Bolsa fecha em queda com peso de Petrobras; no mês acumula perda de 7,49%

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São Paulo – A Bolsa fechou em queda de 0,73% em uma sessão com bastante volatilidade, com peso das ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) no dia em que a empresa anunciou o corte nos preços da gasolina e diesel, possibilidade de mudanças na distribuição de dividendos, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, detalhou o novo modelo de tributação dos combustíveis que entra em vigor a partir de amanhã (1).

De acordo com o ministro, a gasolina será reonerada em R$ 0,47 e o etanol em R$ 0,02%.No mês, o Ibovespa fechou em queda de 7,49%

As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) caíram 4,38% e 3,47%. Já os papéis da Vale (VALE3) subiram 0,32% acompanhando o fechamento das mineradoras em Londres.

O principal índice da B3 fechou em queda de 0,73%, aos 104.931,93 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em abril perdeu 0,93%, aos 105.855 pontos. O giro financeiro foi de R$ 29,7 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em queda.

Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos, disse que a Bolsa caminha para fechar entre pequenas altas e baixas e no mês em queda, mas o que tem pesado são as ações da Petrobras “com a reoneração dos impostos sobre os combustíveis e o governo estuda a mudança de distribuição de dividendos o que impactou nas ações da empresa; a Petrobras ON cai mais que a PN porque é um papel que o investidor estrangeiro tem mais posição e é um direcionamento ruim que a empresa dá para o mercado dessa mudança; a Vale e siderúrgicas estão dando o tom positivo na Bolsa junto com os bancos que tentam se recuperar”.

Moliterno disse que em relação à reoneração, “o mercado espera um impacto de 0,60 a 0,65 centavo no preço da gasolina e algum reflexo na inflação”.

Nicolas Farto, sócio e head de renda variável da Vértiq Invest, disse que a Bolsa voltou a ficar volátil com os investidores receosos “com a falta de clareza em relação ao novo modelo de tributação sobre os combustíveis; do lado fiscal existe um equilíbrio, mas o anúncio [confirmado ontem pelo Ministério da Fazenda] não ficou muito preciso e no final do dia teremos mais detalhes sobre isso”

Farto comentou que a Petrobras anunciou mais cedo queda nos preços dos combustíveis, “apesar de existir espaço para isso acontecer em função da desvalorização do preço do barril do petróleo, os papéis caíram e os investidores também esperam para ver até que ponto a Petrobras será impactada com a tributação dos combustíveis. Ontem falou-se no fundo de estabilização da Petro para não interferir tanto na política de preços, enquanto não tiver informações mais precisas fica difícil de montar posição”.

Um analista de uma grande gestora de investimentos que não quis se identificar disse que a Bolsa está volátil “com o mercado aguardando os detalhes da reoneração dos combustíveis após a reunião do Lula [presidente Luiz Inácio Lula da Silva] e os ministros; o exterior também não ajuda a impulsionar o índice”.

O dólar fechou em alta de 0,36%, cotado a R$ 5,2240. O mercado não recebeu bem a aparente intervenção do Governo Federal, além da persistente inflação nos países desenvolvidos.

O preço médio de venda de gasolina A da Petrobras para as distribuidoras passará de R$ 3,31 para R$ 3,18 por litro, uma redução de R$ 0,13 por litro.

Para o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, “os treasuries (títulos do Tesouro dos Estados Unidos) sobem e mantêm os investidores em cautela, preocupados com a política monetária nos países desenvolvidos”.

Rostagno não mostra empolgação com a redução no preço dos combustíveis: “A percepção é que o Governo está usando a Petrobras como instrumento de política, o que gera preocupação com o fiscal”, opina.

De acordo com sócio da Ethimos Investimentos Lucas Brigato, “o mercado reagiu bem à reunião do Lula com o presidente da Petrobras (Jean Paul Prates). É um bom primeiro passo”.

Brigato demonstra preocupação com a inflação global que não demonstra perder força, em especial na Europa.

Para o economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira, é importante, do ponto de vista da política monetária, concentrar os aumentos de preços no primeiro trimestre para que o Banco Central (BC) possa ter mais clareza para início no corte da Selic (taxa básica de juros).

Tanto a inflação na Espanha (6,1%) quanto na França (7,2%), em fevereiro, inspiram preocupação: “Começam a desafiar aquela percepção que o início do fim do aperto em monetárias está chegando”, pontua Vieira.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em alta com incertezas acerca da reoneração dos combustíveis.

O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 13,380% de 13,360% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 12,690%, 12,630%, o DI para janeiro de 2026 ia a 12,760%, de 12,690%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 12,920% de 12,850% na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar operava em alta, cotado a R$ 5,2230 para venda.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo negativo, selando um mês duro para Wall Street, com temores renovados sobre os próximos passos do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) e como os juros mais altos vão impactar a economia.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,71%, 32.656,70 pontos
Nasdaq 100: +0,10%, 11.456 pontos
S&P 500: -0,30%, 3.970,15 pontos

Confira a variação dos índices no mês:

Dow Jones: -4,19%
Nasdaq 100: -1,11%
S&P 500: -2,61%

Com Paulo Holland, Pedro do Val de Carvalho Gil e Darlan de Azevedo / Agência CMA.