Bolsa fica estável à espera de decisões dos bancos centrais; Dólar fecha em leve alta

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São Paulo – O Ibovespa, principal índice da bolsa B3, encerrou praticamente estável, com leve recuo de 0,03%, aos 112.273,01 pontos, com os investidores cautelosos no início de uma semana marcada por decisões sobre taxas de juros e balanços de grandes empresas em ambos os lados do Atlântico. O Ibovespa futuro com vencimento em fevereiro subiu 0,11%, aos 112.995 pontos. O giro financeiro foi de R$ 17,3 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em baixa.

Entre as ações de maior peso, Vale (VALE3) e Santander Brasil (SANB11) encerraram em quedas de 0,35% e 0,45%. Já Petrobras (PETR3; PETR4), Banco do Brasil (BBAS3), Bradesco (BBDC3; BBDC4), BTG Pactual (BPAC11), B3 (B3SA3) e Itaú Unibanco (ITUB4) fecharam em alta, reduzindo a baixa do índice.

Entre as maiores altas do pregão, ficaram Arezzo (+6,36%), Natura (+5,48%), Petz (+4,46%), Klabin (2,87%) e Suzano (+2,66%). Entre as maiores quedas, CVC (-14,39%), Raízen (+4,97%), Cielo (-4,78%), Magazine Luiza (-3,75%) e BRF (-3,08%).

Aqui no Brasil, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deve manter a taxa básica de juros em 13,75%, nos Estados Unidos, a previsão de é de alta de 25 pontos base, e na Europa, em 50 pontos base.

O VIX, o chamado índice do medo, que mede a volatilidade no mercado americano, hoje subiu mais de 7% durante o pregão, indicando um aumento da percepção de risco por parte dos investidores estrangeiros, em especial pelas demissões em série nos grandes players do mercado como Amazon, Microsoft, Google e Apple, sinalizando que ambas esperam um cenário econômico mais desafiador nos próximos meses.

Os balanços corporativos devem trazer os resultados do quarto trimestre de 2022 da Vale (produção e vendas), nesta terça-feira, 31, e o balanço financeiro do Santander Brasil na quinta (7/1) e, nos EUA, das big techs Amazon, Meta, Alphabet e Apple.

A China voltou ao radar do mercado, após o feriado de uma semana do Ano Novo Lunar e a promessa, no último fim de semana, de promover uma recuperação do consumo.

Os preços do minério de ferro mantiveram a trajetória de ganhos vista desde o início do mês, impulsionados pela expectativa em relação à demanda no país e preocupações de que as condições climáticas afetem a oferta da commodity.

Os preços dos contratos futuros do minério de ferro na bolsa de Dalian, na China, fecharam em alta. O preço do contrato mais negociado, com entrega para maio de 2023, subiu 2,45% para 877,5 iuanes (US$ 129,30) por tonelada, enquanto o do contrato para setembro de 2023, que teve o segundo maior giro, subiu 1,81% para 844,5 iuanes (US$ 124,43) por tonelada.

Na noite desta segunda-feira no horário do Brasil, a China apresenta os Indices de Gerentes de Compras (PMI) de manufatura e serviços, que indicam os ganhos acumulados no ano e devem ajudar a entender o quanto a reabertura do país influencia a economia global.

Já os contratos de petróleo encerraram em queda firme, seguindo a aversão a risco no exterior com as perspectivas de aumento de juros, com notícias sobre o encontro da Organização de Países Produtores de Petróleo e aliados (Opep+) no radar.

Em Brasília, mais uma semana que promete ser agitada, com o retorno dos trabalhos no Legislativo e no Judiciário e as eleições dos líderes do Senado e da Câmara na próxima quinta-feira. O presidente Lula recebeu o chanceler alemão Olaf Scholz, que anunciou doação de 200 milhões de euros (R$ 1,1 bilhão) para ações ambientais no Brasil.

Nesta segunda-feira, as instituições financeiras ouvidas pelo Banco Central (BC) na pesquisa Focus elevaram de 5,48% para 5,74% a previsão para a inflaçãomedida pelo Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2023.

Em boletim matinal, a Guide Investimentos apontou que apesar de o dia hoje ser mais parado, esta semana será bem movimentada para os mercados globais. A corretora avalia que a previsão de que o Federal Reserve subirá a taxa de juro em 0,25 pp, para o intervalo de 4,50% – 4,75%, está bem precificada no mercado e que o foco, portanto, fica para o comunicado do BC americano. “A inflação tem mostrado bons sinais de desaceleração, mas o Fed não pode declarar vitória ainda. Ao mesmo tempo, vários indicadores antecedentes e alguns coincidentes já apresentam sinais de recessão.

