Carrefour investirá R$ 2,1 bi para converter 124 lojas do Grupo Big

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São Paulo, SP – O Carrefour Brasil divulgou ontem o investimento de R$ 2,1 bilhões na conversão de 124 lojas de um total de 374 unidades do Grupo Big como parte da integração entre as duas empresas. A companhia comprou o Grupo Big em março passado por cerca de R$ 7,5 bilhões. A previsão para concluir todas as conversões é de 18 meses, ou seja, no fim de 2023.

Após a aquisição do Grupo Big, o Carrefour terá 23,5% de participação de mercado no país, sendo 45 % na região Sudeste, 28% no Nordeste, 19% no Sul, 5% no Centro-Oeste e 3% no Norte. Segundo a companhia, a partir de agora, o grupo estará a um raio de 5 quilômetros de distância de 50% dos consumidores brasileiros.

Durante teleconferência realizada na manhã de hoje, a companhia explicou como ocorrerá as conversões. Passarão a operar sob a marca Atacadão, 38 lojas do Maxxi Atacado, 28 do Big e 4 do TodoDia. Outras 47 unidades do Big serão convertidas em Carrefour e outras 7 unidades do Big serão transformadas em Sams Club.

Outro detalhe explicado pela companhia é que o processo de conversão terá dois formatos. 35 lojas passarão por uma desmobilização, com fechamento por dois meses. Outras 89 lojas não precisarão ser desmobilizadas e, com isso, ficarão apenas três dias fechadas para as mudanças.

Segundo o presidente do Carrefour Brasil, Stéphane Maquaire, a sinergias entre as empresas cria um novo grupo e traz diversos benefícios para a companhia e ao consumidor. O poder de compra da companhia cresce com a chegada de novas unidades, além disso, ampliamos o número de produtos e segmentos oferecidos aos nossos clientes em um ambiente dinâmico como o varejo brasileiro, acrescentou o executivo.

As conversões também ajudarão o Carrefour a reduzir seus custos em até 3% nas seis maiores categorias mapeadas pela companhia, entre elas, limpeza, seguros e plano de saúde. A base de custos indiretos combinados do Grupo Carrefour e Grupo Big foi de R$ 7 bilhões em 2021.

Por fim, o Diretor Vice-Presidente de Finanças e Diretor de Relações com Investidores, David Murciano, disse que o bom desempenho dos serviços financeiros e e-commerce, a melhor proposta é o modelo de hipermercado.

Murciano falou sobre a sinergia entre o Cartão Carrefour e o Hipercard. Para ele, os cartões se completam e são ferramentas importantes de crédito, em especial no setor de eletrodoméstico. Os dois cartões trabalham em parceria com o Itaú, o que, segundo o executivo, será um facilitador.

Novo conselho de administração

Na semana passada, o Carrefour concluiu a aquisição do Grupo Big Brasil, assinou um novo acordo de acionistas e definiu nova estrutura de governança e composição do conselho de
administração a ser submetida à Assembleia Geral Extraordinária. Com a conclusão da
aquisição, o Carrefour Brasil passou a deter a totalidade das ações de emissão do Grupo Big.

No comunicado, a companhia destacou que, a partir de agora, “serão mais de 150 mil colaboradores e mil pontos de vendas, reforçando a complementaridade geográfica, um dos pontos centrais dessa transação. Além de expandir seus formatos tradicionais, notadamente atacarejo, a companhia passa a atuar em um novo segmento de mercado com o formato Sams Club, abrindo novas alavancas de crescimento”.

Segundo a companhia, o novo acordo de acionistas prevê uma nova composição para o conselho de administração, que passará a contar com 13 membros efetivos, sendo três independentes. Entre os escolhidos estão Alexandre Bompard, que será o presidente do conselho, e Abilio Diniz, que passa de membro do conselho a vice-presidente do colegiado.

Análise

Para os analistas da Mirae Asset, a aquisição e conversão das lojas são positivas para o
Carrefour, resultando no aumento da rentabilidade do grupo no médio prazo. Frente as perspectivas econômicas de elevada taxas de juros e inflação, acreditamos que as lojas do formato Atacadão devem apresentar melhor desempenho, em função da estratégia de menor preço e maior quantidade, explica a Mirae.

A Genial Investimentos também vê o modelo de atacarejo ganhando ainda mais relevância no dia a dia do brasileiro. A lógica por trás do sucesso desse modelo é que ao vender um volume maior de mercadoria, as empresas conseguem reduzir os preços unitários, uma vez que as despesas da loja são distribuídas e ficam menores por quantidade de item vendido.

“Por reduzir os preços, o atacarejo comprime a margem bruta, em troca de volume de vendas. Geralmente, esse modelo trabalha com menores quantidades de SKUs (produtos únicos) e foca em preços mais competitivos”, explica a análise.