Ações da Petrobras caem após corte do preço do gás de cozinha, seguindo exterior negativo

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Foto: Divulgação/Petrobras

São Paulo – As ações da Petrobras recuam em dia negativo para a Bolsa, que segue o mau humor do exterior após a divulgação de dados de inflação acima do esperados nos EUA e com oscilação das cotações de petróleo no exterior. Ontem, a companhia anunciou o corte de 4,70% no preço do GLP (gás de cozinha) e hoje a confirmou alterações em seu comitê de pessoas, agora formado somente por membros indicados pelo governo do presidente Jair Bolsonaro, que é acionista controlador da empresa.

Por volta das 12h19 (horário de Brasília), os papéis PETR3 e PETR4 caíam 1,98% e 2,50%, a R$ 34,57 e R$ 30,78, enquanto o Ibovespa caía 1,44%.

Os analistas avaliam que o corte de preço do gás de cozinha anunciado ontem já era esperado e acompanha quedas recentes do petróleo no mercado internacional.

A Ativa Investimentos, por exemplo, destacou que a companhia não atualizava o preço do GLP desde abril, quando o Brent batia US$ 120 e o dólar também se encontrava mais alto que agora. “Desta forma, já esperávamos uma atualização nos preços de referência do produto, cujo processo nos parece seguir fidedignamente a política da companhia de evitar repassar a volatilidade dos preços internacionais”, comentaram seus analistas.

A Genial Investimentos reforçou que o gás de cozinha não era reajustado há mais de cinco meses, desde 9 de abril e sublinhou que o impacto no IPCA é pouco significativo, projetando redução de 0,04 pontos de porcentagem no índice cheio.

“Nossa projeção para o IPCA de 2022 foi revisada para 5,9% com viés para baixo, diante da provável nova redução da gasolina no mês de setembro e da possibilidade do fim da cobrança do ICMS sobre serviços de transmissão e distribuição de energia, que ainda não ocorreu na maior parte dos estados”, informou a Genial.

Por outro lado, a corretora avalia que o risco para o cenário inflacionário decorre do retorno dos tributos federais (PIS/COFINS e CIDE) no ano de 2024. Para o ano que vem, diante da previsão orçamentária, a hipótese de manutenção da desoneração nos parece factível, entretanto, diante da maior necessidade de receitas para manter o equilíbrio fiscal, a percepção dos agentes com a viabilidade fiscal da medida já começa a modificar as expectativas de inflação para 2024, sendo um risco altista para o cenário de inflação do Banco Central.

COMITÊ DE PESSOAS

Nesta segunda-feira (12/9), a companhia também formalizou a novacomposição do Comitê de Pessoas (COPE), para completar o período de gestão 2022-2024, que será presidido pela conselheira Iêda Aparecida de Moura Cagni e terá os conselheiros Edison Antônio Costa Britto Garcia, Gileno Gurjão Barreto, os membros externos Ana Silvia Corso Matte e Tales José Bertozzo Bronzato.

A nova composição do comitê ocorreu em 31 de agosto e foi aprovada pelos conselheiros Gileno Gurjão Barreto, Iêda Aparecida de Moura Cagni, Caio Mário Paes de Andrade, Edison Antônio Costa Britto Garcia, Jônathas Assunção Salvador Nery de Castro, José João Abdalla Filho e Ricardo Soriano de Alencar.

Os conselheiros Marcelo Gasparino da Silva e Rosangela Buzanelli Torres propuseram outras formações. Marcelo Mesquita de Siqueira Filho acompanhou a proposta de Buzanelli.

Com isso, o comitê passou a ser formado somente por membros indicados pelo governo e nenhum conselheiro minoritário, o que facilita a formação de maioria para aprovação das trocas de executivos da empresa pelo presidente Caio Paes de Andrade.

A mudança ocorre após a troca do conselho de administração da Petrobras, em 19 de agosto, que teve todas as seis cadeiras da União alteradas por indicação do governo em assembleia de acionistas.