Fitch prevê ambiente desafiador para empresas brasileiras, marcado por inflação, juros e endividamento das famílias

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São Paulo – A Fitch Ratings prevê que as empresas no Brasil (BB/Estável) continuarão a enfrentar um ambiente de negócios desafiador em 2023, marcado por fracas perspectivas econômicas, alta inflação e taxas de juros e elevado endividamento das famílias.

“A abundante liquidez dos últimos dois anos no mercado de dívida se esvaiu após o pedido de recuperação judicial da Americanas S.A. (D), seguido de dificuldades financeiras de outros grandes emissores”, diz a análise. Como resultado, os riscos de refinanciamento para empresas brasileiras aumentaram significativamente, o que pode resultar em implicações negativas nos ratings caso as restrições de crédito persistam nos próximos meses.

Atualmente, 94% dos ratings internacionais do Brasil e 88% dos ratings nacionais da carteira da Fitch possuem Perspectiva Estável. A recente deterioração do mercado de dívida local após a inadimplência da Americanas ainda não está totalmente incorporada à carteira.

“Acreditamos que a maior aversão ao risco para a dívida corporativa privada será temporária, embora possa levar mais tempo para se normalizar.” A Fitch rebaixou várias entidades com perfis de crédito mais vulneráveis durante o aperto de liquidez, como a Light S.A., para ‘CCC+’ de ‘BB’; Oi S.A para ‘C’ de ‘CC’; Azul S.A. para ‘CCC’ de ‘CCC+’; e Gol Linhas Aéreas Inteligentes S.A. para ‘C’ de ‘B’.

Renato Donati, diretor da agência, diz que espera que o Brasil enfrente um ambiente econômico adverso em 2023. “PIB fraco e inflação e taxas de juros altas continuarão a desafiar a capacidade das empresas de investir, expandir e desalavancar. Esses riscos são intensificados pela volatilidade recente nos mercados de dívida locais. Se o aperto de liquidez persistir, aumentará significativamente os riscos de refinanciamento em 2023, levando a implicações negativas adicionais de crédito”, conclui o executivo.