Diretoria da Copel adota tom de cautela, mas já projeta companhia como uma corporação

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São Paulo – A diretoria da Copel adotou tom moderado quando respondeu às muitas perguntas de analistas sobre uma provável privatização da companhia, anunciada ontem por meio de Fato Relevante. Durante teleconferência realizada na manhã de hoje, o presidente da empresa, Daniel Slaviero, disse algumas vezes que vai esperar algum desfecho para avaliar os impactos da possibilidade, mas fez algumas conjecturas de como seria uma Copel privatizada.

“Temos de esperar o desfecho disso, para depois avaliar o cenário, execução…Mas é esse grupo aqui é quem toca a companhia e esse grupo quem vai continuar tocando”, disse Slaviero, exibindo a diretoria executiva da Copel que respondia às perguntas com ele.

“Ainda vamos parar e avaliar os impactos sobre todo esse processo, não tivemos tempo hábil de fazer uma análise minimamente razoável”, disse. “Mas um dos grandes benefícios dessa transação é a manutenção e preservação dos ativos da companhia. Qualquer copeliano tem amor!, disse, se referindo aos trabalhadores da Copel.

Isso porque a Copel, que é a Companhia Paranaense de Energia informou nesta segunda-feira que seu acionista controlador, o governo do Estado do Paraná, tem a intenção de transformar a empresa em companhia de capital disperso e sem acionista controlador.

No caso de se tornar uma corporação, a Copel competiria com a Eletrobras, que foi capitalizada em junho deste ano, lembra o executivo. “A Eletrobras, por exemplo, renovou 22 concessões! Imagina o benefício que você pode ter com a preservação do ativo, da capacidade de geração Temos que tomar a decisão no momento adequado para melhor solução para a companhia.”

Informou, ainda, que ainda não tem ideia de oportunidades após possível transformação em corporation, e disse que a prioridade é cuidar do ‘copeliano’. “Antes de qualquer coisa, cabe a cada um de nós, como líderes, diretores, explicar que modelo é esse. Transformar numa corporation: o que é isso? Como funciona na prática?”

Nos próximos dias, haverá uma reunião com todos os funcionários da empresa. A intenção é tranquilizar os colaboradores. “Quer melhor operador de usina do que o operador de usina que já está lá?”, diz o chefe da companhia.

Ainda segundo a empresa, há muito espaço para investir na Copel, segundo a diretoria executiva explicou durante a teleconferência. Especialistas mostram que uma base 57% depreciada não gera retorno e custa muito caro em termos de manutenção. “Hoje temos seis transformadores com mais de 60 anos. Ainda é possível reformar a nossa rede, renovar O espaço para investir na nossa rede ainda é muito grande.”

Por conta de um time de diretores e conselheiros que Slaviero garante que não deve mudar tão cedo, ele argumentou que a política de dividendos da companhia não deve mudar a curto ou médio prazo.

Camila Brunelli / Agência CMA