Em sessão volátil, Bolsa fecha em leve queda em dia de forte baixa das siderúrgicas; dólar cai

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A Bolsa fechou em leve queda em um dia em que a volatilidade deu o ritmo dos negócios com o setor de siderurgia pressionando o índice para baixo e as ações ligadas ao mercado interno, como varejo e e-commerce valorizadas explicada pelos dados positivos de varejo e com a curva de juros.

As siderúrgicas caíram devido à proposta do governo em zerar o imposto do aço. Hoje, dirigentes do Instituto Aço Brasil (IABr) se reuniram com o ministro da Economia, Paulo Guedes, para tratar sobre o tema. A entidade que reúne as principais siderúrgicas do país pediu redução do imposto de importação do aço de 10,8% para 4% até dezembro.

As mineradoras também caíram com a queda do minério de ferro na China. A Vale (VALE3) perdeu 1,24%.

As ações da Usiminas (USIM5) e CSN (CSNA3) caíram 6,77% e 5,82%; Gerdau (GGBR4) perdeu 4,35%.

O principal indicador da B3 caiu 0,13%, aos 103.109,94 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em junho perdeu 0,40%, aos 104.235 pontos. O giro financeiro foi de R$ 25,7 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam mistas.

Ubirajara Silva, gestor de renda variável da Galapagos Capital, disse que a inflação mais baixa por aqui -IPC-SP subiu 1,33% na primeira quadrissemana de maio e o mercado esperava 1,52% “faz com que a curva de juros feche e impulsiona os setores ligados ao mercado interno, como varejo e e-commerce, que vêm sofrendo bastante este ano”.

Por outro lado, a grande queda do Ibovespa hoje fica para o setor de siderurgia “devido à proposta do imposto de importação do aço, que acaba impactando bastante e o setor de mineração cai com a baixa do minério de ferro e as preocupações com o crescimento chinês ainda persistem”, comentou.

Os estrangeiros seguem deixando a B3. No mês de maio já saíram quase R$ 8 bilhões de capital externo da Bolsa, segundo o último dado divulgado sexta-feira (6) pela Bolsa e, no ano, o acumulado é de R$ 49 bilhões de compra. “É importante acompanhar o que o investidor estrangeiro está fazendo para ver os próximos rumos da Bolsa”, afirmou Silva.

O gestor de renda variável da Galapagos Capital também ressaltou que amanhã é um dia importante porque será divulgada a inflação (CPI, sigla em inglês) nos Estados Unidos. “É um número muito esperado pelo mercado e pode ditar o rumo das bolsas nas próximas semanas”.

Mais cedo, Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora, afirmou a queda na Bolsa é reflexo da piora nas bolsas norte-americanas e as falas de dirigentes do Federal Reserve (Fed, banco central norte americano) podem ter influenciado, como da presidente do Fed de Cleverland, Loretta Mester. “Ela tem uma visão de retirada dos estímulos para controlar a pressão inflacionária e, com isso, tem uma oferta menor de dólar no mercado e uma retração da economia americana”.

O economista-chefe da Frente Corretora comentou que segue a preocupação com a China e queda das commodities. “A projeção de crescimento global está cada vez mais reduzida para baixo e faz os investidores ficarem no aguardo. Em relação ao Brasil, a situação da China começa a criar uma incógnita com o recuo do minério de ferro e a expectativa de produção chinesa está indo para baixo, o que preocupa aqui porque somos o maior fornecedor de commodities para eles [chineses]”.

O dólar comercial fechou em queda de 0,42%, cotado a R$ 5,1340. A moeda, que oscilou durante grande parte da sessão, refletiu o cenário externo desta terça, com maior apetite ao risco.

Segundo o economista-chefe do Banco Alfa, Luis Otavio Leal, “aquele céu de brigadeiro que vimos até março se inverteu. Não é um problema apenas brasileiro, esta piora é muito ligada à queda das commodities que não devem ter um novo boom”.

Leal vê esta oscilação como um problema mundial, com a continuidade da guerra na Ucrânia, além da desaceleração chinesa e um recrudescimento da política do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), mas que em breve as eleições domésticas devem começar a exercer mais influência tanto na bolsa quanto no câmbio.

Para o sócio fundador da Pronto! Invest, Vanei Nagem, “hoje estamos com menor aversão ao risco, embora a situação continue igual ou até pior, com a intensificação dos lockdowns na China”.

Nagem entende que o movimento do câmbio desta terça também reflete a realização de todos estes dias que o real está caindo, mas adverte: “Caso ocorra uma greve dos caminhoneiros, a situação pode piorar muito”.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda, refletindo o tom mais ameno dos ativos de risco no exterior e a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).

O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 13,270% de 13,290% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 12,865%, de 12,955%, o DI para janeiro de 2025 ia a 12,300%, de 12,420% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 12,2185% de 12,295%, na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam em campo misto, após uma sessão de alta volatilidade, com os investidores tentando recuperar as perdas recentes, ainda motivadas por temores com a inflação e desaceleração econômica.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,26%, 32.160,74 pontos
Nasdaq Composto: +0,99%, 11.737,7 pontos
S&P 500: +0,24%, 4.001,05 pontos