São Paulo – A indústria do petróleo vai investir US$ 183 bilhões no Brasil, nos próximos dez anos, segundo Roberto Ardenghy, presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), na cerimônia de abertura da Rio Oil & Gas 2022, evento organizado pelo instituto que começou nesta segunda-feira (26/9) e se estenderá até a próxima quinta-feira (29/9), no Rio de Janeiro (RJ)
O executivo destacou também a expectativa de que sejam criados 500 mil empregos e recolhidos US$ 622 bilhões aos cofres públicos com a produção de petróleo e gás, no país, na próxima década.
O presidente do IBP ressaltou ainda que o futuro da indústria do petróleo é descarbonizado, seguro, eficiente, diverso e inclusivo. O setor, atualmente, produz 3,5 milhões de barris de óleo equivalente (boe) por dia e transporta 400 milhões de litros de combustíveis pelo país. Tudo isto com segurança, eficiência operacional e extremo cuidado ambiental, acrescentou Ardenghy.
COMBUSTIVEIS E TECNOLOGIA
O mercado de combustíveis terá crescimento de 25% a 30% da demanda até 2035, o que mostra sua relevância para a matriz energética. “Para atender essa demanda, é preciso um mercado cada vez mais aberto, competitivo e com investimentos em infraestrutura, destacou Marcelo Araújo, diretor do grupo Ultrapar”, durante painel Um novo paradigma para distribuição e revenda de combustíveis no Brasil.
Temos ainda um desafio de infraestrutura para atender essa demanda de 30%. Estudo do IBP estima necessidade de R$ 118 bilhões de investimentos em infraestrutura e que devem reduzir em R$ 2,6 bilhões por ano do custo total de distribuição, ressaltou Araújo.
Henry Hadid, vice-presidente jurídico da Vibra, destacou a importância da Lei 192, que busca a simplificação tributária no segmento dos combustíveis, e aprovou a monofasia do ICMS cobrança em apenas um elo da cadeia do setor.
Symone Araújo, diretora da ANP, destacou a necessidade de a agência reguladora responder os desafios de crescimento do setor, removendo barreiras, estimulando a atuação segura de novos agentes e buscando ampliar a concorrência. Precisamos atrair investimentos. Com privatização do refino, teremos novos fluxos e agentes competidores. Queremos ter um mercado ainda mais aberto, dinâmico e competitivo, finalizou a diretora da ANP.
INFRAESTRUTURA
O papel da infraestrutura teve destaque nos painéis do evento por ser um dos gargalos no desenvolvimento do país, inclusive no que diz respeito à descarbonização. Para Thiago Barral, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), é preciso combinar investimentos públicos e privados para aumentar o investimento do PIB na melhoria da infraestrutura brasileira. Ele participou do painel Descarbonização profunda da cadeia de valor de energia.
Fernanda Delgado, diretora executiva corporativa do IBP, lembrou que o mercado e números expressivos apontam que o Brasil já fez a sua transição energética. “Muitos dizem que já fizemos a nossa transição. 85% da nossa matriz de energia elétrica é totalmente renovável. Além disso, o Brasil já sai na frente por termos o biodiesel. As refinadoras vão ter que ser adaptar a um futuro de combustíveis alternativos”, afirmou.
Outro ponto abordado no painel foi a diversidade relacionada ao uso de diferentes fontes de energia em diferentes segmentos e regiões. Na prática, essa diversidade já começa a acontecer, com a participação da indústria da aviação, de portos, aeroportos, empresas de seguro e instituições de financiamento debatendo a descarbonização.
Segundo Doreen Burse, vice-presidente mundial de vendas da United Airlines, quer reduzir em 85% as suas emissões de carbono até 2050.
TECNOLOGIA E INOVAÇÃO
O IBP destacou a necessidade de investimentos de US$ 90 bilhões pela da indústria do petróleo até 2026 em inovações e tecnologias para avançar rumo à descabornização, com garantia de acesso à energia por toda população, em debates nesta segunda-feira (26), na Rio Oil & Gas, no Rio de Janeiro (RJ).
Fernanda Delgado, diretora executiva corporativa do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás, destacou a necessidade desse aporte para concretizar essas novas tecnologias, como inovações para promoção do netzero, e que 50% dos novos processos e tecnologias ainda não foram criados, de acordo com Agência Internacional de Energia.
“Fósseis e renováveis não são inimigos. O futuro depende de cooperação para gerar oportunidades. Especialmente quando falamos nos segmentos de O&G e energia, que são responsáveis por 15% das emissões diretas e indiretas globais, avalia a executiva.
Para o professor de sustentabilidade da UFRJ, Millad Shadman, a eletrificação, a eficiência e a transição energética nos segmentos de O&G e energia devem estar integradas para se alcançar a neutralidade de carbono até 2050.
O gerenciamento do mix energético também composto por eólica, eólica offshore e solar é fundamental para o avanço de uma política de baixo carbono, avalia Elbia Gannoun, presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica). Ela defende que o Brasil deve ser parte de um dos principais blocos de investimentos do mundo para desenvolvimento de inovações e tecnologias disruptivas nestas áreas.
Com informações do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás.