São Paulo – O Bank of America (BofA) manteve a indicação de compra para os papéis da JBS, mas reduzindo o preço-alvo de R$ 70 para R$ 67, para refletir premissas cambiais atualizadas, top line mais forte nos Estados Unidos e margens mais conservadoras da Seara em 2022.
“Revisamos nosso ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) em 2022 em dólares em 7% e, embora implique uma queda de 89% em relação ao ano anterior devido à normalização gradual das margens da carne bovina nos EUA. Acreditamos que a JBS é uma ação defensiva em meio a um ambiente volátil com risco de queda limitado e estimativa de rendimento muito favorável em 2022, com boas possibilidades de retorno aos acionistas. Além disso, a empresa deve continuar crescendo organicamente e inorganicamente, além de aumentar as aquisições feitas em 2021”, comentaram os analistas, em relatório.
A análise lembra que as ações da JBS estão negociando no fundo da faixa histórica de avaliação, de 3,8-6,5 vezes, a 4,2 vezes EV/EBITDA em 2022 e 4,5x em 2023, apesar de ter superado o pico de lucro em 2021 o que é injustificado, pois seus lucros têm sido menos cíclicos devido à sua diversificação geográfica e de produtos e à gestão de passivos, além do fato de que 2021 foi provavelmente o pico da margem de carne bovina dos EUA, então o ebitda se normalizará em um nível mais baixo, o que justificaria a negociação de múltiplos em um nível mais alto do que em 2021.
Outro ponto mencionado para considerar a avaliação descontada é que, ao contrário de outras empresas relacionadas a commodities, a JBS não tem um grande plano de investimentos no futuro que possa pressionar o fluxo de caixa quando os lucros desacelerarem, então o rendimento deve ter chegar a uma média de 15% nas estimativas de 2023 a 2026, assumindo margem ebitda de carne bovina dos EUA em 4,8%.
Por fim, a análise destaca que JBS e Marfrig vêm apontando margens mais fortes de carne bovina nos EUA no primeiro trimestre de 2022 em comparação ao mesmo período do ano passado. Apesar da inflação de custos (gado, grãos, mão de obra), a demanda tem sido muito forte, tanto no mercado interno quanto no mercado externo (principalmente na Ásia).
“As empresas estão monitorando o comportamento do consumidor atingido pelo aumento da inflação, mas destacam que a renda disponível tem sido alta enquanto o consumo em casa continua forte, o que favorece a ingestão de proteínas. As margens cairão em 2022, mas permanecerão acima da média histórica, principalmente para carne bovina”, concluiu o BofA.