Rombo bilionário da Americanas pode impactar lucro de bancos em quase 11%

795

São Paulo – A Genial Investimentos divulgou hoje análise sobre o impacto do rombo de R$ 20 bilhões das Americanas no sistema bancário.

“Com a potencial entrada em recuperação judicial, os bancos terão que provisionar necessariamente 30% da dívida reportada e não reportada pelas Americanas, que a própria empresa estimou um total de R$ 40 bilhões. Em adição a esse impacto, os bancos também encarteiram muitas vezes as debêntures e bonds de vários clientes como uma forma de empréstimo indireto. Ou seja, aproximadamente R$ 12 bilhões irão transitar nos balanços dos bancos no primeiro trimestre de 2023”, explicou a Genial.

Segundo o levantamento da corretora, Bradesco e BTG Pactual devem ser os bancos mais impactados, seguidos de Itaú e Santander. Já o Banco do Brasil deve ter menor exposição.

“Levando em consideração os principais bancos listados, o impacto seria uma redução média de -12,3% nos lucros acumulados de 12 meses e uma queda média de -0,3 pp no capital nível I. Dentre esses bancos, levando em consideração um impacto de 30% sobre o lucro, os mais impactados negativamente seriam o Bradesco com uma redução de -6,9% nos lucros, BTG Pactual (-3,6%) e Itaú (-3,5%).

O rombo de R$ 20 bilhões tem origem no crédito de risco sacado oriundos de contas a pagar (passivo) com fornecedores PJ. A corretora explicou que a empresa pagava fornecedores com crédito bancário, mas não reconheciam essas transações como dívida no balanço.

“O mais impressionante é que contas a pagar com fornecedor era de apenas R$ 5 bilhões no terceiro trimestre, bem menor que o rombo de R$ 20 bilhões. A conta estoque (ativo) era de apenas R$ 5,77 bilhões no terceiro trimestre, condizente com a conta fornecedor. Ou seja, tudo indica que a empresa pagava fornecedores com crédito e baixava da conta fornecedores e estoque”, detalhou a análise.

BTG

O BTG Pactual entrou, nesta segunda-feira, com um procedimento arbitral contra a Americanas. O procedimento foi iniciado na Câmara de Comércio Brasil-Canadá (CAM-CCBC), uma das principais câmaras arbitrais do país.

O banco de investimentos busca garantir seu direito de receber o que a Americanas lhe deve. Em paralelo, o BTG tenta na Justiça derrubar a liminar obtida pela Americanas que protegia a varejista contra credores.