A Bolsa fechou em alta pelo segundo dia seguido em movimento contrário ao exterior. Os investidores repercutiram as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em que defendeu o reajuste do salário-mínimo e aumento de isenção do imposto de renda.
Somado a isso, as falas de dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) também impactaram no mercado. Alguns defenderam que os aumentos de juros são longe de terminarem.
As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) caíram 1,28% e 1,76% com o anúncio da Federação Única de Petróleo (FUP) em conjunto com a Associação Nacional do Petroleiros Acionista Minoritário da Petrobras (Anapero), que entrarão com novas medidas judiciais e administrativas com a finalidade de suspender o pagamento de dividendos previsto para amanhã (19). “O fato gera instabilidade no mercado da petroleira e investidores com aversão a risco começam a se desfazer do ativo”, disse Rafael Scardua, sócio da Matriz Capital.
Já as outras petroleiras subiram como 3R Petroleum (RRRP3) e PetroRio (PRIO3) avançavam 3,95% e 0,59%.
Os bancos têm mais um pregão de valorização. Itaú (ITUB4) subia 1,80% e Bradesco (BBDC e BBDC4) avançava 1,08% e 1,50%.
As ações da Americanas passaram várias vezes por leilão. No pregão de hoje caíam 8,42%, cotadas a R$ 1,74 .
Mais cedo, o Departamento do Trabalho dos Estados Unidos divulgou o índice de preços ao produtor (PPI, sigla em inglês), que desacelerou em dezembro, caiu 0,5% em dezembro em comparação com o mês anterior enquanto o mercado previa queda de 0,10%. O dado mostra que o banco central norte-americano pode elevar em 0,25 ponto porcentual (pp) os juros na reunião de fevereiro.
O principal índice da B3 subiu 0,70%, aos 112.228,39 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em fevereiro aumentou 0,44%, aos 113.030 pontos. O giro financeiro foi de R$ 37,9 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em queda.
Felipe Leão, especialista da Valor Investimentos, disse que a Bolsa desacelerou a alta “com a piora do clima das bolsas em Nova York, que passaram a operar no vermelho com o temor de recessão e coincidiu com as declarações do presidente Lula, após reunião com as centrais sindicais, em que defendeu uma valorização contínua do salário-mínimo e isenção de IR para quem ganha até 5 mil reais; os dados mais negativos da economia dos EUA chancela o aperto menor pelo Fed na próxima reunião de fevereiro”.
Leão acrescentou que as falas de integrantes do Fed também ajudaram a desacelerar o movimento positivo da Bolsa. “Dois dirigentes disseram que o aperto monetário deve estar longe do fim e com os dados mais recentes -inflação ao produtor e vendas no varejo- a alta de juros na faixa de 4,25% e 4,50% deve continuar. Os investidores temem que essa alta de juros leve o país a uma recessão ao forçar esse aperto maior na economia”.
Guilherme Paulo, operador de renda variável da Manchester Investimentos, disse que um conjunto de fatores ajuda movimento positivo da Bolsa.
“O mercado segue refletindo as falas do Haddad da véspera sobre o novo arcabouço fiscal e reforma tributária, somado a isso a deflação nos Estados Unidos contribuiu para o mercado alavancar hoje, e logo mais os investidores devem ficar de olho no Livro Bege. O Fed vai olhar todas essas informações para ver se os juros se estabilizam este ano e já começa a cortá-los em 2024″.
O dólar comercial fechou em alta de 1,07%, cotado a R$ 5,1610. A moeda norte-americana – que operou em queda ao longo da manhã – ganhou força à medida que o temor de recessão nos Estados Unidos aumentou.
De acordo com o analista da Ouro Preto Investimentos Bruno Komura,”o movimento indica o pessimismo do mercado exterior com a economia americana. Os dados foram positivos para o mercado e negativos para a economia. Existe temor de recessão”.
O índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) teve queda de 0,5% em novembro (projeção -0,1%) e as vendas no varejo caíram 1,1% em dezembro ante novembro (projeção de -1,0%). Já a produção industrial teve retração de 0,7% no último mês de 2022, pior que do que as projeções de -0,1%.
Para o sócio da Nexgen Capital Felipe Izac, “o PPI mostrou que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) pode não precisar subir tanto os juros. Nos últimos dias, o dólar sofreu uma desvalorização muito grande”.
“A perspectiva da China é positiva, trazendo o consumidor de volta. Isso trouxe uma valorização muito forte das commodities metálicas e do petróleo, o que favorece muito o real”, observa Izac.
O executivo da Nexgen mostra animação com a nova equipe econômica: “Temos visto que o novo Governo tem feito um discurso que irá fazer máximo para controlar a parte fiscal, e isso tem agrado os mercados”, opina.
Izac acredita que a continuidade do cenário positivo observado atualmente deve fazer com que a moeda brasileira gire em torno de R$ 5,00 ao longo de 2023, podendo ficar até abaixo deste valor.
“Lá fora, o dólar perde de seus pares e das moedas emergentes ligadas às commodities. Por aqui, devemos ter uma abertura em queda, seguindo o exterior, com os agentes locais atentos ao debate sobre o salário-mínimo”, avalia a Correparti.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) viraram e fecharam em alta após declarações do presidente Lula.
Por volta das 16h30 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 13,465% de 13,480% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 12,545%, de 12,510%, o DI para janeiro de 2026 ia a 12,430%, de 12,360%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 12,440% de 12,360% na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar operava em alta, cotado a R$ 5,1590 para venda.
Os principais índices do mercado de ações fecharam a sessão em campo negativo, com o S&P registrando a pior queda intradiária em mais de um mês, à medida que os investidores analisaram os dados fracos das vendas no varejo,o que aumentou os temores de que uma recessão possa estar por vir.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: -1,81%, 33.296,96 pontos
Nasdaq Composto: –1,24%, 10.957,0 pontos
S&P 500: -1,55%, 3.928,86 pontos
Paulo Holland, Darlan de Azevedo, Pedro do Val de Carvalho Gil