Bolsa tem leve alta com dia favorável para commodities; dólar sobe

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São Paulo – A Bolsa fechou em alta com o avanço das ações de maior peso no índice impulsionada pela alta das ações da Petrobras e demais petrolíferas, após a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados (Opep+) anunciar a maior redução na produção de petróleo desde abril de 2020, em dois milhões de barris por dia. Os investidores calculam os ganhos com a elevação dos preços da commodity.

As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4), Petro Rio e 3R Petroleum fecharam com ganhos de 3,93%, 3,88%, 3,19% e 3,14%.

Outros ativos de peso no índice ligados a commodities, Vale (VALE3, +1,67%) e Suzano (SUZB3, +2,64%), também contribuíram positivamente, após a divulgação de notícias favoráveis. Além disso, o preço do minério de ferro em Singapura estabilizou e deu uma sustentação para o índice no setor de mineração e siderurgia. O papel da CNS também ficou entre os destaques de alta, com 3,16%.

O Ibovespa, principal índice da B3 subiu 0,83%, aos 117.197,82 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em outubro subia 0,82%, aos 117.875 pontos. O giro financeiro era de R$ 24 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam em queda, após sessão volátil.

Rafael Weber, head da RJI Gestão e Investimentos, disse que o anúncio da Opep+ foi determinante especialmente para a Petrobras, que valorizou bastante, o que influencia muito o índice, assim como Petro Rio e 3R Petroleum.

Já a ação da Vale foi impulsionada pela confirmação da empresa, hoje de manhã, de que contratou assessores financeiros para avaliar uma possível operação envolvendo sua unidade de metais básicos, após notícias divulgadas na imprensa internacional mostrarem que a mineradora está em negociações para vender participação de US$ 2,5 bilhões do seu negócio de níquel e cobre.

“Esse anúncio não era esperado ainda este ano, então trouxe um impacto positivo para a Vale”, comentou Weber. “Hoje o movimento foi realmente puxado por Petro e Vale, além de CSN, no embalo do preço do minério.”

O analista comenta que a ação da Lojas Renner valorizou após a recomendação positiva de uma casa estrangeira em relação a papéis ligados ao mercado doméstico.

Weber acredita que a ação da Suzano foi impulsionada após decisão favorável da Justiça paulista à Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) e à Associação dos Plantadores de Cana do Médio Tietê (Ascana), que proibiu a aquisição de terras pela Bracell, produtora de celulose do grupo asiático Royal Golden Eagle (RGE), acima dos limites estabelecidos pela lei 5.709/1971, que restringe a compra de terras no país por estrangeiros.

O Banco do Brasil também recuperou da queda de hoje e fechou em alta de 1,93%, e a Weg também subiu 1,20%.

Fabio Louzada, economista, analista CNPI e fundador e CEO da escola Eu me banco, da área de investimentos, também destacou a alta das commodities com destaque para as empresas de petróleo. “O anúncio da Opep+ de corte da produção de petróleo fez o preço subir. Nos últimos dias, já víamos o ativo subindo devido à especulação em torno desse corte, que de fato foi anunciada hoje. Embaladas pela notícia, tivemos empresas como PetroRio, 3R Petroleum e Petrobras subindo com força.”

Outro destaque do dia foi a fala dura de um membro do FED que afirmou ver mais altas nas taxas de juros até que a inflação seja realmente controlada. E que é preciso que todos estejam preparados para vermos uma inflação mais persistente do que o esperado. “O tom duro pode ter influenciado também na alta do dólar hoje, já que em tempos de insegurança e risco de recessão econômica, os investidores buscam investir em países de economia mais segura”, comenta Louzada.

O mercado espera agora pelo payroll na sexta-feira, que poderá trazer mais indicações dos próximos rumos do FED.

Os analistas também avaliam que o mercado continua reagindo de forma positiva ao fato de que a maior parte dos eleitos na Câmara e no Senado serem de direita e pró-mercado e investidores também seguem atentos às alianças feitas pelos candidatos para o segundo turno. Hoje o maior destaque foi o apoio de Simone Tebet ao candidato do PT, o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva. O presidente Jair Bolsonaro também recebeu apoio dos governadores reeleitos do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), e do Paraná, Ratinho Junior (PSD).

“Estamos num ambiente de muita polarização, mas não há nada que consiga definir o resultado para o segundo turno, ainda muito incerto e provavelmente deve ser definido somente no fim do mês”, opina Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos.

Os investidores ficam à espera do Payroll, relatório de emprego dos EUA, que deve mostrar como anda a atividade econômica por lá.”O mercado ainda está calibrando as apostas até o payroll, após a divulgação do ISM, um termômetro importante da economia norte-americana, que surpreendeu e mostrou que a atividade está bastante robusta e os diretores do Fed mantiveram a postura mais dura de política monetária”, explica Beyruti.

O dólar comercial fechou em alta de 0,34%, cotado a R$ 5,1870. O movimento de hoje foi de maior aversão global ao risco, com o temor crescente de uma recessão mundial, além das expectativas para a próxima reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), que tende a manter sua postura hawkish (severa, propensa ao aumento dos juros).

O economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, acredita que “desde segunda estamos vendo uma correção de excesso do risco local. O real está depreciando menos que os pares, com o aspecto político ainda positivo”.

Borsoi entende que no cenário macroeconômico os Estados Unidos são “a roupa menos suja na lavanderia”, e que isso é preocupante, já que a economia daquele país segue aquecida, o que reforça a expectativa por um Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) mais incisivo.

Segundo o analista da Ouro Preto Investimentos, Bruno Komura, “hoje o dólar ganha força globalmente, e apresenta uma correção. Os sinais de aquecimento nos Estados Unidos aumentam as expectativas com o Fed”.

Para a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, “os dados de emprego mostram que a economia norte-americana segue aquecida e aumenta as expectativas para a próxima reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) e reforça o viés de alta do dólar”.

De acordo com o relatório da Automatic Data Processing (ADP) e Macroeconomic Advisers foram criadas 208 mil vagas nos Estados Unidos em setembro. A expectativa ficou ligeiramente acima das projeções de 200 mil vagas, e o indicador exclui o setor rural.

Abdelmalack, contudo, acredita que o real segue descolado do exterior, beneficiado pelo fluxo estrangeiro. A moeda brasileira, contudo, deve mostrar forte oscilação até a definição das eleições presidenciais que ocorrem no próximo dia 30.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam mistas. Elas refletem as incertezas globais com uma possível recessão mundial e as dúvidas sobre quando a inflação, tanto local quanto no exterior, irá começar a cair. O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 13,672% de 13,678% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 12,735%, de 12,745%, o DI para janeiro de 2025 ia a 11,520%, de 11,460% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,310% de 11,255%, na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar operava em alta, cotado a R$ 5,1740 para venda.

Os principais índices de ações do mercado dos Estados Unidos fecharam em queda apesar do ensaio de um rali na última hora da sessão, quando as bolsas chegaram a operar em alta após chegarem a cair cerca de 2% em suas mínimas no dia. O pessimismo ao longo da sessão veio depois do relatório da Automatic Data Processing (ADP) mostrar o mercado de trabalho norte-americano ainda aquecido apesar do ritmo de alta nos juros.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o
fechamento:

Dow Jones: -0,14%, 30.273,87 pontos
Nasdaq 100: -0,25%, 11.148,6 pontos
S&P 500: -0,20%, 3.783,28 pontos

Paulo Holland / Darlan de Azevedo / Agência CMA.