Bolsa fecha em queda de 1,59% pressionada por commodities, dólar avança

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São Paulo- A Bolsa fechou em forte queda de 1,59% em um dia de baixa liquidez e em que as empresas ligadas ao minério de ferro e petróleo pressionaram o índice. Na China, a queda da matéria-prima e o avanço da covid preocuparam os investidores. O recuo do petróleo se dá em meio ao monitoramento do mercado em relação ao conflito entre Rússia e Ucrânia e, hoje, os países não chegaram a um acordo, fizeram uma pausa “técnica” e retomarão as negociações amanhã (15). Os ataques nos arredores de Kiev, capital ucraniana, não cessam.
No campo corporativo, os investidores aguardam o balanço de Magazine Luiza (MGLU3) após o encerramento do mercado. As ações da empresa fecharam em queda de 6,32%. A semana deve ser pesada em relação decisão à política monetária no Brasil e nos Estados Unidos com um cenário de inflação alta.
O principal índice da B3 caiu 1,59%, aos 109.927,62 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em abril perdeu 1,83%, aos 110. 825 pontos. O giro financeiro foi de R$ 24,1 bilhões. O índice perdeu mais de 2,3 mil pontos na sessão de hoje.
As ações da Vale (VALE3), Usiminas (USIM5) e CSN (CSN3) caíram respectivamente 5,36%, 5,22% e 5,83%. Os papéis da Petrobras (PETR3 e PETR4) perderam 1,26% e 1,90% e Petrorio (PRIO3) desvalorizou 5,41%. No campo positivo, o setor financeiro subiu em bloco, com destaque para Santander (SANB11) e Itaú (ITUB4) que registraram ganho de 4,36% e 1,40%.
Idean Alves, sócio e chefe de mesa de operações da Ação Brasil Investimentos, comentou que os investidores acompanham os desdobramentos do conflito entre Rússia e Ucrânia e “o retardamento dele afeta o preço das commodities como o petróleo”. Como o mercado doméstico é diretamente ligado às commodities, afeta a Bolsa.
Alves também comentou que o aumento do número de pessoas com coronavírus na China segue no radar do mercado. “O país vem adotando de forma draconiana a política da ‘covid zero’, implantando restrições extremas na menor possibilidade do avanço de casos, podendo impactar novamente a cadeia de produção do lado da oferta, bem como colaborar para a desaceleração da economia chinesa e global”.
Pedro Galdi, analista da Mirae Asset, comentou que apesar de a Bolsa abrir em alta, perdeu força e passou a cair puxada por commodities. “A Petrobras e Vale têm peso grande e inibe o índice. As commodities subiram muito forte por causa da guerra na Ucrânia e estão devolvendo”.
Galdi afirmou que a “volatilidade é a bola da vez e tudo pode virar mais tarde dependendo do fluxo de notícias com um eventual acordo entre Rússia e Ucrânia ajudando a nossa Bolsa por causa da grande exposição de commodities no índice”.
Outro ponto de atenção é a covid na China. “Ela é preocupante porque novas cepas poderão surgir, mas é prematuro dizer que isso vai varrer o mundo de novo”.
O dólar fechou em alta de 1,30%, cotado a R$ 5,1190. Após apresentar volatilidade durante a manhã, a moeda ganhou força devido à queda global das commodities e o novo avanço da variante Ômicron na China, que acarretou um novo lockdown e colocou em dúvida a retomada econômica chinesa.
Segundo o head de análise macroeconômica da GreenBay Investimentos, Flávio Serrano, “as preocupações com o novo lockdown na China, causado pela Ômicron, geram dúvidas sobre o crescimento chinês, o que afeta o preço das commodities e preocupa a retomada econômica global”.
Serrano ainda considera a situação geopolítica nebulosa, mas a falta de novidades sobre o conflito na Ucrânia não afetam o câmbio de modo significativo.
De acordo com o economista-chefe do Banco Alfa, Luis Otavio Leal, “estamos em risk-on devido aos possíveis avanços, com as emergentes se valorizando e o petróleo caindo”.
Leal, contudo, reforça que o cenário ainda é frágil: “Se não houver um avanço nas negociações, ou surja alguma declaração belicosa, tudo irá voltar a piorar”, alerta.
Para a economista e estrategista de câmbio do Banco Ourinvest, Cristiane Quartaroli, “embora o final de semana tenha sido marcado por ataques mais agressivos, a expectativa é de alguma negociação ao longo da semana, e com isso os mercados lá fora estão com mais apetite ao risco, embora o ambiente ainda seja de incertezas”.
Quartaroli acredita que tanto o Brasil quanto os Estados Unidos devem subir os juros nesta semana: “O diferencial de juros ainda é positivo e tem contribuído para o comportamento mais positivo da nossa moeda”, analisa.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em alta nesta segunda-feira (14), em sessão bastante volátil, com risco inflacionário no radar.
O DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 13,275% de 13,115% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 13,210%, de 12,975%, o DI para janeiro de 2025 ia a 12,680%, de 12,415% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 12,500% de 12,220%, na mesma comparação.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam em queda, com a Nasdaq perdendo 2,04%, à medida que os investidores aguardam a reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de amanhã e avaliam as negociações em andamento entre a Rússia e a Ucrânia.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: +0,00%, 32.945,24 pontos
Nasdaq 100: -2,04%, 12.581,2 pontos
S&P 500: -0,74%, 4.173,11 pontos