Governo do Pará confirma caso de vaca louca; ações dos frigoríficos caem com caso suspeito da doença

1533

São Paulo – A Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará) informou na noite desta quarta-feira que foi positivo o resultado do caso suspeito de Encefalopatia Espongiforme Bovina (doença popularmente conhecida como “vaca louca”) numa pequena localidade do sudeste do Estado, em uma propriedade que tem 160 cabeças de gado já isolada pela agência. A propriedade foi inspecionada e interditada preventivamente.

“A sintomatologia indica que se trata da forma atípica da doença, que surge espontaneamente na natureza, não causando risco de disseminação ao rebanho e ao ser humano”, disse a Adepará, em nota.

Para confirmar esta situação de isolamento e controle, a agência disse que amostras foram enviadas para laboratório no Canadá para tipificação do agente, se clássica ou atípica.

O governo do Estado está em contato permanente com o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e trata do tema com transparência e responsabilidade

AÇÕES DOS FRIGORÍFICOS CAEM

Os destaques negativos do pregão desta quarta-feira de Cinzas ficam com as ações de frigoríficos quando a doença da vaca louca no Brasil ainda era apenas uma suspeita. No fechamento, os papéis da Minerva (BEEF3) ficaram entre as piores quedas do Ibovespa, com baixa de 8,40%, seguida pela BRF (BRFS3, -6,70%), Marfrig (MRFG3, -4,71%) e JBS (JBSS3, -4,32%).

“O Ministério da Agricultura investiga o caso e, se confirmado, as exportações podem ser fortemente afetadas”, avalia a corretora Ativa Investimentos para explicar o movimento de baixa das ações dos frigoríficos, em dia de forte queda no principal índice da B3 (-1,85%).

A Agência SAFRAS aponta que, caso a doença seja confirmada, as exportações brasileiras de carne bovina voltadas para o mercado da China podem ser suspensas automaticamente. O país possui um acordo com os chineses de que as exportações são suspensas de imediato em casos de EEB (doença da vaca louca), seja ela típica ou atípica. No caso do Brasil, a hipótese é de que seja um caso atípico, tendo em vista a idade avançada do animal.

De acordo com o analista de SAFRAS & Mercado, Fernando Iglesias, a tendência é que os preços recuem no físico, e que haja uma queda acentuada no mercado futuro da B3. Dois frigoríficos de São Paulo e um de Mato Grosso do Sul, exportadores da proteína, já suspenderam os abates da semana.

Segundo Iglesias, se confirmado o caso, o mercado deve aguardar um pronunciamento da China, pois a decisão de retomar ou não as exportações brasileiras da proteína é do país. “A China tem um peso muito grande nas exportações brasileiras, mais de 50% do volume exportado vai pra lá”, disse.

O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, disse que o caso já está sendo analisado em laboratório e deve ter resultado divulgado até o dia de hoje. “A suspeita já foi submetida a análise laboratorial para a confirmação ou não e, a partir do resultado, serão aplicadas imediatamente as ações cabíveis”, informou o Ministério.

O Ministério da Agricultura informou no dia 20, à tarde que está investigando uma suspeita de caso da vaca louca no Brasil. A pasta não informou o local, mas a Agência Brasil apurou que a suspeita ocorre num animal idoso em idade avançada que morreu num pasto no Pará.

“Acerca do caso suspeito de Encefalopatia Espongiforme Bovina (Mal da “vaca louca”), todas as medidas estão sendo adotadas pelos governos. A suspeita já foi submetida a análise laboratorial para a confirmação ou não e, a partir do resultado, serão aplicadas imediatamente as ações cabíveis”, informou o ministério em comunicado.

A morte em pasto aumenta as chances de que o suposto caso de vaca louca tenha se originado de forma “atípica”, espontaneamente na natureza, em vez de ser transmitido pela ingestão de ração animal contaminada. Isso, em tese, reduz as chances de imposições de barreiras comerciais.

Os últimos casos de vaca louca registrados no Brasil ocorreram em 2021, em Minas Gerais e no Mato Grosso. Na ocasião, os casos também foram atípicos, mas a China, maior comprador de carne do Brasil, suspendeu a compra de carne bovina brasileira por três meses, de setembro a dezembro daquele ano.

Até hoje, o Brasil não registrou casos clássicos de vaca louca, provocado pela ingestão de carnes e pedaços de ossos contaminados. Causado por um príon, molécula de proteína sem código genético, o mal da vaca louca é uma doença degenerativa também chamada de encefalite espongiforme bovina. As proteínas modificadas consomem o cérebro do animal, tornando-o comparável a uma esponja.

Além de bois e vacas, a doença acomete búfalos, ovelhas e cabras. A ingestão de carne e de subprodutos dos animais contaminados com os príons provoca, nos seres humanos, a encefalopatia espongiforme transmissível. No fim dos anos 1990, houve um surto de casos de mal da vaca louca em humanos na Grã-Bretanha, que provocou a suspensão do consumo de carne bovina no país por vários meses. Na ocasião, a doença foi transmitida aos seres humanos por meio de bois alimentados com ração animal contaminada.

GRIPE AVIÁRIA

Em 15 de fevereiro, o Ministério da Agricultura informou que, diante da recente confirmação de casos de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP vírus H5N1) em aves silvestres na Argentina e no Uruguai, o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, reforçou que o Brasil continua livre da doença, mas está aumentando o status de vigilância.

A influenza aviária, também conhecida como gripe aviária, é uma doença viral altamente contagiosa que afeta principalmente aves domésticas e silvestres.Até o momento, nenhum caso de gripe aviária foi confirmado no Brasil, disse o ministério na quarta-feira (15/2).

Estamos tomando providências preventivas, reforçando nosso sistema de vigilância nas fronteiras, mas garantindo que, por ora, o Brasil continua com status livre da gripe aviária, disse Fávaro em entrevista à imprensa, ressaltando que a doença não é transmitida pela carne de aves e nem pelo consumo de ovos.

Além do aumento das medidas de vigilância ativa, que inclui o fortalecimento da fiscalização pelo Ministério da Agricultura, o ministro destacou a importância da vigilância passiva, que é a comunicação da doença por produtores e pelos cidadãos que percebam sintomas em aves caseiras ou silvestres por meio do Serviço Veterinário Oficial municipal ou pela internet na plataforma e-Sisbravet.

Segundo o governo, recentemente, foram encontradas duas aves com sintomas no Rio Grande do Sul e uma no Amazonas, mas após coleta e análises de amostras, foi descartada a hipótese de H5N1.

O risco mais alto e agudo da entrada da doença no país acontece até abril e maio, pois o risco é relacionado à migração das aves, explicou o Ministério da Agricultura.

Com informações da Agência SAFRAS.

O texto foi atualizado às 19h52 para incluir a confirmação pelo estado do Pará e atualizar as cotações das ações no fechamento do pregão.