Brasília – O presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco, afirmou que vai analisar com celeridade o pedido de criação da comissão parlamentar de inquérito (CPI) para apurar as denúncias de corrupção no Ministério da Educação. O líder da oposição, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), disse ter 28 assinaturas para apresentar o requerimento à Mesa Diretora.
Pacheco, que participa do Fórum Jurídico de Lisboa, disse que a avaliação da CPI será feita de acordo com o requerimento apresentado à presidência do Senado e os requisitos para a criação da comissão, como o número mínimo de assinaturas (27) e o objeto da apuração definido.
“Já tive notícia de que o trabalho do senador Randolfe Rodrigues, líder da oposição, o requerimento feito por ele que já contaria com as assinaturas, mas é prudente nós aguardarmos. Toda a avaliação será feita pela Presidência do Senado sobre os requisitos para isso”, afirmou.
“Então, tão logo seja apresentado, de minha parte, haverá a celeridade no exame, haja vista essa manifestação da minoria do Senado”, completou Pacheco, em entrevista à “TV Globo”.
Denúncias de cobrança de propina para liberação de verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), vinculado ao MEC, levaram à demissão do ex-ministro Milton Ribeiro, que foi preso preventivamente na semana passada. Ribeiro foi liberado pelo desembargador Ney Bello, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em Brasília.
O esquema envolveria os pastores Gilmar Silva dos Santos, presidente da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus no Brasil, e Arilton Moura, assessor de Assuntos Políticos da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus no Brasil, que também foram presos, mas depois liberados. Os pastores cobrariam propina para liberar recursos da educação e para organizar encontros com o ex-ministro.
“Precisamos passar a limpo toda a corrupção deste governo”, disse Rodrigues em suas redes sociais. Todos os pré-requisitos para a instalação da CPI do MEC estão presentes. A CPI dará à PF e ao MP a tranquilidade de fazer a investigação sem nenhum tipo de interferência política”, completou o senador, referindo-se à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal.
INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA
Na semana passada áudios da interceptação telefônica feita pela Polícia Federal revelaram o presidente Jair Bolsonaro estava preocupado com uma eventual busca e apreensão na casa do ex-ministro da Educação. No áudio, Ribeiro conversa com a filha sobre a saúde da esposa e diz ter recebido um telefonema de Bolsonaro, que estaria com o “pressentimento” de realização de um operação policial em relação ao ex-ministro.
Chefe da Polícia Federal, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, usou suas redes sociais, no último fim de semana, para negar que tenha tratado de operação policial com Bolsonaro, durante a viagem a Los Angeles, no início do mês, para a Cúpula da Américas, organizada pelo governo do Estados Unidos.
“Diante de tanta especulação sobre minha viagem com o presidente Bolsonaro para os EUA, asseguro categoricamente que, em momento algum, tratamos de operações da PF”, afirmou. “Absolutamente nada disso foi pauta qualquer conversa nossa, na referida viagem”, completou.