São Paulo – A produção de aço bruto subiu 10,1% em março, se comparado ao mês anterior, para 2,9 milhões. Já na base anual, o recuo foi de 4,9%, se comparado ao mesmo período de 2021, quando foram produzidos 2.807 milhões de toneladas de aço bruto, segundo dados preliminares divulgados pelo Instituto Aço Brasil (IABr).
A produção de laminados caiu 3,4% na mesma comparação, para 813.674 toneladas. Deste total, 544.764 toneladas foi de aços planos e 268.910 mil toneladas de aços longos – baixas de 5,2 % e 17,1%, respectivamente.
No 1º trimestre de 2022, a produção brasileira de aço bruto foi de 8,5 milhões de toneladas, 2,4% a menos do que no mesmo período de 2021. As vendas internas foram de 4,8 milhões de toneladas, queda de 19,7% em relação ao mesmo trimestre do ano passado. Já o consumo aparente de janeiro a março de 2022 foi de 5,6 Milhões de toneladas, recuo de 17,7%.
GUERRA
“Além do horror que o mundo vem acompanhando com a perda de vidas de civis, a guerra traz um impacto global gigantesco: elevação dos fretes, seguros, inflação global – países como EUA batendo recordes históricos – mudanças de fluxos de comércio e uma escalada nos preços de matéria prima e insumos energéticos”, apresentou o presidente executivo do IABr, Marco Polo de Mello Lopes, em entrevista coletiva na tarde de hoje.
A conflito entre a Rússia e a Ucrânia bagunçou a indústria mundial, diz o executivo. “São dois países muito importantes para a indústria siderúrgica global. A Rússia é quinto maior produtor e a Ucrânia o 14º.” Com isso, ele explica, uma segunda guerra começou a ser travada: a guerra de mercado. A escalada protecionista passou a ser mais voraz, assim como a defesa comercial. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou o Buy America, incentivando os empresários americanos a comprarem insumos dentro do país.
“As principais economias do mundo estão preocupadas porque o aço é a base da cadeia industrial, e no Brasil essa indústria precisa crescer”, ressaltou o presidente do Conselho Diretor da entidade, Marcos Faraco, da Gerdau.
E continuou: “a matéria-prima base para produção do aço é o carvão mineral. Desde o início da guerra, ja houve um crescimento de mais de 300% no preço, além de 160% de aumento no preço da sucata. O segundo maior produtor de carvão é a Rússia. Com esses embargos, cria-se uma desbalanceamento nas cadeias. Afeta todos os mercados, não só o Brasil.” Segundo o executivo, o preço do gusa, produto imediato da redução do minério de ferro, também explodiu, colocando pressão nas estruturas de custo das usinas hidrelétricas.
Questionado se o aumento de preço de produtos siderúrgicos decorrente da elevação dos custos de produção impactaria os consumidores finais, Mello Lopes, esclareceu que a contribuição do aço no Índice de Preço ao Atacado (IPA) da Fundação Getúlio Vargas é muito baixa. No acumulado em 12 meses, considerando o IPA total de 17,6%, a participação do vergalhão foi de apenas 0,013 ponto percentual e da bobina a quente de 0,103 p.p., produtos que representam os laminados longos e planos. “O aço não pode ser responsabilizado pela inflação”, afirmou o Presidente Executivo do Instituto Aço Brasil.
PERSPECTIVAS
“Dado o cenário de incertezas ocasionadas pela guerra entre a Rússia e a Ucrânia, o Aço Brasil optou por manter, neste momento, as previsões para o ano de 2022, feitas em dezembro de 2021”, disse Mello Lopes.
Na ocasião fora estimado crescimento de 2,2% na produção brasileira de aço bruto, chegando a 37 milhões de toneladas. Aumento do consumo aparente de 1,5% e das vendas domésticas de aço de 2,5% . No que se refere ao comércio exterior, o IABr previu aumento de 1,5% das exportações e queda de 12% das importações.