São Paulo – A Bolsa fechou em alta de 0,41%, pelo segundo dia seguido, com a ajuda do setor financeiro, em movimento contrário aos índices em Nova York. Mas, na semana, o Ibovespa acumulou queda de 1,27%.
Outros papéis de destaque de valorização no índice, na sessão de hoje, foram do setor de construção, sensíveis a juros altos, e com a sinalização do fim do ciclo de alta da Selic foram beneficiadas.
Mais cedo, o relatório de emprego (payroll, sigla em inglês) – indicador importante para entender a economia norte-americana- ajudou a impulsionar o mercado global, com os investidores aliviados com o dado da taxa de desemprego em alta-subiu 3,7% em agosto- e o rendimento mensal do trabalhador indicando desaceleração-alta de 5,2% em agosto. Mas lá fora o humor mudou.
O principal índice da B3 avançou 0,41%, aos 110.864,24 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em outubro subiu 0,34%, aos 112.275 pontos. O giro financeiro foi de R$ 33,5 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam no negativo.
Leonardo de Santana, analista da Top Gain, disse a Bolsa se mantém no positivo graças ao setor financeiro e de construção. “Os bancos estão todos em alta e o de construção está se beneficiando bem nos últimos dias com o fim do ciclo de alta de juros, mas sofreram bastante com a elevação da Selic;o varejo está misto”.
Armstrong Hashimoto, sócio e operador de renda variável da Venice Investimentos, disse que o dado de payroll ajudou as bolsas aqui e no exterior.
“Apesar de a criação de vagas ter vindo acima das expectativas, o salário por hora trabalhada veio um pouco em linha com que o mercado projetava e acabou dando um alívio na pressão da alta dos juros, não que tenha mudado ou revertido tendência. O mercado segue apostando em alta de 0,75 pp na próxima reunião”.
Hashimoto disse que o Ibovespa segue forte com destaque para o setor de bancos e as commodities metálicas estão subindo apesar da queda do minério. “O mercado está fazendo ajuste em relação à Vale, um papel que acabou sofrendo muito na última semana”
O sócio e operador de renda variável da Venice Investimentos destacou que em outubro acontece o 20º Congresso Nacional do Partido Comunista, o que deve reforçar o poder do atual presidente chinês Xi Jinping. “Pode vir um anúncio do Xi Jinping para estimular a economia e pode ser que o mercado já começa a olhar para essa questão”.
Rafael Passos, analista da Ajax Capital, disse que o payroll traz um pouco de alívio para o mercado no curto prazo. “Quando analisamos o rendimento salarial mensal caindo e alta na taxa de desemprego é ‘positivo’, diminuem as apostas de ter um Fed mais hawkish”. Mas, apesar disso, o rendimento salarial em base anual é alto-subiu 5,2% em base anual e “o Fed ainda tem um trabalho árduo e longo pela frente”.
De acordo com um analista de uma grande gestora de investimentos que não quis se identificar, disse que o payroll impactou diretamente no mercado que passaram a subir.
“Foi uma notícia levemente boa com o aumento da taxa de desemprego, o que mostra que a economia nos Estados Unidos não está tão aquecida. Agora o foco será a inflação”.
O dólar comercial fechou a R$ 5,187 para venda, com desvalorização de 0,97%. Com o recuo de hoje, a alta semanal recuou para 2,15%. O mercado avaliou positivamente o resultado do payroll norte-americano, encerrando a semana com o sentimento de que o Fed poderá ser menos rígido na decisão de política monetária de setembro, que será anunciada no dia 21. Com isso, abriu-se espaço para um movimento de correção.
A economia dos Estados Unidos criou 315 mil postos de trabalho em agosto e a taxa de desemprego subiu para 3,7%, de 3,5% em julho. O número de vagas criadas ficou acima da projeção dos analistas, que esperavam abertura de 309 mil vagas. A taxa de desemprego veio acima da previsão, de 3,5%.
Os dados foram divulgados pelo Departamento do Trabalho do país e as estimativas foram levantadas com analistas pela Agência CMA. O Departamento do Trabalho informou também que em julho foram criados 526 mil postos de trabalho, menos que as 528 mil vagas divulgadas na leitura preliminar.
“O mercado vai em direção contrária ao que o FED deseja, que é um aperto das condições monetárias. Mercado acredita que esses números façam o FED subir menos os juros”, afirmou Piter Carvalho economista chefe da Valor Investimentos.
Segundo Vanei Nagem, responsável pela Mesa de Câmbio da Terra Investimentos, o resultado veio um pouco melhor do que o esperado. Nagem explicou que o câmbio esteve muito volátil nos últimos dias, o que ajudou na correção. “Fomos uma das piores moedas, que exagerou na subida”, completa.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda após relatório de trabalho nos Estados Unidos.
O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 13,710% de 13,720% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 12,845%, de 12,875%, o DI para janeiro de 2025 ia a 11,710%, de 11,760% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,475% de 11,545%, na mesma comparação.
Os principais índices de mercados de ações norte-americano fecharam em queda no pregão, recuando pela terceira semana consecutiva, depois de um sólido relatório de emprego em agosto para os Estados Unidos reforçar a tendência de continuidade da subida das taxas de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano).
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: -1,07%, 31.318,44 pontos
Nasdaq 100: -1,31%, 11.630,9 pontos
S&P 500: -1,07%, 3.924,26 pontos
Com Dylan Della Pasqua, Pedro de Carvalho e Darlan de Azevedo / Agência CMA