São Paulo – O consumo nos lares brasileiros, indicador da Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS) que mede o consumo nos lares, acumula alta de 1,07% em janeiro na comparação com o mesmo mês de 2022. Ante dezembro, houve queda de -14,81%. Nesta análise, todos os indicadores são deflacionados pelo Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e o levantamento contempla todos os formatos operados pelos supermercados.
O mês de janeiro registra, tradicionalmente, o menor consumo na comparação com o mês imediatamente anterior devido ao aumento do consumo nas festas de fim de ano. No entanto, a série histórica da ABRAS, principalmente o período que abrange os últimos dois anos, mostra que o mês de janeiro de 2023 teve a menor variação de queda no consumo na comparação com dezembro.
Para o vice-presidente Institucional e Administrativo da ABRAS, Marcio Milan, alguns fatores foram relevantes para maiores variações de queda no consumo no mês de janeiro de anos anteriores. “Em janeiro de 2021 chegavam as primeiras doses das vacinas para os grupos prioritários. Em 2022, a disseminação da nova variante do coronavírus trazia insegurança aos consumidores. Além desses fatores, no cenário macroeconômico vivíamos uma inflação de dois dígitos (10,06% em 2021) pressionando o preço dos alimentos. Então, este resultado de janeiro sinaliza que apesar da volta das atividades presenciais ou híbridas ao trabalho e a menor pressão inflacionária sobre a cesta de alimentos, o consumo continua centrado nos lares”, conclui Milan.
Para este primeiro trimestre o reajuste do salário mínimo (+7,42%) para mais de 60 milhões de pessoas, a manutenção do pagamento de R$ 600 do Auxílio Brasil (Bolsa Família), o Vale Gás no valor de 100% da média nacional do botijão de gás de cozinha de 13 quilos (a cada dois meses), o resgate do PIS/Pasep (de fevereiro a dezembro) e o pagamento (previsto a partir de março) de R$ 150 por criança de até seis anos para as famílias inscritas nos programas de transferência de renda devem sustentar o consumo nos lares.
Outros recursos anunciados ou em análise pelo governo federal tendem a ser direcionados para o consumo de alimentos, entre eles a revisão e a ampliação das bolsas da área da educação, o reajuste dos servidores civis do Poder Executivo e o novo reajuste do salário mínimo a partir de 1º de maio. A ABRAS projeta crescimento de 2,50% no Consumo nos Lares em 2023.
ABRASMERCADO
O Abrasmercado (indicador que mede a variação de preços nos supermercados) manteve-se estável (+0,08%) em janeiro na cesta composta por 35 produtos de largo consumo, dentre eles alimentos, bebidas, carnes, produtos de limpeza, itens de higiene e beleza.
As principais altas foram puxadas por batata (+14,14%), feijão (+5,69%), tomate (+3,89%), arroz (+3,13%), farinha de mandioca (+2,75%).
Na contramão, as quedas foram: cebola (-22,68%), carne bovina corte dianteiro (-1,93%), frango (-1,29%), óleo de soja (-0,46%), leite em pó (-0,45%), leite longa vida (-0,30%), carne bovina corte traseiro (-0,12%). O recuo nos preços do corte dianteiro foi mais expressivo no Sul (-4,58%) e no Sudeste (-3,19%) do Brasil.
No recorte da cesta de alimentos básicos, composta por 12 produtos, houve alta de +0,25% em janeiro ante dezembro e o preço médio da cesta passou de R$ 317,56 para R$ 318,35. Os itens básicos que pressionaram a cesta foram feijão (+5,69%), arroz (+3,13%) e derivados do leite queijo muçarela (+0,46%) e queijo prato (+0,46%).
Na categoria de higiene e beleza as variações de preços foram: xampu (+0,53%), sabonete (+0,37%), creme dental (+0,98%), papel higiênico (-0,05%).
Na cesta de limpeza as principais variações foram: desinfetante (+1,09%), sabão em pó (+0,60%), detergente líquido para louças (+0,35%).
Na análise regional houve deflação nos preços das cestas do Sudeste (-0,06%) e do Sul (-0,41%). Nas demais regiões as variações foram: Centro-Oeste (+0,54%), Norte (+0,13%), Nordeste (+0,08%).
Quanto ao preço médio da cesta Abrasmercado, composta por 35 produtos de largo consumo, a mais cara foi registrada na Região Sul R$ 839,93. Em seguida estão Norte (R$ 833,70), Sudeste (R$ 759,81), Centro-Oeste (R$ 707,26) e Nordeste (R$ 685,03).