Faturamento do setor eletroeletrônico atinge R$ 220,4 bilhões em 2022, diz Abinee

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São Paulo – A indústria eletroeletrônica encerrou 2022 com faturamento de R$ 220,4 bilhões, um crescimento nominal de 4% na comparação com 2021. Porém, descontada a inflação, houve queda de 2% no faturamento do setor, segundo a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee). A produção física do setor apresentou queda de 4% em 2022 em relação ao ano passado.

“O ano apresentou fortes oscilações de expectativas, impactos externos e incertezas político-econômicas, que refletiram no desempenho do setor”, afirma o presidente executivo da Abinee, Humberto Barbato. Entre os principais problemas enfrentados pela indústria eletroeletrônica em 2022 estão as dificuldades na aquisição de semicondutores, em razão de lockdowns na China e guerra da Ucrânia.

Ele acrescenta que o desempenho do setor foi marcado por diferentes movimentos entre as áreas de bens de consumo e bens de capital. Áreas como Geração, Transmissão e Distribuição (GTD) de Energia Elétrica, Automação Industrial e Equipamentos Industriais cresceram, em termos reais (descontada a inflação), 13%, 12% e 10%, respectivamente, enquanto segmentos como Informática, Dispositivos Móveis (celulares) e Utilidades Domésticas apresentaram queda de 6%, 2% e 11%, respectivamente.

“Nos anos de 2020 e 2021, a venda de produtos como celulares e computadores, entre outros bens de consumo eletrônicos, tiveram aumento acima da média em razão do home office e do ensino à distância, por esta razão, o desempenho deste ano foi menos expressivo, já que houve uma antecipação de compras”, ressalta.

EMPREGO

O destaque do ano foi o aumento de 2% no nível de emprego do setor, que passou de 264 mil em dezembro de 2021 para 270 mil pessoas no final deste ano, o que corresponde à geração de 6 mil vagas nas associadas da Abinee. “Nos últimos dois anos foram geradas aproximadamente 23 mil vagas de emprego, o que indica a retomada do setor”, observa o presidente do Conselho de Administração da Abinee, Irineu Govêa.

BALANÇA COMERCIAL

As exportações do setor cresceram 16% em 2022, passando de US$ 5,7 bilhões para US$ 6,6 bilhões. Os produtos mais exportados foram motores e geradores, alta de 44% na comparação a 2021, eletrônica embarcada, crescimento de 22%, e componentes para equipamentos industriais, queda de 13% em relação a 2021.

As importações aumentaram 14%, de US$ 40,2 bilhões, em 2021, para US$ 45,9 bilhões este ano. Os produtos mais importados foram semicondutores, alta de 19% em comparação a 2021, módulos fotovoltaicos, crescimento de 127%, e componentes para telecomunicações, redução de 20% na comparação anual. Com isso, o déficit da balança comercial atingiu US$ 39,3 bilhões, total 14% superior ao apresentado em 2021.

SEMICONDUTORES

O presidente da Abinee disse que é fundamental uma política de governo para resolver a escassez de semicondutores no país. O gargalho ficou claro durante a pandemia, que mostrou a dependência do Brasil e de outros países pela produção chinesa do produto.

“O governo vai editar uma Medida Provisória para ampliar o atual Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Semicondutores (Padis) no sentido de estimular mais investimento das empresas que já estão instaladas no país, mas principalmente gerar fatores de efetividade para a produção do país”, explicou o executivo.

Pelo programa, as empresas habilitadas precisam investir 5% do faturamento em pesquisa na área de semicondutores e componentes eletrônicos. O projeto também inclui como beneficiários do Padis os fabricantes de várias peças, componentes e insumos utilizados para a fabricação de painéis fotovoltaicos.

Logo após o início da pandemia, a distribuição e fabricação de semicondutores chineses foi prejudicada. Desde então, os setores que precisam de semicondutores têm sido afetados, entre eles, a indústria automobilística.

Pesquisa realizada pela Abinee mostrou que o percentual de entrevistados que relataram dificuldades na aquisição destes itens no mercado, passou de 71% no primeiro semestre de 2022, para cerca de 60% nas duas últimas sondagens realizadas pela Abinee (setembro e outubro de 2022).

Apesar da melhora, este número permanece elevado e continua afetando a produção da indústria elétrica e eletrônica. Conforme o último levantamento realizado pela Abinee, apenas 5% dos entrevistados acreditam que a normalidade no fornecimento de semicondutores deverá acontecer até o final deste ano.

A maior parte dos entrevistados (61%) projetam a normalidade no abastecimento de componentes semicondutores para 2023, sendo que para 33% ainda no 1º semestre do próximo ano e para 28% apenas no 2º semestre de 2023. Apenas 15% acreditam que a normalidade dessa situação ocorra somente a partir de 2024 e 19% das pesquisadas estão sem previsão.

PERSPECTIVAS

Para 2023, os empresários do setor têm expectativas cautelosas. A mais recente sondagem realizada com os associados da Abinee indicou que 58% das empresas projetam crescimento nas vendas/encomendas no próximo ano; 33%, estabilidade e apenas 9%, queda.

O setor eletroeletrônico espera um crescimento nominal de 5% no faturamento, que deve alcançar R$ 231 bilhões em 2023. Descontada a inflação, o setor espera registar estabilidade no indicador.

A Abinee também projeta elevação de 1% na produção e aumento de 2% no nível de emprego, que deve passar de 270 mil para 275 mil trabalhadores. As exportações devem crescer 2% (US$ 6,8 bilhões) e as importações, 3% (US$ 47,3 bilhões).