CMA ENTREVISTA: Cenário atual é difícil para renda variável, mas pode render oportunidades a longo prazo

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São Paulo – O cenário econômico atual está difícil para o investimento em ações na Bolsa e deve ter ainda mais volatilidade nos próximos meses. Mas para quem tiver objetivos claros e apetite ao risco, pode render boas oportunidades a longo prazo. É a avaliação de Idean Alves, chefe da mesa de operações e sócio da Ação Brasil Investimentos, escritório credenciado à XP Investimentos desde 2010, que acredita que as empresas com bons fundamentos têm bom potencial de valorização no futuro. Veja a entrevista completa com Alves abaixo:

Empresas que estão em queda agora podem começar a reagir e trazer retornos interessantes, avalia o especialista. “Se a empresa estiver muito descontada e tiver bons fundamentos, à medida que o cenário econômico for melhorando, ela tende a se recuperar.”

Entre as oportunidades, ele cita que as empresas do setor elétrico podem ser boas opções para o momento, pois podem repassar a inflação para o consumidor e são boas pagadoras de dividendos. Outro setor favorável neste momento é o de bancos tradicionais, que estão sendo negociados com um desconto de quase 50 vezes o seu valor de mercado. “O ideal é olhar seu portfólio, colocar uma parte do caixa em renda variável e não fazer toda a alocação em ações só por que estão baratas, ir fazendo a alocação aos poucos e de uma forma que não fique desconfortável financeiramente”, aconselha.

As ações da Petrobras também são um bom investimento na sua opinião, pois a companhia tem bons fundamentos, mesmo com todo o risco político, está descontada e é uma boa pagadora de dividendos.

Outro ponto é olhar na apresentação de resultados do segundo trimestre como as empresas vão se comportar nesse cenário mais adverso. “Quando a maré baixa é que a gente vê quem está de calça curta, comenta. A melhor forma de ver se a economia vai desacelerar é olhar para os balanços e os “guidances” (projeções) das empresas, assim como o seu caixa, seu endividamento, liquidez e evitar empresas alavancadas nesse momento.”

Pensando em ciclos econômicos, Alves afirma que atualmente o ciclo é de baixa. “Teremos juros em nível que nunca tínhamos visto nos Estados Unidos. O Brasil já está com um pouco mais de folga. Na prática, para as alocações em renda variável, isso significa que as empresas que são beneficiadas por uma economia mais pujante, acabam sofrendo mais, como as empresas de tecnologia. Por conta dos juros mais altos, o ‘valuation’ fica menor e o custo de capital fica mais caro. Outro setor que está sofrendo bastante é o varejo. Há expectativa de maiores quedas nos próximos meses. Mas também é esperada a reversão, assim que os juros mostrarem queda”, comenta.

O analista compara o momento atual com o de cinco anos atrás, quando a Bolsa estava em 37, 38 mil pontos, com a Selic em 14,25%, quando também se esperava pela recuperação da economia e, depois, a Bolsa chegou a 120 mil pontos. “Quem pegou esse ciclo conseguiu surfar essa onda. Então, agora estamos em uma nova janela. Ao longo de cada cinco, seis anos, existem essas janelas. As grandes tacadas de quem fez fortuna em Bolsa acontecem em aplicações de longo prazo”, conclui.