Bolsa fecha em alta moderada e na semana acumula perda de 3,73%; dólar cai

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São Paulo- A Bolsa fechou em alta mais moderada que os índices em Nova York. Os investidores ficaram atentos aos indicadores nos Estados Unidos e na China e a desaceleração das economias mais importantes do mundo ganha cada vez mais força, resta saber se será mais suave ou mais forte.

As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) e do setor bancário auxiliaram no movimento de alta do índice. Na semana, o índice encerrou em queda de 3,73%.

Mas a Bolsa não registrou alta em todo o pregão. A volatilidade deu a tônica dos negócios na primeira metade do pregão em um dia de exercício de opções sobre ações.

Para a próxima semana, os agentes financeiros ficam com as atenções voltadas para os resultados das empresas e relatórios de produção da Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3 PETR4).

O principal índice da B3 subiu 0,44%, aos 96.551,00 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto avançou 0,67%, aos 97.515pontos. O giro financeiro foi de R$ 20,2 bilhões. Em NY, as bolsas fecharam em alta.

Um analista de uma corretora que não quis se identificar comentou que “as ações da Petrobras e do setor financeiro ajudam a manter a alta do índice; a Vale (VALE3) impede um avanço maior”.

Cassiano Konig, sócio da GT Capital, disse que a Bolsa está se mantendo em alta “acompanhando os mercados norte-americanos, que avançam com os dados de varejo que vieram acima das expectativas”.

E citou que na primeira metade do pregão, o viés foi negativo “colhendo um cenário mais pessimista com os indicadores ao longo da semana, como da inflação nos EUA que subiu 9,1% em base anual, enquanto a previsão era de (+8,8%) e, aqui, o IBC-Br apresentou contração pelo segundo mês”.

Konig disse que os investidores devem ficar atentos à temporada de balanços das empresas aqui, que começa na próxima semana. “Os setores de varejo, construção civil e bens de capital devem ter resultados mais fracos por conta do aumento da taxa de juros, inflação elevada e dólar alto”.

Mais cedo Nicolas Farto, especialista de renda variável da Renova Invest, disse que o mercado está bastante arisco em meio aos dados positivos nos Estados Unidos, que contradizem a tese de uma desaceleração da economia norte-americana.

“Tudo está meio do avesso. Indicador mais forte da economia americana contradiz a tese de uma recessão, o que seria bom, mas não é bem assim porque reforça a questão de uma pressão inflacionaria, e juros maiores”.

Farto diz que o mercado está se equilibrando nessas duas forças e espera-se que as economias norte-americana e chinesa tenham alguma desaceleração. “A discussão é se a desaceleração vai acontecer de forma branda ou mais brusca”, enfatizou.

Hoje a volatilidade pode aumentar com o vencimento de opções sobre ações e falas de dirigentes do Fed, “que devem passar a imagem que a situação está sob controle” disse.

O dólar comercial fechou em queda de 0,49%, cotado a R$ 5,4050. O movimento desta sexta foi de correção, porém o cenário global continua turbulento, com o risco uma recessão mundial.

Segundo fonte ouvida pela CMA, “a tendência de longo prazo é ruim, com o descontrole fiscal. A semana termina com sinais de que o estrangeiro olha muito o fiscal. A herança será péssima para 2023”.

A queda do dólar de hoje é apenas uma correção do exagero observado nos últimos dias, enfatiza a fonte, com a moeda já tendo encontrado um patamar de equilíbrio, precificando a desaceleração de economias como China e Estados, além dos problemas fiscais domésticos: “A queda do dólar do não é uma tendência”, opina.

Para o head de tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, “os números positivos nos Estados Unidos e a aprovação do pacote fiscal no Brasil contribuem com esta menor aversão ao risco”, referindo-se à aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) das Bondades.

Os resultados do varejo nos Estados Unidos, observa Weigt, aumentam a espera pelo aumento de 0,75% dos juros, com o intuito de frear o consumo e desacelerar a inflação.

O varejo dos Estados Unidos, que subiu 1% em junho ante maio (em linha com a previsão de +0,9%) e o índice de confiança do consumidor, medido pela Universidade de Michigan e pela Thomson Reuters, saltou de 50,0 pontos em junho para 51,1 pontos em julho.

Weigt, contudo, não vê espaço para a moeda brasileira passar dos R$ 5,50: “Estamos em um cenário de muitas incertezas, tanto locais quanto globais, mas ainda vejo o real em um patamar entre R$ 5,25 e R$ 5,45”, projeta.

As taxas curtas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda, com uma eventual desaceleração da economia chinesa no radar.

O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 13,875% de 13,900% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 13,765%, de 13,875%, o DI para janeiro de 2025 ia a 13,115%, de 13,190% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 12,950% de 13,000%, na mesma comparação. Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em alta com os investidores analisando os balanços trimestrais alguns indicadores econômicos positivos, o que ameniza algumas das preocupações sobre o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) possa subir 1,0 ponto percentual de sua taxa básica de juros na próxima reunião. Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +2,15%, 31.288,26 pontos
Nasdaq Composto: +1,41%, 11.410,4 pontos
S&P 500: +1,79%, 11.452,4 pontos

 

Com Paulo Holland, Pedro do Val de Carvalho Gil e Darlan de Azevedo / Agência CMA