Apesar de números abaixo do esperado, mercado deve ter reação moderada à prévia da Vale

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São Paulo – A Vale (VALE3) divulgou, na noite desta terça-feira (31), seu relatório de produção e de vendas referente ao quarto trimestre de 2022 e ao fechamento do ano. A companhia apresentou números de produção abaixo do esperado, encerrando o ano abaixo de seu guidance.

A produção de minério de ferro no trimestre foi de 80,8 Mt (milhões de toneladas métricas), queda de 9,9 por cento na comparação trimestral e de 1 por cento na comparação anual. Principal operação de minério da Vale, o Sistema Norte apresentou retração de 9,2 % na produção vs. 3T22, já sendo impactado pelas maiores chuvas do período, ao passo que o Sistema Sul teve uma queda de 14,6 % na comparação trimestral e um aumento de 33,5 % na comparação anual, o único sistema com crescimento na produção anual.

“Ainda assim, houve uma queda de 9,8 por cento na comparação anual, sendo mais uma vez o destaque negativo do relatório e comprovando as dificuldades operacionais que a companhia vem enfrentando”, diz a Levante

No último trimestre, as vendas ficaram bem abaixo da produção, resultado do estoque em trânsito ao longo da cadeia, sendo revertidas neste trimestre. Com isso, elas foram de 83,2 Mt (+20,4 % frente ao trimestre passado e crescimento de 1 % ao ano). No acumulado do ano, as vendas tiveram redução de 1,5%, em linha com a queda na produção.

“A Vale vinha desapontando em seu desempenho operacional nos últimos trimestres, até apresentar uma recuperação no 3T22, tornando possível o atingimento de seu guidance para o ano”, na opinião dos analistas da Levante.

Os números da Vale também estiveram abaixo das estimativas da Ativa Investimentos. “Em finos de minério, a Vale divulgou números de produção ligeiramente abaixo, mas vendas em linha. Já na divisão de metais básicos, gostamos dos seus resultados apesar da produção ter sido inferior à nossa previsão” diz análise.

A forma como a companhia colocou o valor sobre volume em minério de ferro em seu Vale Day, promovido no início de dezembro, dava a impressão sobre a possibilidade de não alcance do guidance atual, o que não deve assustar o mercado, segundo seus analistas.

“Com relação à divisão de metais básicos, seguimos observando uma produção abaixo do potencial, mas já vemos melhora na dinâmica de vendas e diante dos preços atuais de cobre e níquel, acreditamos que a divisão já contribuirá mais para os resultados do 4T22”. A percepção da Ativa é neutra sobre os dados divulgados, bem como a recepção do mercado, que eles estimam que seja moderada.

O BTG Pactual, por sua vez, tem recomendação de compra e preço alvo de US$ 19 para VALE3. Segundo o banco, os preços resgataram números de produção lentos em geral.

A Vale entregou um 2022 suave do ponto de vista operacional, diz o BTG, chegando perto do ponto mais baixo de sua orientação em todas as frentes. “Embora entendamos que alguns desses contratempos estão fora do controle da administração (exógenos), acreditamos que a empresa levará alguns trimestres para recuperar totalmente a confiança do investidor na história de baixo para cima.”

De acordo com o banco, alguns dos principais destaques do relatório de produção da Vale no 4T22 são os embarques de minério de ferro (finos + pelotas) chegaram a 89,9Mt, 1% acima da expectativa do banco, ajudados pela desestocagem agressiva.

Ao passo que os números da produção de minério de ferro permanecem abaixo da média, refletindo atrasos no licenciamento e um ramp-up mais lento do S11D (Carajás), os embarques de níquel chegaram a 58,2 kt, 10% acima da média dos analistas do BTG – também ajudados pela redução de estoque.

Cobre decepcionou em 71,6 kt, 11% abaixo da estimativa do BTG, impactado pela manutenção de Sossego. “A empresa está mantendo sua orientação de minério de ferro estável para 2023 de 310-320Mt (estamos em 307Mt), o que implica que todo o crescimento da receita virá de ganhos de preço”, explicam os analistas.

Por volta das 12h45 (horarário de Brasília), VALE3 registrava queda de -2,66, a R$ 91,98