Bolsa despenca e acumula perda de 10% em abril, pior mês do ano; dólar fecha a R$ 4,94

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São Paulo- A Bolsa encerrou o último pregão de abril em queda de quase 2% e na mínima do dia-107.876,16 pontos- e no mês perdeu 10,10%, o pior do ano até o momento com os impactos de alta da inflação global e aumento de juros nos Estados Unidos. Na semana, o Ibovespa fechou em queda de 2,88%.
No pregão de hoje, o Ibovespa chegou a subir mais de 1% com os acenos da China de que vai incentivar o crescimento da economia do país, mas não sustentou a alta com a piora nas bolsas em Nova York e com a notícia de que os acordos de paz entre Rússia e Ucrânia devem cessar.
O principal índice da B3 caiu 1,85%, aos 107.876,16 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em junho perdeu de 1,74%, aos 108.865 pontos. O giro financeiro foi de R$ 28,8 bilhões. Em Nova York, as bolas fecharam em forte queda.
Nicolas Farto, especialista em renda variável da Renova Invest, disse que o impacto veio do exterior e as bolsas em Nova York aceleraram a perda com “a notícia de que as conversas de paz entre Rússia e Ucrânia devem parar e como é sexta-feira deixou o mercado receoso do que pode vir no final de semana e ninguém quer ficar posicionado”.
Farto acrescentou que a Vale que vinha sustentando o índice acabou perdendo muita força. As ações que tiveram forte valorização desde o início do pregão, fecharam em queda de 1,08%.
José Costa Gonçalves, analista da Codepe Corretora, disse que a alta que vinha desde abertura “não era muito confiante, à exceção das commodities, mas com a piora lá fora acabou contaminando aqui”. O analista da Codepe Corretora completou que hoje é final do mês e tem composição final da carteira do Ibovespa, o que acaba mexendo com o mercado.
Mais cedo, Alexandre Brito, sócio da Finacap Investimentos, afirmou que o destaque do mercado hoje é a China trazendo medidas de incentivos à economia, o que favorece as commodities, e atrelado aos dados da economia brasileira abaixo das expectativas do mercado, apesar de inflação ainda alta. “O catalisador do mercado é o ciclo de crescimento global e devemos observar como a China cresce para acompanhar o avanço das principais economias, com isso todas as sinalizações do país chinês em estimular a economia é importante para o movimento das commodities”.
Brito ressaltou que o principal movimento do mês de abril foi “a saída do investidor estrangeiro da B3, chegando a ter uma venda de R$ 4,2 bilhões, terça-feira (26) por causa das sinalizações do Fed de aumento de juros, mas no acumulado do ano ainda o saldo é positivo de R$ 60 bilhões”.
O dólar comercial fechou em R$ 4,943 para venda, com ganho de 0,06%. Na semana, a moeda norte-americana acumulou valorização de 2,77%. No mês, o dólar subiu 3,2%. O dia foi volátil, em meio a formação da PTAX. O aceno do governo chinês aos novos estímulos à economia valorizou globalmente as commodities e favoreceu as moedas emergentes, como o real, que também surfa nos altos juros domésticos.
De acordo com o analista da Nova Futura Investimentos, Matheus Jaconeli, o governo chinês falando sobre estímulos favorece moeda emergentes atreladas às commodities, como o real, atraindo grande fluxo.
Isso também é resultado dos embargos cada vez mais intenso à Rússia: “O embargo ao petróleo russo está se intensificando, e isso aumenta o preço do petróleo no mercado global”, analisa.
Para o head de Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, “as commodities, em especial milho, soja e minério de ferro, e os juros altos ainda são atrativos para o investidor, isso gera um carrego enorme”.
Weigt observa que, ainda assim, dificilmente o real ganhe muito terreno: “Em curto prazo, é difícil ver novamente as mínimas observadas no começo de abril, abaixo de R$ 4,60”, pondera.
O boletim matinal da Necton destaca que as “bolsas europeias e emergentes operam em alta nesta-sexta-feira com promessa da China de aumentar estímulos”, além de pontuar que o minério de ferro, entre outros metais, se valoriza com a sinalização de aumento da demanda na China.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em leve queda nesta sexta-feira (29) com a percepção de dissipação de riscos fiscais.
O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 13,030% de 13,025% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 12,580%, de 12,585%, o DI para janeiro de 2025 ia a 12,030%, de 12,010% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,830% de 11,835%, na mesma comparação.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão com quedas acentuadas, com a Nasdaq recuando 4,17% – encerrando seu pior mês desde 2008, com os investidores voltando a fugir dos papéis de empresas de tecnologia, sobretudo os da Amazon, que liderou as perdas na sessão. Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: -2,77%, 32.977,21 pontos
Nasdaq 100: -4,17%, 12.334,6 pontos
S&P 500: -3,62%, 4.131,93 pontos