São Paulo- A Bolsa fechou em alta em um dia de forte apetite ao risco com o mercado apostando em um fim do aperto monetário, após a sinalização na véspera pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC).
Esse otimismo refletiu nas empresas ligadas ao mercado interno como varejistas, tecnologia e construção civil, que apontaram ganhos expressivos.
O principal índice da B3 subiu 2,04%, aos 105.892,22 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto avançou 1,98%, aos 106.520 pontos. O giro financeiro foi de R$ 29,4 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam mistos.
As maiores altas do Ibovespa foram os papéis de Meliuz (CASH3) e Magazine Luiza (MGLU3) subiram respectivamente 15,04% e 13,99%. E as ações da BRF (BRFS3) e Minerva (BEEF3), que perderam 1,99% e 1,63%, foram destaque de baixa. Os bancos subiram em bloco.
Para amanhã, os investidores ficam no aguardo do relatório de empregos (payroll, sigla em inglês) para entender a economia norte-americana.
Ubirajara Silva, gestor da Galapagos Capital, disse que o mercado ficou animado com a sinalização do Copom de que alta de juros termina nessa reunião e “os contratos de juros futuros estão caindo bastante, o que acaba refletindo na Bolsa. No Ibovespa a gente consegue ver a rotação de carteira em que os investidores saem de players globais e vão para os players do mercado interno”.
A Vale (VALE3) caiu enquanto as ações de empresas ligadas ao mercado interno como Magazine Luiza (MGLU3) têm um desempenho muito bom. “Vale lembrar que os papéis da economia doméstica foram os que performaram pior nesse ano e ainda têm um longo caminho para percorrerem e chegarem em níveis do ano passado.”
Rodrigo Crespi, analista da Guide Investimentos, disse que a sessão de hoje é de alta para a Bolsa, descolando do exterior, após o comunicado do Copom indicando “potencial encerramento do ciclo com os papéis da economia doméstica e crescimento tendo performance bastante positiva, além dos bancos”.
Crespi também ressaltou a valorização das ações da B3 (B3SA3)-subiu 6,63%- e utilidades públicas e a queda frigoríficos.
Segundo uma fonte do mercado financeiro que não quis identificar, o movimento de hoje está relacionado à “surpresa” que o mercado observou no comunicado do Copom com a descompressão na curva de juros e melhora a situação das varejistas no curto prazo, “mas não deve se manter devido à questão fiscal complicada e que deve continuar nos próximos meses com a proximidade das eleições e fica a dúvida de até quando a Selic deve permanecer nesse patamar”.
O dólar comercial fechou em queda de 1,02%, cotado a R$ 5,2220. A moeda norte-americana sucumbiu ante seus pares e emergentes, impactada pela baixa aversão global ao risco e pelo novo aumento na Selic (taxa básica de juros) – desta vez de 0,5 ponto percentual (pp) -, que foi a 13,75% ao ano.
Segundo o sócio da Top Gain, Leonardo Santana, “o dólar está perdendo tanto para o DXY (cesta de moedas desenvolvidas) quanto para as emergentes. Acredito que, neste cenário, chegue em R$ 5,13. Mas isso é apenas um retrato do momento, o cenário pode mudar em breve”.
De acordo com o economista da Guide Investimentos, Rafael Pacheco, “este câmbio tem um pouco da reação ao Comitê de Política Monetária (Copom), o que traz mais dinheiro para cá”, referindo-se ao fluxo estrangeiro.
Pacheco entende que a queda do dólar frente ao DXY reflete o bom humor do mercado nesta quinta: “De forma geral, o ambiente é mais positivo”, opina.
Para a economista-chefe do Banco Ourinvest, Fernanda Consorte, “embora a decisão já estivesse amplamente precificada pelo mercado, o tom um pouco mais duro pode ser positivo para o câmbio no curto prazo”, referindo-se ao comunicado da instituição que deixou as portas abertas para novos aumentos. As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda após Copom sinalizar fim de ciclo de aumento da Selic.
O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 13,745% de 13,790% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 13,010%, de 13,275%, o DI para janeiro de 2025 ia a 12,100%, de 12,510% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 12,115% de 12,480%, na mesma comparação.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam em campo misto com Wall Street aguardando o relatório payroll de julho amanhã, além de digerirem outra leva de ganhos corporativos. Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: -0,16%, 32.758,84 pontos
Nasdaq Composto: +0,41%, 12.720,7 pontos
S&P 500: +0,00%, 4.155,25 pontos
Com Paulo Holland, Pedro do Val de Carvalho Gil e Darlan de Azevedo / Agência CMA