São Paulo – A Oi, em recuperação judicial, vai divulgar seus resultados de 2021 na próxima terça-feira (29/3) após o fechamento do mercado, e a expectativa é grande diante dos acontecimentos que envolveram a companhia no ano passado, entre eles, a compra dos seus ativos móveis pelas operadoras Tim, Claro e Telefônica Brasil (dona da marca Vivo), aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em fevereiro.
Para o BTG Pactual, o ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) deve fechar em R$ 1,4 bilhão, com margem de 32%, praticamente em linha com o trimestre anterior (-0,3p.p.), e que a empresa está conseguindo cortar custos e protegendo suas margens de uma queda maior devido ao aumento na inflação.
Os analistas do BTG esperam queda de 5,7% na receita líquida no quarto trimestre de 2021, em base de comparação anual, ficando quase no mesmo patamar da registrada no último trimestre, com as receitas das operações contínuas e descontinuadas caindo 4,3% e 7,0% a/a, respectivamente. As receitas B2B também devem cair, mas muito menos do que nos últimos trimestres (-3,2% a/a vs. -12,2% em média nos últimos três trimestres), mantendo-se no mesmo patamar do terceiro trimestre de 2021.
“Embora o principal entrave nas receitas sejam as operações descontinuadas, esperamos uma boa recuperação em relação ao trimestre anterior, principalmente devido a um melhor desempenho no segmento móvel (principalmente pré-pago e planos “Controle”)”, destacaram os analistas da corretora.
Outro ponto importante é a queda nas adições líquidas de receitas residenciais da companhia, que vem diminuindo nos últimos três meses. Apesar disso, os analistas esperam que a companhia volte a ter um média de 80 mil por mês no segundo semestre de 2022, ainda longe do patamar visto no pico da pandemia, quando a demanda por internet de qualidade era extremamente alta.
Apesar da queda das receitas residenciais por conta do cenário econômico atual mais desafiador, a análise acredita que o segmento de fibra deve ter um retorno robusto sobre o capital investido e deve apresentar forte crescimento nos próximos anos, reflexo do aumento da oferta da banda larga no país, da migração de tecnologias legadas para fibra e a consolidação de um mercado fragmentado.
Em relação à dívida, os analistas acreditam “que a dívida externa da Oi deve ser levemente impactada pela desvalorização de 2,4% do real frente ao dólar no último trimestre de 2021. Além disso, como a Oi usa o valor justo de sua dívida no balanço e a cada trimestre esses ajustes de valor justo diminuem um pouco, fazendo com que a dívida aumente”, detalhou a análise, que estima que a dívida líquida da Oi pode ter encerrado 2021 em cerca de R$ 32,4 bilhões.
VENDA DE ATIVOS
Por fim, o BTG vê com bons olhos o processo de venda da Oi, que deve ser concluído na primeira quinzena de abril (com a possibilidade de acontecer já em março). As vendas da Oi Móvel e da V.Tal (rede de fibra ótica da Oi) serão concluídas dentro do processo de recuperação judicial.
O juiz responsável por este processo marcou a reunião que deve definir o encerramento da recuperação judicial da Oi para 31 de março.
No plano aprovado pelos credores, a data final foi fixada em 31 de maio. O juiz avançou a data com a condição de que tanto o negócio móvel quanto as transações da V.Tal sejam concluídos. Dessa forma, se as vendas de ativos acabarem não sendo fechadas até o final de março, é esperado que a reunião seja remarcada até o início de maio.