São Paulo – A MRV anunciou, em encontro anual com investidores realizado nesta manhã de terça-feira, as projeções – que chamou de “soft guidance” – para os próximos três anos e disse que está otimista com as novas condições que serão apresentadas pelo governo federal para o programa habitacional Minha Casa Minha Vida. A empresa é uma construtora e incorporadora com foco em empreendimentos econômicos.
“A MRV deve sair de 40 cidades, de forma gradual, nos próximos três anos. Prevíamos chegar a 70 mil unidades por ano, agora nossa previsão é chegar a 40 mil unidades por ano, subindo o preço para R$ 200-300 mil a unidade, com rentabilidade, por isso a redução no número de cidades em regiões metropolitanas”, disse o presidente da MRV, Rafael Souza. “A nossa maior preocupação está no nível operacional. A venda vai de R$ 30 mil por imóvel para R$ 70 mil, então nosso foco é rentabilidade e geração de caixa”, acrescentou.
O executivo também avalia que a mudança do plano de negócios resultará em lucratividade relevante para empresa e “colher frutos muito relevantes no futuro.”
A MRV prevê lucro líquido de R$ 1,3-1,6 bilhão até 2025, sendo R$ 700 milhões a R$ 1 bilhão da MRV Incorporação, R$ 440-480 milhões da Resia, R$ 80-100 milhões da Urba e R$ 55-70 milhões da Luggo.
A alavancagem da operação no Brasil deve cair de uma faixa de 53,8% a 49,9% em 2023, para 43,1%-36,1% em 2024 e 28,5% a 19,3% em 2025. Nos Estados Unidos, o indicador deve passar de 20-25% em 2023-24 para 25-30% em 2025.
Em 2023, a área de incorporação da MRV prevê receita operacional líquida (ROL) de R$ 6,6-7,2 bilhões, margem bruta de 22-24%, GCX de zero a R$ 200 milhões e dívida líquida/PL de 54-58%. Para 2024, a projeção da companhia é de ROL de R$ 7,5-8 bilhões, margem bruta de 26-28%, GCX de R$ 300 a R$ 500 milhões e dívida líquida/PL de 39-47%. Para 2025, o ROL chegará a R$ 8-8,5 bilhões, margem bruta de 30-33%, GCX de R$ 600 a R$ 800 milhões, dívida líquida/PL de 20-30% e lucro líquido de R$ 700 milhões a R$ 1 bilhão.
A diretoria da empresa disse que reduziu a área de atuação geográfica da empresa e que está otimista com o relançamento do programa Minha Casa Minha Vida que será ser anunciado pelo governo federal em 2023.
Para Urba, unidade de loteamentos da empresa, a MRV disse que reduziu o planejamento previsto anteriormente, devido ao cenário de taxas de juros muito altas e visando um crescimento mais sustentável.
Para os próximos anos, a empresa vai focar em projetos que já estão em seu banco de terrenos e não buscará expansão, com 80% dos lançamentos previstos para 2023 a 2025 já no seu landbank.
As projeções anunciadas para a Urba em 2023 são de 3-4 mil unidades vendidas, ROL de R$ 350-400 milhões, prejuízo líquido de R$ 10 milhões a lucro de R$ 10 milhões; em 2024, 4-5 mil unidades vendidas, ROL de R$ 400-450 milhões e lucro líquido de R$ 35-55 milhões; em 2025, 5-6 mil unidades vendidas, ROL de R$ 530-580 milhões e lucro líquido de R$ 80-100 milhões. A projeção de margem bruta é de 37-40% em cada ano.
A empresa também avalia que as condições atuais do mercado com juros elevados favorecem os negócios da Luggo, de aluguel de imóveis. A operação adapta imóveis prontos da MRV para locação e a companhia escolheu atuar nos principais núcleos urbanos, como as capitais brasileiras.
“Aproveitamos todo o ‘chassi’ da MRV, os apartamentos são adaptados da estrutura MRV e enventualmente melhoramos algumas áreas de lazer, segurança, sem adicionar complexidade operacional”, disse o diretor executivo da companhia.
Para a Luggo, a empresa prevê em 2023 que as vendas de 670 unidades totalizem R$ 190-200 milhões e lucro líquido de R$ 15-20 milhões; subindo para, em 2024, 810 unidades, R$ 270-290 milhões e R$ 40-50 milhões e, em 2025, 1,3 mil unidades, R$ 370-400 milhões e R$ 55-70 milhões de lucro.
A companhia não estima queima de caixa próxima a zero nesta operação e estuda adicionar equity de terceiros no nível dos projetos, o que pode resultar em crescimento mais rápido que o esperado, disse a empresa.
Para a Resia, operação nos Estados Unidos, a MRV anunciou valor geral de vendas (VGV) de US$ 1,5 bilhão até 2025, queima de caixa de até US$ 240 milhões em 2022, até US$ 140 milhões em 2023, até US$ 80 milhões em 2024 e até US$ 110 milhões em 2025, que será financiada por linhas financiamento a construção, disse a empresa.
A Resia espera contribuir à MRV com receita líquida de R$ 440-480 milhões até 2025. “A alavancagem vem de linhas de financiamento a projetos que não afetam os covenants da MRV”, comentou a diretoria da empresa.
MINHA CASA MINHA VIDA
A MRV disse que a demanda para o programa Minha Casa Minha Vida é absurda, mas que não pretende atuar na faixa 1. Neste segmento, para famílias com renda familiar bruta de até R$ 1.800 por mês, o governo paga 90% do valor da residência e o restante pode ser pago em até 120 prestações mensais e período de dez anos, que variam de R$ 80 a R$ 270, sem juros. O valor máximo do imóvel para esta faixa é de R$ 96 mil.
O que o governo quer ampliar o valor máximo dos imóveis contratados nessa faixa para R$ 150 mil e retomar o interesse das construtoras por esse público.