para 30% em 2022 e com um Brent médio de US$ 123/bbl, o EBITDA da companhia ainda seria positivo em US$ 67 bilhões, ou um consolidado líquido ganho de US$ 14 bilhões.