Febraban prevê alta de 8,3% da carteira de crédito em 2022

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São Paulo – A Pesquisa Febraban de Economia Bancária e Expectativas aponta que o saldo da carteira total de crédito em 2022 deverá crescer 8,3%, acima do levantamento anterior, feito em fevereiro, que projetava uma expansão de 7,6%. A nova projeção se aproxima da atual estimativa apresentada pelo Banco Central no último Relatório de Inflação, de 8,9%. O crescimento deve ser liderado pela carteira com recursos livres, com expectativa de nova expansão de dois dígitos, chegando a uma alta de 10,8%.
A pesquisa é feita a cada 45 dias, logo após a divulgação da Ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). O atual levantamento reuniu as percepções de 19 bancos, entre 22 e 29 de março, sobre a última ata e as projeções para o desempenho das carteiras de crédito para o ano corrente e o próximo. “A perspectiva é de mais um ano de crescimento importante do crédito, mesmo diante de um cenário macroeconômico mais desfavorável, com arrefecimento da atividade e condições financeiras mais restritivas do que se imaginava”, afirma Isaac Sidney, presidente da Febraban.
“As recentes revisões positivas para a expansão da carteira de crédito em 2022 podem ser atribuídas aos bons números do crédito conhecidos até o momento, ao viés de alta nas projeções da inflação, e, também, ao melhor desempenho esperado da atividade no ano, especialmente após o bom resultado no quarto trimestre de 2021. Mesmo esperando um ano difícil, as expectativas para o crescimento agora parecem um pouco melhores, o que ajuda no crédito”, analisa Rubens Sardenberg, diretor de Economia, Regulação Prudencial e Riscos da Febraban.
Sardenberg destaca que a revisão da carteira com recursos livres foi liderada pela carteira Pessoa Jurídica, que passou de alta de 9,2% para 10,5%, e, em menor grau, da carteira Pessoa Física – de expansão de 9,8% para 10,5%.
Em relação à carteira com recursos direcionados também houve revisão para cima, embora mais modesta, de 5% para 5,3%. Foi a primeira edição em que a pesquisa solicitou as aberturas para Pessoa Física e Pessoa Jurídica nesta modalidade. No caso da carteira Pessoa Física direcionada, a expectativa é de que haja uma expansão de 8,8%. Já para a carteira Pessoa Jurídica direcionada, a estimativa é de estabilidade (+0,2%), resultado ainda afetado pelo término dos programas públicos de crédito e com incerteza da possibilidade de novas rodadas dos programas.
Para 2023, a média das projeções para a expansão da carteira total ficou estável em 6,6%, com a revisão positiva na carteira com recursos livres (de 7,6% para 8,1%), compensada pela revisão negativa da carteira direcionada (de 4,4% para 3,9%).
INADIMPLÊNCIA
A pesquisa também capturou uma revisão para cima na expectativa para a taxa de inadimplência da carteira livre deste ano, de 3,7% na pesquisa de fevereiro para os atuais 4,0%. Assim, a perspectiva é de alguma deterioração ao longo de 2022, retornando ao patamar pré-pandemia.
PIB, INFLAÇÃO, SELIC E CÂMBIO
Em relação ao desempenho esperado do PIB em 2022, a surpresa positiva no resultado do 4º trimestre de 2021 trouxe melhora nas projeções. A grande maioria (84,2%) segue esperando alguma expansão no ano, mas agora com mais participantes (36,8%) projetando crescimento acima de 0,5%.
Quanto ao cenário inflacionário, a maioria dos participantes (89,5%) entende como improvável que o Banco Central consiga entregar a inflação no centro da meta (3,25%) em 2023, embora a maior parte (84,2%) espere que o indicador perca força e convirja para o intervalo superior da meta (até 4,75%), enquanto os outros 5,3% acham que inflação pode superar o teto da meta novamente.
Sobre a taxa Selic, 42,1% afirmaram que o Copom não deveria atrelar de forma tão explícita a condução da política monetária aos preços do petróleo, com risco de ter que reverter sua estratégia.
A mediana das projeções para a Selic prevê uma taxa terminal de 13,25% ao ano (com nova alta de 1,0 ponto percentual na reunião de maio, seguida por um ajuste final de 0,5 ponto percentual na reunião de junho), acima do sinalizado pelo Banco Central, de 12,75% ao ano.
Para o câmbio, a expectativa é de depreciação nos próximos meses, retornando para o patamar de R$/US$ 5,30 até o início do 4º trimestre.