Magazine Luiza vai distribuir R$ 100 milhões em dividendos; ação despenca

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São Paulo – O conselho de administração da Magazine Luiza aprovou, por unanimidade, a destinação do lucro líquido de R$ 590 milhões, referente ao exercício de 2021, divulgados no início da noite de ontem, por meio da distribuição de R$ 100 milhões em dividendos, o que corresponde a 16,93% do resultado e superior ao percentual mínimo obrigatório de 15%.
AÇÃO RECUA
A ação da Magazine Luiza foi a maior queda do Ibovespa nesta terça-feira após recepção negativa dos resultados do quarto trimestre e de 2021 da varejista, que vieram fracos, o que já era esperado pelos analistas. Em meio a preocupações com o ambiente macro de inflação e juros, por volta das 11h23 (horário de Brasília), o papel recuava quase 9%, a R$ 4,87%. No fim do pregão, a ação fechou com perda de 8,44%.
O Bank of America (BofA) reiterou a recomendação de compra da ação e preço-alvo de R$ 20,00 da ação da Magazine Luiza por boas perspectivas de longo prazo e uma visão positiva em relação à gestão da companhia apesar de um cenário macroeconômico desfavorável para o setor de varejo.
“Continuamos percebendo que a Magazine Luiza tem uma plataforma atraente, sustentável e diferenciada, e mantemos nosso rating de compra das ações”, escreveram os analistas Melissa Byun, Vinicius Pretto, Guilherme Vilela e Robert E. Ford Aguilar, em relatório.
Embora avaliem que a erosão dos salários e o aumento das taxas de juros deverão estender um ambiente desafiador para a demanda das categorias discricionárias da varejista, eles esperam que rescisões, encerramentos de contratos e outros encargos do quarto trimestre de 2021 devem ajudar a companhia a retornar sua estrutura de custos aos níveis históricos nos próximos meses.
“Espera-se também que os avanços nas despesas coincidam com a integração de muitas aquisições da Magazine Luiza à medida que a companhia avança para ampliar sua plataforma e criar externalidades de rede mais poderosas. Os ativos adquiridos estão fornecendo conteúdo e novas verticais de comércio eletrônico, melhorando a conversão, adicionando funcionalidade, reforçando a segurança da rede, acelerando o desenvolvimento de fintech, aprimorando a entrega e criando novas oportunidades de publicidade”, comentam.
Outros avanços esperados são uma melhora da conversão de vendedores com atendimento simultâneo que deve impulsionar a visibilidade do estoque distribuído.
Os analistas do BTG Pactual mantiveram a recomendação de compra para a ação, com preço-alvo de R$ 16,00, mesmo considerando que os resultados do quarto trimestre vieram fracos, como já era esperado, e disseram que ainda esperam que a ação da companhia siga pressionada nos próximos meses, apesar da grande liquidação recente (o papel MGLU3 caiu -78% nos últimos meses), fortemente impactada por uma perspectiva mais dura e sujeita a riscos negativos para suas estimativas.
Eles consideram que o comércio eletrônico continua sendo uma opção de investimento positiva, mas com muito mais ruídos no curto prazo que impactam a ação da Magazine Luiza, como o debate global sobre a inflação, o aumento das taxas de juros (agora ainda mais pronunciado), com efeito sobre o custo de capital próprio. “No Brasil três preocupações principais pesaram no desempenho das ações,
e devem persistir no curto prazo: a desaceleração no comércio eletrônico local, principalmente para eletrônicos e 1P, concorrência entre empresas nacionais e internacionais (mais descontos, subsídios e CAC crescente) e preocupações com margens sustentáveis para players de comércio eletrônico, dada a perspectiva competitiva à frente.”
Os analistas do BTG também veem o desenvolvimento do mercado da companhia em termos de sortimento e níveis de serviço como chave para as margens da empresa e o crescimento da receita nos próximos trimestres, em meio a perspectivas mais competitivas no setor de comércio eletrônico local.
O Itaú BBA também manteve a classificação da companhia em “outperform” (equivalente à compra) com preço-alvo de R$ 12,00, destacando que os ventos macro contrários e uma base de comparação difícil levaram a um trimestre fraco para o Magazine Luiza, o que já era esperado. “Embora o faturamento tenha ficado em linha com nossa estimativa, a divisão B&M apresentou um desempenho surpreendentemente fraco, parcialmente compensado por uma melhor operação digital. A lucratividade ficou abaixo das nossas expectativas, com maiores despesas de SG&A e uma contração de 260 pb na margem EBITDA ano contra ano. Por fim, a empresa reportou algumas despesas pontuais relacionadas a um reajuste na operação de B&M que não estava no nosso radar”, comentaram.
Já o Bradesco BBI reiterou o rating neutro, mas cortou o preço-alvo para R$ 9,00 (de R$ 11), devido a revisões para baixo em suas estimativas que consideram maiores encargos financeiros e capital de giro menos favorável, após resultados do 4T21 muito abaixo do esperado, com ebitda mais 20% abaixo do consenso e de suas análises, com queda de mais e 50% em base anual.
“Olhando para frente para 2022, nós esperamos perda líquida considerável como resultado da taxa Selic mais alta e um nível mais alto de dívida bruta, o que poderia potencialmente arrastar perdas também para 2023”, comentaram os analistas, em relatório.
Dito isso, eles avaliam que a Magalu fez um progresso estratégico com R$ 5 bilhões de GMV na categoria Moda & Sportswear, equivalente a 10-15% do GMV de e-commerce, enquanto as verticais de Beleza, Mercearia e Entrega de Alimentos também cresceram. “Os pedidos de marketplace que são tratados pelo Magalu estão tendo um aumento de 50% na conversão à medida que os prazos de entrega melhoram, e 30% do 3P GMV agora está sendo entregue em 48 horas. Esperamos que este seja o foco principal da empresa em 2022, pois as categorias legadas (1P e Lojas principalmente) permanecem fracas, pelo menos no primeiro semestre do ano.”
“Apesar do progresso estratégico que foi feito até 2021, acreditamos que o mercado provavelmente se preocupará com as margens. A questão não é necessariamente a pressão no curto prazo, dado o forte balanço da empresa, mas até que ponto as margens se recuperarão nos próximos dois anos e onde devem se estabelecer no longo prazo. Esse debate vem ocorrendo há algum tempo, mas a incerteza aumenta quando os resultados mostram mais pressão de margem do que o esperado e achamos que isso deve pesar negativamente nas ações”, finalizaram.
Atualiza nota às 17h58 com dados do fechamento do pregão e de relatório do Bank of America.