Bolsa sobe puxada por setor financeiro, Petrobras e aéreas; commodities metálicas destoam e caem

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São Paulo – A Bolsa fechou em alta sustentada pelas ações do setor bancário e das companhias aéreas, após a divulgação do resultado da Azul (AZUL4) e reestruturação de sua dívida. Os papéis da Petrobras (PETR3 e PETR4) também ajudaram no movimento positivo do índice.

O destaque negativo ficou para as ações ligadas ao minério de ferro com a notícia de que a China terá uma meta de crescimento menor para 2023 (5%) que os analistas esperavam.

Além das ações ligadas ao turismo, as varejistas como Via (VIIA3) e Magazine Luiza (MGLU3) também subiram forte na sessão de hoje, respectivamente 10,34% e 5,62%. Azul (AZUL4) e GOL (GOLL4) avançaram 37,98% e 23,78%.

A Vale (VALE3) caiu 3,52%; Usiminas (USIM5) e CSN(CSNA3) cederam 0,83% e 3,83%. Bradesco (BBDC3 e BBDC4) subiram 2,98% e 3,34%; Itaú aumentou 2,27%. Petrobras (PETR3 e PETR4) ganhou 1,48% e 1,01%.

Em relação ao arcabouço fiscal, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que a proposta será apresentada à equipe econômica, em seguida ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para posteriormente ser apreciada pelos parlamentares. Quanto aos diretores do Banco Central (BC), Lula deve avaliar os nomes ainda este mês.

O principal índice da B3 avançou 0,80%, aos 104.700,32 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em abril subiu 1,02%, aos 105.015 pontos. O giro financeiro foi de R$ 22 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam mistos.

Leandro De Checchi, analista de Investimentos da Clear, disse que o setor financeiro “destacou-se com fortes ganhos na sessão de hoje e sustentou o Ibovespa no positivo, mesmo com os papéis ligados ao setor de mineração e siderurgia corrigindo mais forte”.

O analista da Clear também mencionou que a previsão de uma proposta de arcabouço fiscal para este “com a melhora de expectativa de inflação e projeção do PIB no boletim Focus, trazem alívio à Bolsa”.

André Fernandes, head de renda variável e sócio A7 Capital, afirmou que o principal driver na sessão de hoje “é em relação às empresas que estão conseguindo negociar com seus credores como Azul e Gol, indiretamente ajuda o setor financeiro porque reflete o alívio dos investidores em relação ao risco de crédito”.

Fernandes disse que o balanço da Azul veio “muito bom e surpreendeu o mercado, mas o impacto positivo nas ações veio do acordo de leasing, com o alongamento do prazo de suas dívidas e melhorando o cenário para a empresa”.

Milena Araújo, especialista em renda variável na Nexgen Capital, disse que a Bolsa avança impulsionada “por bancos e por Petrobras com avanços nas negociações e diálogos entre Lula e o ministro Haddad [ministro da Fazenda, Fernando Haddad]; as mineradoras continuam caindo por conta da China”.

A especialista em renda variável na Nexgen Capital disse que o grande destaque do mercado são as ações da Azul (AZUL4), após o acordo com arrendadores e o balanço no 4T22. “A empresa aérea apresentou reestruturação de parte de dívida e o mercado vê isso de forma otimista”.

O dólar comercial fechou em queda de 0,63%, cotado a R$ 5,1660. A moeda norte-americana foi impactada pelo fluxo estrangeiro na bolsa brasileiro e o avanço do arcabouço fiscal doméstico.

Segundo a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, “temos os ativos bem desvalorizados por aqui. Os analistas estão em compasso de espera para ver como será o arcabouço fiscal”.

Abdelmalack observa que desde fevereiro houve significativa saída do investidor estrangeiro da bolsa, mas que nesta segunda a queda do dólar está correlacionada à entrada de capital estrangeiro, mas alerta que a semana será repleta de indicadores econômicos tanto no Brasil quanto no exterior.

Para o sócio fundador da Pronto! Invest Vanei Nagem, “o mercado está de lado, indefinido. O pessimismo continua em relação à China, além da espera por mais aumento dos juros nos Estados Unidos”.

Nagem entende que o avanço das discussões sobre o arcabouço fiscal é muito positivo, mas teme pela rapidez na condução do processo e uma eventual falta de novidades que o pacote possa ter.

De acordo com o boletim da Ajax Asset, “lá fora, commodities e moedas dos emergentes recuam por conta decepção dos investidores com a meta de crescimento chinês de 5,0% para este ano aquém das expectativas. Por outro lado, possíveis pressões inflacionárias decorrentes da China ficaram mais improváveis após a definição desta meta. Assim, os juros dos Treasury Bonds (títulos do Tesouro dos Estados Unidos) recuam levemente”.

“Por aqui, notícias de que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apresentará ao presidente Lula a proposta do novo arcabouço fiscal podem impactar positivamente o mercado de renda fixa”, diz a Ajax.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) operam em queda, puxadas pelo aparente avanço do arcabouço fiscal, que deve ser apresentado ao presidente Lula nos próximos dias.

O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 13,270% de 13,345% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 12,705%, 12,850%, o DI para janeiro de 2026 ia a 12,875%, de 12,975%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 13,100% de 13,185% na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar operava em queda, cotado a R$ 5,1660 para venda.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em campo misto, quase estável, com os investidores na expectativa do discurso do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, amanhã (7), ao meio-dia (horário de Brasília).

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,12%, 33.431,44 pontos
Nasdaq 100: -0,11%, 11.676 pontos
S&P 500: +1,61%, 4.048,42 pontos

Com Paulo Holland, Pedro do Val de Carvalho Gil e Vanessa Zampronho / Agência CMA.