São Paulo- A Bolsa teve um comportamento lateral durante toda a sessão de hoje e fechou em queda em um dia em que o petróleo teve forte recuo com o comunicado do presidente dos Estados Unidos, de que vai liberar um milhão de barris por dia de suas reversas nos próximos 6 meses. Apesar da desvalorização da commodity, as ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) fecharam em alta de 0,37% e 1,39%. O Ibovespa registrou alta de 6% no mês e no trimestre valorizou 14,5%.
O principal índice da B3 caiu 0,21%, aos 119.999,23 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em abril perdia 0,32%, aos 120.485 pontos. O giro financeiro foi de R$ 28,2 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam em queda.
Os destaques de alta ficaram para ações da Sabesp (SBSP3), Cielo (CIEL3) e BBSeguridade (BBSE3) subiram 4,29%, 3,69% e 2,85%. Em contrapartida, as maiores baixas foram Americanas SA (AMER3), Meliuz (CASH3), e Petrorio (PRIO3), que caíram 5,85%, 4,80% e 4,43%.
Daniel Miraglia, economista-chefe da Integral Group, disse que a Bolsa teve uma sessão lateralizada e descolou dos emergentes para melhor, incluindo China. “O mercado já ajustou bastante e, no curto prazo, ainda tem fluxo vindo para Brasil. O País é privilegiado por ser um grande produtor de commodities e beneficiado porque tem uma posição histórica de neutralidade quando aumenta a questão geopolítica no mundo”.
Miraglia ressaltou que o Brasil tem alguns desafios relevantes daqui pra frente. “A precificação das eleições começa agora em abril e os juros dos EUA devem subir mais rápido do que se espera criando clima mais desafiador para emergentes”.
Segundo José Costa Gonçalves, comentou que o Ibovespa segue de lado e as bolsas no exterior não influenciam o movimento doméstico. “Tivemos um mês excelente, até o momento alta de mais de 6% em março e de quase 15% no trimestre. Hoje ninguém quer arriscar e isso está claro no baixo volume negociado”. E acrescentou “as ações da Petrobras e Vale continuam dando as cartas”.
Alexandre Brito, sócio da Finacap Investimentos, disse que a Bolsa está de lado na sessão desta quinta-feira e lembrou que passou muitas sessões em alta superando a barreira dos 120 mil pontos. “O movimento de hoje é o anúncio feito pelos Estados Unidos para liberar parte relevante da reserva energética para suprir a demanda por petróleo”.
O sócio da Finacap comentou também sobre a reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados (Opep+), que decidiram aumentar a produção de 432 mil barris por dia (bpd) em maio e o preço do petróleo começa a cair e voltar para o equilíbrio, “um patamar interessante para a Petrobras”.
As ações ligadas às utilities, considerados ativos de segurança da Bolsa, e energia sobem. Eletrobras (ELET3 e ELET 6) avançavam 2,78% e 2,29%. Brito também destacou que o estrangeiro continua sendo o principal comprador na B3, atingindo quase R$ 90 bilhões no ano. “O investidor externo é o principal proxy de commodities”.
Mais cedo foi divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a taxa de desocupação, que caiu para 11,2% no trimestre móvel encerrado em fevereiro, os dados são da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios (Pnad). “A economia está respondendo bem e estamos saindo um pouco dos efeitos da época da pandemia e sentindo o reflexo na inflação devido à guerra por meio das commodities”, disse Brito.
A Petrobras reiterou em documento enviado à Security and Exchange Comission (SEC), similar à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) dos Estados Unidos, informando que o presidente Jair Bolsonaro, como acionista controlador, pode alterar a política de preços da estatal.
O dólar comercial fechou em queda de 0,50%, cotado a 4,7610. Em março, a moeda norte-americana teve desvalorização de 7,64%. O driver desta quinta foi a estagnação nas negociações entre Rússia e Ucrânia, movimento que beneficia o real e demais moedas emergentes.
Segundo o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, “vemos um fluxo estrangeiro à medida que a situação na Ucrânia não mostra solução, que é um acordo que não é fácil”.
Rostagno explica que à medida que o conflito continua, as moedas do leste europeu seguem desvalorizadas devido à proximidade geográfica: “O real tem se beneficiado deste movimento, até mesmo porque nossa relação comercial com a Rússia é pequena, limitando-se a fertilizantes”, observa.
De acordo com a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, “a expectativa é que ocorresse uma valorização do dólar neste último dia do mês, com a formação da Ptax, mas os sinais de que a Rússia não está tão comprometida volta a valorizar as commodities, assim como os juros exercer força”.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda refletindo o preço do petróleo e acompanhando os treasuries norte-americanos, que também fecham.
O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 12,725% de 12,765% % no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 12,055%, de 12,185%, o DI para janeiro de 2025 ia a 11,420%, de 11,485% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,220% de 11,320%, na mesma comparação.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam em queda, com as bolsas encerrando o trimestre com a pior variação para o período desde 2020. Os investidores se concentram na queda dos preços do petróleo, na esperança de que isso promova um alívio na pressão inflacionária.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: -1,56%, 34.678,35 pontos
Nasdaq 100: -1,54%, 14.220,5 pontos
S&P 500: -1,56%, 4.530,41 pontos