São Paulo- A Bolsa fechou em alta bem menor que no exterior amparada pelas empresas varejistas refletindo queda na curva de juros, acima dos 113 mil pontos, em um dia de bastante volatilidade no mercado doméstico.
As commodities das empresas ligadas à mineração e siderurgia pressionaram o índice, principalmente no período da manhã, devido à queda do minério de ferro impactado pela preocupação com a desaceleração da economia chinesa. A Vale (VALE3) desvalorizou 2,14%, CSN (CSNA3) perdeu 4,55% e Usiminas (USIM5) teve retração de 2,41%.
As ações da Meliuz (CASH3) subiram 14,17% antes do resultado, que sai após o encerramento do mercado. Os papéis da Petrobras (PETR3 e PETR4) tiveram bastante volatilidade em meio aos dados ruins da China e a redução no preço da gasolina aqui.
Já os papéis do IRB (IRBR3) Brasil lideraram as ações em queda-9,95%- com o anúncio de que a companhia fará subscrição de ações e rumores de possível fechamento de capital. Essa desvalorização se dá antes da divulgação do balanço da empresa, após o fechamento dos negócios.
O principal índice da B3 subiu 0,23%, aos 113.031,98 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto avançou 0,34%, aos 113.105 pontos. O giro financeiro foi de R$ 29,1 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em alta.
Pedro Serra, chefe de pesquisas da Ativa Investimentos, disse que a Bolsa tenta se manter no positivo “com varejistas e Petrobras e não sobe mais com pressão das commodities”.
Serra comentou que as varejistas se destacam no campo positivo “refletindo o fechamento das curvas de juros e com expectativas melhores para o setor no segundo semestre”.
Um grande gestor de investimentos disse que os papéis do Itaú (ITUB4) com peso de mais de 5% no índice “auxiliam o movimento positivo”.
Simone Pasianotto, economista-chefe da Reag Investimentos, comentou que os todos números econômicos na China vieram ruins e o mau humor contaminou a Bolsa. “Isso mostra uma desaceleração da economia no segundo semestre muito em função do menor crescimento global e as commodities acabaram puxando pra baixo o índice pelo forte peso no Ibovespa”.
Mas a economista-chefe da Reag Investimentos disse que com o cenário chinês mais pessimista, os investidores começaram a vender as ações ligadas às commodities “testando qual era a aversão à China, como não houve apetite para liquidar, agora estão recomprando os papéis -preço está baixo- porque os fundamentos microeconômicos das empresas estão sólidos, isso acabou dando uma boa melhora no índice”.
Por outro lado, as varejistas são destaque de alta na sessão de hoje. “O segundo semestre é o melhor para o setor por conta da atratividade das datas comemorativas-Dia das Crianças, Black Friday e Natal- e antecipação do pagamento aposentarias e décimo terceiro”. Vale lembrar que os preços das varejistas estavam muito baixos e a perspectiva é de melhora para o setor.
Outro analista do mercado financeiro que não quis se identificar disse que a melhora “é devido à recuperação das bolsas em Nova York”.
O dólar comercial fechou em alta de 0,35%, cotado a R$ 5,0920. Os indicadores decepcionantes da economia chinesa voltaram a precificar o temor de uma recessão global, o que afetou o valor das commodities e moedas emergentes ligadas a elas.
Segundo o sócio fundador da Pronto! Invest, Vanei Nagem, “o temor de recessão na China causa impacto global. Neste cenário, até que o real está conseguindo se manter, já que o fluxo estrangeiro segue intenso. A China desacelerando afeta as exportações dos emergentes”.
Para o head de tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, “o imobiliário chinês é muito forte e teve desaceleração, fazendo com que quase todas as moedas emergentes ligadas às commodities caiam”. As taxas curtas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em leve alta com mercado avesso ao risco, após dados mais fracos da economia chinesa.
O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 13,710% de 13,700% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 12,875%, de 12,840%, o DI para janeiro de 2025 ia a 11,765%, de 11,790% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,555% de 11,580%, na mesma comparação.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam em alta na sessão, com os investidores superando ventos contrários vindos da economia da China ao buscarem antecipar os ganhos trimestrais das principais varejistas norte-americanas.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: +0,45%, 33.912,44 pontos
Nasdaq Composto: +0,62%, 13.128,1 pontos
S&P 500: +0,39%, 4.297,14 pontos
Com Paulo Holland, Pedro do Val de Carvalho Gil e Darlan de Azevedo / Agência CMA