São Paulo, SP – A Energias do Brasil anunciou ontem o desinvestimento da UHE Mascarenhas por R$ 1.225 milhões para a Victory Hill Global Sustainable Energy Opportunities. Analistas da XP investimentos e da BTG pactual têm visão positiva sobre transação e esperam maiores dividendos para os próximos trimestres.
Consideramos o negócio justo para ambas as partes, uma vez que não há acréscimo de valor para a EdP. Do ponto de vista da alavancagem, esperamos que, com a capitalização, a dívida líquida/EBITDA permaneça em 2,5x até o final de 2022, abrindo uma perspectiva promissora para um maior pagamento de dividendos (alavancagem alvo fica entre 2,5x e 3,0x), calcula a XP, que mantém a recomendação de compra em Energias do Brasil, com preço-alvo para ENEBR3 de R $21/ação.
A XP estima, ainda, uma taxa interna de retorno real de 8,9% para o comprador nesta transação, em linha com o compromisso da EdP de reduzir a exposição hídrica.
Segundo a companhia, o comprador pagará R$ 800 milhões à vista na data de fechamento e o restante em 2027, quando o poder concedente renovará a concessão por mais 20 anos.
O desinvestimento não foi inesperado. Juntamente com esta UHE, Jari e Cachoeira Caldeirão também estão classificados como mantidos para venda, então podemos esperar mais novidades como esta em um futuro próximo, consideram os analistas.
O negócio estava alinhado com a estratégia da EdP de reduzir a dependência hídrica. A UHE Mascarenhas possui 134,8 MW de energia assegurada, dos quais apenas 23MW possuem contratos de longo prazo, o que levanta uma bandeira para preços futuros de energia no ACL. A empresa relatou um Adj. EBITDA de R$ 176,5 milhões LTM (data base de junho), porém projetamos um EBITDA de R$ 167 milhões para o ano, excluindo receitas de trading.
O BTG Pactual lembra que o ativo foi vendido por R$ 800 milhões, com caixa líquido de R$ 24 milhões a partir de junho de 2022. Juntamente com Mascarenhas, a EDB tinha mais duas UHEs disponíveis para venda (Jari e Cachoeira Caldeirão), que tinham contrato de exclusividade com o CDPQ, mas não conseguiram chegar aos termos finais.
O banco informa que a concessão original de Mascarenhas expirou em julho de 2025, mas foi prorrogada até março 2027 devido a acordo recente. O contrato prevê a possibilidade de prorrogação em troca do pagamento da taxa de concessão. Se a concessão for renovada, e assumindo as mesmas variáveis utilizadas na renovação das usinas hidrelétricas das concessões da Eletrobrás, a EDB terá direito a um ganho adicional de R$ 425 milhões, diz análise. Se o comprador optar por não renovar a concessão, a EDB terá direito à parte da indenização relacionada aos ativos não depreciados da usina.
O BTG Pactual também vê dividendos mais altos à frente. Acertamos os números da UHE Mascarenhas e alcançamos um valor presente líquido justo de R$ 572 milhões, considerando: 7,5% do custo de capital próprio, preço da energia LT de R$ 150/MWh, GSF ou 15% em 2022 e 5% a partir de 2023 e não renovação da concessão.
De acordo com os cálculos dos analistas do BTG, o negócio gera valor presente líquido de R$ 228 milhões (R$ 0,4/ação) – com o ganho de R$ 425 milhões como vantagem, pois não considera nenhuma extensão de concessão em seus números.
No 2T22, Mascarenhas tinha um valor contábil de R$ 264 milhões, o que deve gerar um ganho de capital (líquido de impostos) de R$ 354 milhões, estima o BTG, que acredita que a companhia destine 50% de pagamento de dividendos, aumentando o rendimento de dividendos esperados para 2022 de 5,5% para 6,8%.