Bolsa fecha em queda em dia de baixa liquidez e alta na curva de juros, dólar sobe

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São Paulo- A Bolsa fechou em queda em dia de liquidez reduzida, uma das piores de 2022, por conta do feriado nos Estados Unidos e a proximidade do fim de ano. Outro ponto de atenção foi a alta na curva dos juros futuros refletindo o boletim Focus que mostrou a perspectiva de elevação de inflação e uma redução menor da taxa básica de juros para 2023.

O Ibovespa principal índice caiu 0,87%, aos 108.737,75 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em fevereiro perdeu 0,75%, aos 110.565 pontos. O giro financeiro foi de R$ 10,4 bilhões.

Elcio Cardozo, sócio da Matriz Capital, afirmou que a Bolsa opera em queda na sessão de hoje “em um movimento de correção, após fortes altas na semana passada. O destaque ficou para o Boletim Focus com a projeção para o IPCA levemente superior ao último, o que pode ter colaborado para a alta nas curvas de juros hoje”.

Cardozo destacou a valorização da Vale (VALE3) com a alta do minério de ferro e a reabertura das cidades chinesas. Os papéis da mineradora avançaram 0,91%. Já as ações da Petrobras (PETR3 PETR4) caíram 0,31% e 0,71%” em um movimento de correção, após ter valorizado quase 20% nos sete pregões”.

Marco Noernberg, líder de renda variável da Manchester Investimentos, disse que a Bolsa está com o volume muito baixo facilitando o “gap” para cima ou para baixo muito maior, mas a queda é provocada “pela piora dos indicadores para 2023 com destaque para a inflação e Selic e indefinição de ministérios, principalmente o do Planejamento”.

Noernberg comentou que a Vale (VALE3) avança com a alta do minério de ferro, em Dalian. “Apesar de a China ser uma incógnita, está acontecendo uma flexibilização por lá; Xangai e Pequim estão abrindo o mercado aos poucos em meio ao inverno. Eles têm de melhorar a economia que ainda está represada, mas não querem deixar a covid fugir de o controle e acho que estão sentindo o mercado. Essa medida vejo como perspectiva positiva para o ano que vem e impacta no minério de ferro, que tem subido bem nos últimos idas, quase US$ 120 a tonelada”.

Ubirajara Silva, gestor da Galapagos Capital, disse que sem as bolsas nos Estados Unidos, “os negócios por aqui ficam bem reduzidos; depois de uma semana de otimismo, agora devemos ver um ajuste de posições e o mercado realizar um pouco de os lucros. O destaque continua sendo a China, que apesar da diminuição das restrições em relação à covid, a mobilidade está reduzida e devemos acompanhar de perto”.

O dólar fechou em alta de 0,81%, cotado a R$ 5,2080 para a venda em um movimento de correção e dia de negócios reduzidos por conta do feriado na maior economia do planeta e no mercado europeu.

No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em janeiro de 2023 avançou 0,55%, cotado a R$ 5.210,00.

Segundo o sócio fundador da Pronto! Invest Vanei Nagem, “lá fora não está legal com a inflação na Europa e o aumento de casos de Covid na China”.

“Aqui temos uma correção, com certa suspeita sobre o fiscal, mas o dólar sobe mais pela falta de liquidez do que por outros fatores”, opina Nagem.

Para o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, “a gente está com baixa liquidez e agenda fraca lá fora. o real está em um movimento de ajustes após uma semana de valorização”.

De acordo com o boletim da Ajax Asset, “lá fora, os mercados permanecem fechados, por conta do feriado de Natal. Por aqui, as atenções se voltam ao front político, onde Lula prossegue com as negociações para preencher o restante de seu ministério com representantes dos partidos de centro direita. Espera-se uma abertura mais positiva, com alta da bolsa e queda do dólar”.

“Esses últimos dias mais positivos para ativos domésticos refletem um movimento cíclico, e fatores técnicos mais favoráveis a tomada de risco. Seguimos com valuations atrativos em ativos locais, posição técnica favorável para alocações em Brasil, mas sem triggers (gatilhos) fundamentais para mudanças estruturais de tendências locais”, complementa a Ajax.

As taxas curtas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em alta. A sessão foi marcada pela baixa liquidez devido ao feriado nos Estados Unidos e Europa, o que abriu espaço para um movimento de correção.

O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 13,652 de 13,652% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 13,570%, de 13,460%, o DI para janeiro de 2025 ia a 12,950%, de 12,785% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 12,920% de 12,785% na mesma comparação.

 

Com Paulo Holland