São Paulo, SP – O licenciamento total de veículos – que incluem automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus cresceu 3,7% em julho, para 181.994 unidades, ante 175.453 no mesmo mês de 2021. Ante o mês anterior, o indicador avançou 2,2%, informou a
Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
Os licenciamentos de automóveis e comerciais leves subiram 4,3% em julho na comparação com o mesmo mês do ano passado, a 169.197 unidades. Ante junho, o crescimento foi de 2,1%. No acumulado do ano, os emplacamentos de leves somaram 1,02 milhão de unidades, queda de 12,6% frente ao mesmo período de 2021.
Para presidente da Anfavea, Marcio de Lima Leite, a dificuldade de conseguir crédito reflete a queda na venda de automóveis financiados. Atualmente, o número de vendas à vista
superou as vendas a prazo, chegando a 65% do mercado. No ano passado, as vendas a prazo representaram 80%.
Segundo Leite, cerca de 53% dos pedidos de crédito são aprovados atualmente, reduzindo assim a quantidade de crédito disponível no mercado. A alta taxa de inadimplência, além do aumento das taxas de juros, reduziu a concessão de crédito e dos financiamentos, impactando diretamente as vendas de automóveis.
O Governo Federal anunciou este mês uma nova redução no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis de passeio. A alíquota, que tinha sido reduzida em 18%, chega agora a 24,75% para veículos nacionais e importados. O governo disse que a elevação do percentual equipara a redução do imposto para o setor automotivo à concedida aos demais produtos industrializados.
Leite também falou sobre a importância que a redução do IOF teria no aumento das vendas do setor automotivo. Nesta semana, ele se encontrou com o ministro da Economia, Paulo Guedes, para falar sobre o setor e os planos para os próximos meses.
“Não tivemos uma promessa do ministro sobre a redução do IOF, mas foi importante o ministro ouvir o setor e conhecer mais de perto os gargalhos. Também foi levantado a possibilidade de o governo apoiar um projeto para a produção de semicondutores no país. Esperamos um anúncio do ministério sobre isso em breve”, explicou o presidente da Anfavea.
A venda de caminhões recuou 3,5% em relação ao mesmo mês do ano passado, com o emplacamento de 11.554 unidades e alta de 5,3% ante junho. No acumulado do ano, por sua vez, houve queda de 2,2%, a 69.159 caminhões.
No setor de ônibus, os emplacamentos diminuíram 2,1% em base anual, a 1.243 unidades. Em relação a junho, a venda de ônibus teve queda de 11,5%. No acumulado do ano, houve queda de 2,9% a 8.552 unidades.
EXPORTAÇÃO
A receita com as exportações totais de veículos automotores e de máquinas agrícolas produzidas no Brasil somou US$ 902 milhões em julho, alta de 61,5% ante o mesmo mês do ano passado. Na comparação com o mês anterior, houve queda de 9,8%, segundo a Anfavea.
O presidente da Anfavea também comentou o impacto que a crise na Argentina teve na queda das exportações em julho. “A produção interna na argentina caiu 9,1% e as vendas recuaram 21%. Isso impactou diretamente a queda de 29% nas exportações para a Argentina em julho”, explicou Leite, que se mostrou resiliente com as novas medidas econômicas divulgadas esta semana pelo governo argentino.
PRODUÇÃO
Em julho, foram produzidas 203.096 unidades de veículos leves no Brasil, 37,4% acima que no mesmo mês de 2021. Na comparação mensal, houve crescimento de 8,5%, de acordo com Anfavea.
Já a produção total de veículos – que inclui automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus – foi de 218.950 unidades no mês passado, 33,4% acima do produzido em julho de 2021 e 7,5% a mais que em junho.
No acumulado do ano, a produção total caiu 0,2,% para 1.310.639 unidades, enquanto a produção de veículos leves nos seis primeiros meses deste ano diminuiu 0,2% ante o mesmo período de 2021, para 1.209.682 unidades.
EMPREGOS
A quantidade de postos de trabalho na indústria automotiva cresceu 1,1% em na comparação com junho de 2021, para 103.820 posições. O número é 1,3% superior na comparação mensal, com 102.538 postos em junho, informou a Anfavea.
Leite disse que o setor gerou até agora, em 2022, 44 mil empregos, impulsionado pelo setor de máquinas e a produção de automóveis leves. Segundo Leite, para cada emprego gerado na montadora, outros dez são gerados indiretamente. A medida que o mercado cresce, com aumento de vendas e produção, é natural que cresça o número de empregos, concluiu o presidente da Anfavea.
Renovar
O vice-Presidente de Caminhões e Ônibus da Anfavea, Gustavo Bonini, falou sobre o Programa Renovar, que deve entrar em vigor ainda em 2022. O objetivo é a redução da idade média dos caminhões no país. Atualmente, cerca de 500 mil caminhões têm mais de 25 anos.
O programa prevê um bônus caminhoneiro, que subsidiaria a compra de caminhões novos. A previsão é que o programa recebe esse ano o valor de R$ 500 milhões. A Anfavea disse que a ideia é ampliar o alcance do Renovar, ou seja, não ficar restrita a caminhões.
Bonini também destacou a importância da descarbonização na frota de caminhões. “A venda de caminhões elétricos e a gás chegou a 687 unidades nos primeiros sete meses de 2022. No ano passado todo, as vendas somaram 408 unidades”, destacou o executivo.