Bolsa fecha em leve alta sustentada por Petrobras, oposto a Wall Street; dólar tem forte queda

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São Paulo- Em um dia de baixa liquidez, a Bolsa fechou em ligeira alta com as ações da Petrobras, uma das mais negociadas, segurando o índice como resultado da entrada de capital estrangeiro, em movimento oposto às bolsas em Wall Street. As varejistas também ajudaram o Ibovespa.
No call de fechamento, o banco canadense Scotiabank vendeu 30 milhões de ações de Magazine Luiza (MGLU3) a R$ 6 e o Morgan Stanley comprou a mesma quantidade dos papéis da varejista no valor de R$ 6. As ações de Magazine Luiza (MGLU3) fecharam em alta de 3,27%.
O principal índice da B3 subiu 0,15%, aos 117.457,34 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em abril caiu 0,14%, aos 118.055 pontos. A máxima no interdiário atingiu 118.269,79 pontos. O giro financeiro foi de R$ 26,4 bilhões. Em Nova York, as bolsas operavam em baixa.
As empresas do varejo lideraram as altas do Ibovespa, Grupo Soma (SOMA3) e Lojas Renner (LREN3) subiram 7,14% e 5,57%.
Os papéis da Petrobras (PETR3 PETR4), 3R Petrolium (RRRP3) avançaram respectivamente 0,96% e 1,35%; 2,95%. Petrorio (PRIO3) aumentava 2,93%. As ações da Vale (VALE3) tiveram volatilidade e fecharam em queda de 0,21%.
Idean Alves, sócio e chefe de mesa de operações da Ação Brasil Investimentos, comentou que as ações da Petrobras, varejo e tecnologia têm alavancado a Bolsa em detrimento dos bancos. “Os setores de varejo e tecnologia estavam descontados, agora estão recebendo uma forte oferta, elevando seus preços e puxando a Bolsa. Pelo visto a ‘promoção’ estava tão grande que o gringo resolveu aproveitar para encher o carrinho”.
José Costa Gonçalves, analista da Codepe Corretora, afirmou que perdeu um pouco o fôlego, mas “está claro que o fluxo estrangeiro segue forte e a Petrobras e Vale seguram o índice”.
Nicolas Farto, especialista de renda variável da Renova Invest, disse que o driver principal para a o avanço do Ibovespa são os papéis correlacionados com as commodities, Petrobras e Vale que estão puxando o índice, e o fluxo estrangeiro.
“O Brasil é a bola da vez porque tem saída de um país emergente importante do tabuleiro, a Rússia, e os investidores acabam buscando o que está com um carrego mais interessante. Os juros do Brasil estão fazendo o olho do investidor estrangeiro brilhar [Selic a 11,75% ao ano] e a entrada de fluxo deve continuar à medida que a taxa de juros americana tiver muito longe da nossa e com as commodities em alta esse ingresso ainda vai se manter”.
Farto também comentou que as falas dos presidentes dos bancos centrais do Brasil e dos Estados Unidos também estão no radar do mercado. ” Campos Neto [presidente do banco Central, Roberto Campos Neto] deve discursar na mesma linha do evento na Fiesp mais cedo, que “está atento à inflação e todo mundo está ancorado nessa expectativa de que a inflação atinja o pico em abril e maio, depois devemos ver esse número recuar”. Ele acrescentou que se o petróleo continuar subindo, tudo pode mudar. Na sexta-feira, a leitura importante do IPCA-15 deve ir ditando o ritmo.
O dólar comercial fechou em R$4,843, com perda de 1,44%. A moeda foi pressionada pelo forte ingresso de recursos externos, resultado da alta das commodities, e pelo sentimento do mercado de que as incertezas fiscais estão diminuindo.
De acordo com o sócio da Levante Investimentos, Enrico Cozzolino, “o dólar faz mais sentido em R$ 4,80, baseado nos fundamentos técnicos. A redução do déficit primário e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), rejeitando a redução das alíquotas de combustíveis, também contribuem com este cenário”.
Segundo o economista da Guide Investimentos, Victor Beyruti, a fala do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, na cúpula de inovação do Banco de Compensações Internacionais (Bank of International Settlements, BIS), ajudou a fazer preço.
O fluxo de recursos externos também tem origem nas altas taxas de juros brasileiras. Ontem, a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) sinalizou que a Selic poderá fechar o ano ainda mais alta do que o previsto pela maioria do mercado.
Mas o ponto fundamental para a sustentação do real é mesmo a alta das commodities. O petróleo subiu mais de 5% ontem, sustentando também o desempenho de importantes produtos da pauta de exportação brasileira. Com a perspectiva de queda no retrovisor, o mercado está vendedor e ajuda a determinar a queda do dólar frente ao real.
O mercado também avalia a possibilidade do governo americano anunciar novas sanções contra a Rússia. Com isso, a perspectiva é de que as commodities subam ainda mais.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam de lado com o mercado ainda digerindo a ata do Copom.
O DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 12,975% de 12,930% % no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 12,640%, de 12,630%, o DI para janeiro de 2025 ia a 12,065%, de 12,065% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,855% de 11,865%, na mesma comparação.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo negativo numa semana em que as altas consecutivas nos preços do petróleo voltam a pressionar ainda mais a inflação já elevada nos Estados Unidos.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: -1,29%, 34.358,50 pontos
Nasdaq 100: -1,32%, 13.922,6 pontos
S&P 500: -1,22%, 4.456,24 pontos