Em uma sessão com bastante volatilidade entre altas e baixas, a Bolsa fechou em leve alta com os investidores repercutindo os resultados de algumas empresas, principalmente do Bradesco, em meio às tensões entre governo e Banco Central e com a provável mudança da meta da inflação. Na semana, o Ibovespa caiu 0,41%.
Mais cedo, o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, disse em uma live, do Bradesco Asset, que o tema de mudança da meta da inflação foi proposto pelo Banco Central (BC) para ser discutida na reunião de quinta-feira (16) durante a reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) e que o debate não foi pautado pelo Ministério.
Por aqui, o resultado do Bradesco (BBDC e BBDC3) no 4T22 foi decepcionante e os papéis caíram 6,07% e 8,18%. A Vale (VALE3) também teve um dia negativo, cedeu 1,79%, acompanhando seus pares em Londres. Em contrapartida, as ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) registraram alta de 2,73% e 3,04% com a valorização da commodity no mercado, após a Rússia cortar a produção de petróleo a menos de 500 mil barris por dia a partir de março.
O principal índice da B3 avançou 0,06 %, aos 108.079,02 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em fevereiro subiu 0,20%, aos 108.265 pontos. O giro financeiro foi de R$ 25 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam mistas.
Elcio Cardozo, sócio da Matriz Capital, disse que o Ibovespa apresenta grande volatilidade no pregão desta sexta-feira “com um cenário de muitos ruídos políticos, principalmente de ameaça de independência do BC, apesar de boa parte do mercado concordar com o presidente Lula de que os juros estão altos, essa crítica é um erro; essa lição foi aprendida por outros países”.
lém disso, comentou Cardozo, “os resultados fracos de diversas empresas também estão influenciando o índice como Bradesco, Alpargatas e Porto Seguro”. As ações de Alpargatas (ALPA4) caíram mais de 18%.
Ricardo Leite, head de renda variável da Diagrama Investimentos disse que a Bolsa opera entre o campo positivo e negativo devido “às incertezassobre os juros, principalmente nos Estados Unidos e Europa, somado aos resultados fracos das empresas brasileiras e, no mercado interno, a principal âncora que segura os ativos de risco tem relação com os sinais divergentes do governo e da equipe econômica devido à falta de apresentação de projetos que possam ser efetivados e a possível mudança na meta de inflação também preocupa”.
O head de renda variável da Diagrama Investimentos disse que o resultado do Bradesco “está derrubando o papel e após o comunicado do banco alertando sobre os impactados da Americanas, preocupa o mercado e contamina o setor”. Leite comentou que até os papéis ligados ao minério de ferro que vinham subindo no início da sessão, passaram a cair, como a Vale (VALE3) , com forte peso no índice, devido “à incerteza com o juro lá fora e o mercado começou a desacreditar na demanda para segurar o preço”.
O dólar fechou em queda de 0,92%, cotado a R$ 5,2210. A moeda apresentou movimento de correção, embora as incertezas fiscais sigam no radar. Na semana, o dólar teve valorização de 1,44%.
Segundo o sócio fundador da Pronto! Invest Vanei Nagem, “o dólar hoje está dando uma refrescada. Ocorre uma pequena correção, e é uma abertura para que a próxima semana seja mais tranquila. O fluxo estrangeiro continua entrando”.
Para o especialista da Valor Investimentos Rodolfo Carneiro, “o dólar subiu devido ao cenário de insegurança fiscal. Começa a se criar uma suspeita de que a independência do Banco Central (BC) não vai continuar. O mercado está em compasso de espera por alguma resposta do (presidente do BC, Roberto) Campos Neto”.
De acordo com o boletim da Ajax Asset, “lá fora, temor de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) elevará a Fed Fund Rate para um nível superior ao esperado anteriormente, impacta negativamente os ativos de risco e valoriza o dólar. Por aqui, ventos externos desfavoráveis devem impactar negativamente os ativos locais”.
As taxas curtas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em tímida queda, próximas à estabilidade. A tentativa de interferência do Governo no Banco Central (BC) segue preocupando o mercado e o ambiente é de cautela.
O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 13,445% de 13,440% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 12,870%, de 12,895%, o DI para janeiro de 2026 ia a 12,965%, de 12,990%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 13,105% de 12,140% na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar operava em queda, cotado a R$ 5,2210 para venda.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo misto, mas encerraram a semana com perdas pela primeira vez neste ano
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: +0,50%, 33.869,27 pontos
Nasdaq Composto: -0,61%, 11.718,1 pontos
S&P 500: +0,21%, 4.090,46 pontos
Paulo Holland e Julio Viana