Bolsa fecha em alta em dia de apetite ao risco impulsionada por Petrobras e encerra julho no positivo, dólar sobe

925

São Paulo- A Bolsa fechou em alta no último pregão do mês de julho em dia de apetite ao risco puxada pelas ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) refletindo o bom desempenho da companhia, pagamento de dividendos e uma notícia sobre a oferta de compra da Braskem, em que a Petrobras tem participação de 36,15% do total da empresa.

As ações da estatal subiram respectivamente 6,33% e 5,91%. O otimismo no exterior também ajudou o movimento positivo da Ibovespa.

Na semana, o Ibovespa registrou alta de 3,24% e no mês acumulou ganho de 4,89%, após um junho negativo.

A Bolsa fechou a subir mais de 1%, mas no final dos negócios desacelerou um pouco. A Vale (VALE3), com forte peso no índice, foi destaque negativo juntamente com as varejistas.

O principal índice da B3 subiu 0,55%, aos 103.163.164,69 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto registrou alta de 0,22%, aos 103.740 pontos. O giro financeiro foi de R$ 30,8 bilhões. Em Nova York, as bolsas operavam em alta.

Romero de Oliveira, especialista da Valor Investimentos, disse que o bom humor na Bolsa nesta sexta-feira é atribuído “ao bom resultado de Petrobras, que vem sendo o grande destaque do pregão”. A última sessão do mês sinaliza um fechamento em alta “para suprir a queda de 11,25% em junho”.

Ricardo Leite, head de renda variável da Diagrama Investimentos disse que a Bolsa deve fechar julho no positivo, após um junho ruim “recuperando parte da queda do mês passado e até reduzindo o negativo do ano favorecido pelos balanços corporativos nos Estados Unidos em que 75% das empresas reportaram lucros positivos acima do consenso do mercado e refletiu aqui”.

O head de renda variável da Diagrama Investimentos afirmou que o sentimento na Bolsa hoje é misto refletindo “os dados positivos da Petrobras e a queda da Vale por conta do resultado decepcionante-com a perda do minério, problemas logísticos e imobiliários na China, além de e um guidance [projeção] menor no ano que se imaginava”.

O lado negativo ficou para a divulgação do núcleo da inflação nos Estados Unidos-excluindo alimentos e energia- (PCE, em inglês) que acelerou mais que o mercado previa-subiu 4,8% em termos anuais em junho-e trouxe preocupações. “O Fed deve tomar cuidado e as apostas aumentaram para 0,75 ponto porcentual (pp) nos juros da reunião de setembro, a última nesse patamar”, disse.

Leite explicou que apesar do PIB dos EUA ter vindo negativo [caiu 0,9% no 2T22]” as empresas têm reportado resultado muito forte e pode fazer com que a pressão inflacionária persista por um tempo mesmo com a recessão dos dois trimestres”. O dólar comercial fechou em alta de 0,17%, cotado a R$ 5,1730. Na falta de um driver relevante, a moeda operou em movimento de correção, após sucessivas baixas. Na semana, o dólar teve queda de 5,93%, enquanto no mês de julho a perda foi de 1,13%.

De acordo com o analista da Ouro Preto Investimentos, Bruno Komura, “ainda existe preocupação com o cenário de inflação alta nos Estados Unidos e como isso vai influenciar a próxima reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês). Estruturalmente, nada mudou, e a tendência é que a inflação seja persistente. O mercado vai monitorar os próximos dados bem de perto”.

Para o sócio da Top Gain, Leonardo Santana, “o dólar caindo é mais um alívio momentâneo, com os estímulos do governo chinês, mas não vejo ele chegando em R$ 5,00, até ficar abaixo dos R$ 5,20 será difícil. Considero que está em um patamar justo”.

Santana entende que com as aproximações das eleições no Brasil e com um possível quadro de estagflação nos Estados Unidos, os desafios permanecem: “No horizonte não tem nada muito animador”, opina.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda neste final de semana com o mercado precificando rápida desinflação.

O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 13,785% de 13,830% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 13,340%, de 13,500%, o DI para janeiro de 2025 ia a 12,680%, de 12,840% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 12,610% de 12,760%, na mesma comparação.

Os principais índices de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em alta, intensificando o rali dos últimos dois dias, à medida que os investidores digeriram os fortes ganhos corporativos das big techs e deixaram de lado preocupações sobre inflação e recessão.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,97%, 32.845,13 pontos
Nasdaq Composto: +1,88%, 12.390,7 pontos
S&P 500: +1,42%, 4.130,29 pontos

Com Paulo Holland, Pedro do Val de Carvalho Gil e Darlan de Azevedo / Agência CMA