A Bolsa fechou em alta de 0,96% com exterior e bancos; dólar cai e fica mais um dia abaixo dos R$ 5

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São Paulo- A Bolsa fechou em alta pelo quinto dia consecutivo, renovando a máxima de fechamento do ano, aos 117.272,44 pontos, acompanhando o bom humor no exterior e ajudado pelo setor financeiro em um dia de ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC). A autoridade monetária reforçou que estima elevar a taxa de juros (Selic) em 1 ponto porcentual (pp) no próximo encontro em maio.
O fluxo estrangeiro segue forte na B3. Na última sexta-feira entraram R$4,256 bilhões de capital externo.
O principal índice da B3 subiu 0,96%, aos 117.272,44 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em abril aumentou 0,83%, aos 118.155 pontos. O giro financeiro foi de R$ 27,9 bilhões. As bolsas em Nova York subiram.
As ações do Itaú (ITUB4) e Bradesco (BBDC3 e BBDC4) subiram 1,37%; 1,23% 1,24%. As ações da Vale (VALE3) chegaram a liderar a queda na B3 e fecharam no negativo de 2,23% com o recuo do minério de ferro no mercado internacional e as siderúrgicas foram impactadas pela interrupção da produção na China.
Alexsandro Nishimura, head de conteúdo e sócio da BRA, afirmou que a Bolsa sobe com as instituições financeiras na liderança e em linha com as bolsas globais.” O setor bancário se apoiou na alta de juros futuros e pelo fluxo de entrada de capital estrangeiro na B3″.
Em relação ao Copom, Nishimura disse que a leitura sobre a ata teve diferentes interpretações. “Inicialmente entenderam mais dovish, mas ao longo da sessão observaram que a autoridade monetária deixou em aberto a possibilidade de maior elevação de juros e alguns players revisaram suas perspectivas para até 13,75%”.
Rodrigo Natali, diretor de estratégia da Inversa Publicações, disse que o Ibovespa está acompanhando o movimento no exterior e o capital externo continua ingressando na B3. “O que estamos vendo aqui é 90% por causa do exterior e 10% pelas questões domésticas. O movimento não é sustentável e é hora de manter cautela”, advertiu.
Natali comentou que os investidores procuraram pelas exportadoras como única forma de hedge para cenários adversos. “Com os juros indicando que vão subir para 13%, ainda tem uma parte da Bolsa que vai sofrer muito”.
O dólar comercial fechou R$ 4,9140, com queda 0,60%. A moeda norte-americana operou em baixa durante toda a sessão, impactada alta global das commodities e intenso fluxo estrangeiro na bolsa.
Segundo o head de análise macroeconômica da GreenBay Investimentos, Flávio Serrano, “existe uma busca por proteção à inflação no mundo”. Esta proteção se traduz na alta dos preços das commodities, explica Serrano, que observa um ganho expressivo das emergentes ante o dólar.
Por outro lado, Serrano acredita que o mercado já precifica um aumento mais agressivo na próxima reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), em maio: “Os dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) têm preparado o mercado para um aumento de 0,5%, que também deve se repetir na reunião seguinte”, projeta.
De acordo com head de tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, “a inércia no câmbio está boa, o dólar está rumo aos R$ 4,70. Quase metade da valorização do real no ano ocorreu nos últimos cinco dias”.
Weigt, contudo, acredita que este é um cenário de difícil sustentação: “É um dinheiro de curto prazo, especulativo. Temos que lembrar que ninguém sabe se outros países irão se envolver na guerra, e o mercado está muito leniente com isso”, observa.
Para o economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa, “o driver hoje continua sendo o fluxo, mantendo o dólar em baixa. O movimento deve seguir o que ocorreu ontem”. A Selic (taxa básica de juros) elevada, salienta o economista, também influencia positivamente o real.
Mesmo com a falta de resolução para o conflito na Ucrânia, Rosa acredita que, por ora, isso foi absorvido pelos mercados: “O ambiente não é de aversão ao risco”, opina.
As taxas curtas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em leve alta após ata do Copom.
O DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 12,930% de 12,925% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 12,620%, de 12,675%, o DI para janeiro de 2025 ia a 12,065%, de 12,210% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,865% de 11,975%, na mesma comparação.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em alta, à medida que os investidores ficaram mais otimistas após avaliarem os últimos comentários sobre a aceleração do aumento de taxas básicas de juros do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: +0,74%, 34.807,46 pontos
Nasdaq 100: +1,95%, 14.108,8 pontos
S&P 500: +1,13%, 4.511,61 pontos