Escassez de madeira deve pressionar preços, mas caixa da Suzano não deve ser impactado

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São Paulo – O presidente da Suzano, Walter Schalka, disse à imprensa em coletiva concedida no final da manhã de hoje que a companhia não espera impacto no caixa da companhia por conta das estimativas de aumento do preço da madeira porque vem se preparando e aumentando a produção na América do Sul e, especialmente no Brasil. Além disso, ele lembrou que o recuo nos preços das commodities, parte mais variável do custo, vem se consolidando desde o início do ano.

“Muitas empresas não tinham mais florestas disponíveis e tinham de comprar madeira em lugares mais distantes, o que ocasionava um aumento do custo na região, observa Schalka. “Uruguai e Chile, por exemplo, já não tem mais madeira disponível para novos projetos nos próximos anos.”

Schalka ressaltou que a companhia busca reduzir os custos, o que pode soar contraditório diante da tendência de aumento no preço da madeira.

“O custo da madeira no mercado deve aumentar, sim, mas somos muito pouco dependentes da madeira de mercado – e o pouco do qual dependemos, já contratamos. Então, esse custo não deve aumentar em 2023 e, inclusive, a médio e longo prazo, a tendência do custo operacional é redução”, explica

A madeira, hoje, representa de 40 a 45% do custo caixa, sendo o custo variável, responsável por 25% desse valor. E é aí que entram as commodities, visto que a Suzano utiliza o diesel no processo.

“A queda do preço do petróleo favorece a redução do custo, porque utilizamos o diesel na colheita e transporte da madeira. Percebemos uma redução do preço de commodities desde o início do ano e se essa retração continuar, nos ajuda na redução dos custos, uma vez que usamos diversos produtos químicos, cujos preços podem oscilar. Não temos como saber sobre o futuro do brent ou dos produtos químicos, mas se os preços continuarem nesse patamar, vamos começar a ver uma redução gradativa dos custos”, ele afirmou.

INVESTIMENTOS 2023

Walter Schalka disse que pretende investir R$ 18,5 bilhões ainda em 2023. Somente o Projeto Cerrado receberá investimentos de R$ 8,9 bilhões (48% do total). A nova fábrica de celulose em construção no município de Ribas do Rio Pardo (MS) reúne neste momento mais de 8.500 pessoas em sua etapa de obras, número que chegará a 10.000 pessoas durante o ano. O início de produção está previsto para o segundo semestre de 2024.

Schalka afirmou também que o Projeto Biomas é o maior projeto privado desse tipo no Brasil. Segundo ele, trata-se de um projeto que consegue combinar regeneração e preservação no Brasil endereçando questões ambientais e sociais, ao oferecendo emprego para as comunidades mais vulneráveis do entorno dos 4 milhões de hectares de matas nativas em biomas como Amazônia, Mata Atlântica e Cerrado – o que representaria o território da Suíça ou do estado do Rio de Janeiro – que o projeto quer atingir.

Anunciado durante a COP27 (Conferência de Clima) no Egito, em novembro de 2022, entre Suzano, Itaú, Marfrig, Santander, Vale e Rabobank, a Biomas é uma empresa dedicada a atividades de restauração, conservação e preservação de florestas no Brasil. O aporte inicial é de R$ 20 milhões de cada sócio.

KIMBERLY – CLARK

Sobre a aquisição da Kimberly-Clark, o executivo disse que não espera nenhum remédio por parte do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), porque a companhia não deve ter concentração de market share no Brasil. “Vamos atingir 22% [de mercado] com essa aquisição, por isso não esperamos nenhum remédio.”

Em agosto do ano passado, a Suzano comprou as operações da americana Kimberly-Clark no Brasil por US$ 175 milhões (cerca de R$ 942 milhões). A aquisição incluiu a fábrica de papel higiênico (tissue) com capacidade para 130 mil toneladas anuais em Mogi das Cruzes, no Estado de São Paulo, além da marca Neve.