Nesse impasse entre crescimento e inflação, o Fed deve escolher não mostrar complacência com o nível de preços. Dessa forma, o Fed poderá optar por dar um discurso mais duro, visando tirar das apostas do mercado uma queda do juro em 2023”, comenta a Guide.

A análise também destaca que os EUA também divulgam a taxa de desemprego e criação de vagas não agrícolas do Payroll. “O mercado vê um total de 185 mil vagas criadas em janeiro, contra os 223 mil em dezembro. O ritmo de desaceleração do mercado de trabalho pode dar o tom das próximas decisões do Fed”, estima a análise.

Para Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil, cita que o movimento das ações de Vale e Petrobras indica um dia de correção para os ativos.

No caso da Petrobras, a alta da preferencial (PETR4) surpreende, após o novo CEO da empresa, Jean Paul Prates, falar hoje que a política de preços de combustíveis é assunto de governo e que poderá haver interferência em detrimento da “paridade” internacional, mas também indica um ajuste de mercado, já que as últimas sessões foram de forte queda.

“O pregão de hoje sinaliza um dia de pouco apetite por risco nos mercados, com os investidores mais ressabiados, e preferindo “garantir o ganho” não só no Brasil, mas nos EUA também, o que na prática significa menor força compradora, e se a demanda é baixa, o preço literalmente não, e os negócios não ocorrem”, resume o chefe da mesa de operações da Ação Brasil.

Em seu boletim político, a Necton destaca que o ministro da Fazenda Fernando Haddad, em reunião com membros da Fiesp, em São Paulo (SP) nesta segunda-feira, reforçou o foco da pasta em aprovar um novo arcabouço fiscal, assim como a revisão do sistema de crédito brasileiro e a reforma tributária.

O ministro afirmou que aposta na reindustrialização com uso de fontes limpas de energia e o fortalecimento da participação do Brasil no Mercosul. Josué Gomes, presidente da Fiesp, pediu para que o governo reveja a cobrança do IPI, e acredita que uma diminuição de impostos irão ajudar na economia.

O dólar comercial fechou em alta de 0,03%, cotado a R$ 5,1150. A sessão foi marcada pela expectativa com a reunião de alguns dos principais bancos centrais do mundo, em especial o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), que ocorrem nesta semana.
Segundo o analista da Ouro Preto Bruno Komura, “está todo mundo de olho na velocidade da alta dos juros. Até quarta-feira não deveremos ter grandes movimentações. Por outro lado, os resultados das empresas podem surpreender negativamente”.

Para o economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira, “o mercado de trabalho nos Estados Unidos teima em se manter aquecido. Já a Europa teve uma queda de inflação recente, calcada em Transportes, o que não é crível. Ainda não se resolveu a questão inflacionária europeia. A dúvida agora é o que vai acontecer daqui para frente, com o tom dos comunicados”.

De acordo com o boletim da Ajax Asset, “lá fora, ativos de risco recuam com os investidores cautelosos quanto às reuniões do Fed, Banco Central Europeu (BCE) e Banco da Inglaterra (BoE) nesta semana. Apesar de já estar precificada alta das taxas básicas de juros, investidores temem uma sinalização mais hawkish (dura, propensa ao aumento dos juros). Por aqui, ativos devem acompanhar o exterior”.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam de lado, com mercado em compasso de espera pelas decisões sobre juros nesta semana.

O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 13,545% de 13,555% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 12,880%, de 12,850%, o DI para janeiro de 2026 ia a 12,820%, de 12,790%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 12,875% de 12,655% na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar operava de lado, cotado a R$ 5,1110 para venda.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em queda, enquanto os investidores aguardam uma semana bastante agitada, que inclui a próxima reunião do Federal Reserve (Fed o banco central americano), uma série de relatórios de ganhos de peso e o payroll do último mês.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o
fechamento:

Dow Jones: -0,77%, 33.717,09 pontos
Nasdaq 100: -1,96%, 11.393,8 pontos
S&P 500: -1,23%, 4.017,77 pontos

Pedro do Val de Carvalho Gil / Paulo Holland/ Darlan de Azevedo