Após turbulência com Lei das Estatais Bolsa fecha em leve alta; Haddad tranquiliza mercado; Dólar tem leve queda

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A Bolsa fechou em leve alta, mas o pregão foi de muito estresse com a mudança da Lei das Estatais, o que gerou a forte queda nas ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) e Banco do Brasil (BBAS3), vencimento de opções sobre o índice futuro e decisão de política monetária nos Estados Unidos. O que acalmou o mercado foram as falas do futuro ministro Fernando Haddad durante à tarde na GloboNews.

As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) despencaram 9,80% e 7,93% e Banco do Brasil (BBAS3) perdeu 2,47%.

O principal índice da B3 subiu 0,19%, aos 103.745,77 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em dezembro tinha queda de 0,03%, aos 103.570 pontos. O giro financeiro era de R$ 79,4 bilhões. Em NY, as bolsas fecharam em queda.

Caio Henrique Soares Rodrigues, especialista em investimentos, comentou que o futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad fez um pronunciamento tentando acalmar um pouco os investidores dizendo “que gente não está em um momento de expansão fiscal e que o estado forte não seria um estado grande”.

Rodrigues também comentou que o Fed “não gerou grande movimento na Bolsa porque já estava precificado, mas a mudança na Lei das Estatais causou fragilidade enorme no mercado porque traz risco de insegurança jurídica, governamental e o vê risco país aumentando; o mercado não gosta de estatização; a Petrobras perdeu muito dinheiro”

André Luzbel, head de renda variável da SVN Investimentos, disse que a queda de hoje na Bolsa foi “pontual, se a Petrobras não estivesse caído, a Bolsa estaria subindo de 1 a 2% e hoje também é dia de vencimento de opções sobre o índice futuro”. Luzbel comentou que o “Haddad foi mais tranquilo na entrevista que concedeu à tarde à Globonews”.

O head de renda variável também comentou que ” atingimos o pico do pessimismo porque o índice está no ponto que está ficando muito descontada em relação ao mundo inteiro, ela está muito barata”.

Dan Kawa, CIO da TAG Investimentos, comentou que a queda de juros apenas em 2024 e 2025 “pareceu, à primeira vista uma decisão dura do Fed, sendo que o mercado precificava que a queda seria ainda em 2023”.

Gabriel Meira, especialista da Valor Investimentos, disse que apesar de uma moderada na alta de 0,50 pp, “a maior parte dos dirigentes do Fed prevê um juro acima de 5% até o fim de 2023 nos Estados Unidos; Powell disse que apesar da inflação elevada, as expectativas de inflação de longo prazo segue ancorada, mas não vai ter vista grossa para o controle dos preços”.

Nicolas Farto, head de renda variável da Renova Invest, disse que a aprovação da Lei das Estatais “na calada da noite”, fala de Lula confirmando que acabará com privatizações e ainda as indefinições sobre o arcabouço fiscal impactaram na Bolsa, mas “a mudança na Lei das Estatais pesou porque mexe com a governança das empresas estatais e abre brecha para defender interesses políticos e não das empresas com a entrada de técnicos”.

Apesar de a Lei ainda precisar passar pelo Senado e ir à sanção presidencial, a aprovação de ontem foi uma sinalização muito ruim, segundo Farto, e mostrou que “o governo eleito está com muita moral”.

Farto ressaltou que “o pano de fundo é uma transição turbulenta e o mercado exagera para cima e para baixo”. O head de renda variável da Renova Invest disse que o dado IBC-Br, divulgado mais cedo, que veio pior que o esperado-teve variação negativa de 0,05% em outubro e o mercado esperava alta de 0,50% “foi um componente para a queda nas ações de consumo”. Os papéis caíam forte também impactados pela alta na curva de juros. Magazine Luiza (MGLU3) perdia 7,50%.

Em relação ao Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Farto acredita que já está precificado o aumento de 0,50 percentual (pp) e a expectativa fica para a fala do presidente da instituição Jerome Powell, que dependendo das sinalizações pode trazer um “alívio” para o mercado.

O dólar comercial fechou em queda de 0,01%, cotado a R$ 5,3090. O movimento da moeda foi marcado por três vetores, ao longo dia: aumento de 0,5 ponto percentual (pp) nos juros do Estados Unidos, entrevista do futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, à GloboNews e a aprovação, na Câmara, da nova Lei das Estatais, na noite de ontem

Para a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, “o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) não sinalizou os próximos passos no comunicado, se já estão próximos ao fim do ciclo de elevação de juros ou não. Tudo indica que eles trabalham com juros de 5,0% ao final do ciclo. Eu ainda não vejo com muita clareza se este será o patamar terminal de juros nos Estados Unidos, ainda precisamos ver mais dados de inflação”.

Abdelmalack também acredita que Haddad impactou o câmbio: “A recuperação do real pode estar mais associada ao discurso do Haddad tentando passar tranquilidade para o mercado em relação à gestão do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e as concessões futuras de crédito por este banco público”, opina.

Em comunicado divulgado após a reunião, o Fed disse que “o Comitê busca alcançar o máximo de emprego e inflação à taxa de 2% no longo prazo. Em apoio a essas metas, o Comitê decidiu aumentar a faixa-alvo para a taxa básica de juros para 4,25% a 4,5%. O Comitê antecipa que os aumentos em curso na faixa da meta serão apropriados para atingir uma postura de política monetária suficientemente restritiva para retornar a inflação para 2% ao longo do tempo”.

Para o analista da Ouro Preto Investimentos Bruno Komura, “as notícias apontam que o Lula (PT) irá fazer de tudo para aumentar os gastos. É um retrocesso no avanço do mercado de capitais, e certamente vai impactar a inflação e consequentemente o dólar”.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) perderam ímpeto, mas fecharam em alta nesta quarta-feira (14), com riscos fiscais no radar. O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 13,660% de 13,662% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 14,065%, de 13,975%, o DI para janeiro de 2025 ia a 13,830%, de 13,420% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 13,610% de 13,130%, na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar operava em alta, cotado a R$ 5,3170 para venda.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em campo negativo, depois do anúncio do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de subir os juros em 0,50 ponto percentual (pp) e subir a previsão das taxas para até 5,1% em 2023, um número maior do que o previsto no relatório de setembro.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,42%, 33.966,35 pontos
Nasdaq 100: -0,76%, 11.170,9 pontos
S&P 500: -0,60%, 3.995,32 pontos

Pedro do Val de Carvalho Gil / Soraia Budaibes/ Paulo Holland/ Darlan Azevedo