Eletrobras tem prejuízo líquido de R$ 479 mi no 4° trimestre de 2022

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São Paulo, SP – A Eletrobras divulgou na noite de ontem (13) o balanço do quarto trimestre de 2022, com prejuízo líquido de R$ 479 milhões, revertendo lucro líquido de R$ 610 milhões registrados no mesmo período em 2021. Em 2022, um lucro líquido foi de R$ 3,63 bilhões, queda de 36% na comparação com os R$ 5,71 bilhões alcançado em 2021.

Segundo a companhia, o resultado foi impactado, negativamente, pela contabilização do Plano de demissão voluntária, realizado em dezembro de 2022, evento não recorrente, no montante de R$ 1,26 bilhão.

Além disso, o resultado negativo também é reflexo da constituição de provisão de recebíveis da Amazonas Energia, no montante de R$ 2,52 bilhões, da queda do resultado financeiro em R$ 946 milhões, em particular, pelo aumento de R$ 1,09 bilhão das despesas financeiras com encargos de dívida, em função da consolidação da SPE Santo Antônio Energia (+R$ 436 milhões) a partir do terceiro trimestre de 2022, do impacto de R$ 888 milhões de despesas financeiras (IPCA + encargos) das obrigações junto à CDE (encargo de 7,6%), e dos projetos de revitalização das bacias hidrográficas e Amazonia Legal (encargo de 5,67%), conforme estabelecido pela Lei nº 14.182/2021 (Desestatização da Eletrobras), como uma das condições para a obtenção das novas outorgas de concessão de geração de energia elétrica por mais 30 anos.

O Ebitda ajustado apresentou redução de 10%, passando de R$ 4,88 bilhões no quarto trimestre de 2021 para R$ 4,40 bilhões no mesmo período de 2022, influenciado pela queda da receita de transmissão dada a deflação. A margem ebitda recuou 3,7%, passando de 19% no quarto trimestre de 2021 para 16%.

A receita operacional líquida passou de R$ 10,5 bilhões no quarto trimestre de 2021 para R$ 9 bilhões no último trimestre de 2022, uma redução de 14%, influenciada pela deflação do período (queda do IPCA e IGPM), piorando a receita de transmissão de forma muito relevante, o que foi mitigado, em parte, pela revisão tarifária do ciclo 22/23 de 17 contratos de transmissão.

A receita do segmento de Geração de energia apresentou aumento de 7% em 2022, cerca de R$ 1,53 bilhão, quando comparada ao ano de 2021, influenciada, principalmente, pela incorporação da Saesa (+R$ 2,46 bilhões); e aumento de 11% (+R$456 milhões) na receita de Operação e Manutenção de Usinas, devido ao reajuste da RAG (Receita Anual de Geração), conforme Resoluções Homologatórias emitidas pela Aneel, e também variações na parcela da CFURH. Esses efeitos foram, parcialmente, compensados pela redução de 62% (-R$ 1,93 bilhão) na receita de energia elétrica de curto prazo (CCEE), causada principalmente pela menor receita oriunda da revenda de energia importada do Uruguai (-R$ 1,40 bilhão) e pela queda do PLD médio (de R$ 134,71 em 2021 para R$ 55,70 em 2022).

As receitas do segmento de Transmissão apresentaram redução de 10% (-R$ 1,67 bilhão) em 2022, em comparação com o mesmo período do ano anterior, influenciadas, principalmente, por: redução de 21% (2.046 milhões) na Receita Contratual de Transmissão (Receita financeira), em razão do das variações dos indexadores IPCA e IGPM entre os períodos (IPCA de 5,9% e 2022 e de 10,74% em 2021), que são utilizados na atualização monetária dos saldos dos ativos contratuais e impactam o valor da receita financeira dos Contratos.; redução de 3% (R$42 milhões) nas receitas de construção.

Segundo o balanço da Eletrobras, esses efeitos foram parcialmente contrabalançados pelo aumento de 7% (+R$ 408 milhões) na receita de operação e manutenção de linhas de transmissão, devido à entrada em operação de novos empreendimentos e em função do processo de Revisão Tarifária. Destaque para o efeito do reperfilamento do componente financeiro da RBSE, que diminui a parcela de amortização redutora da receita e aplicou o Ke, tendo um impacto relevante de remensuração do ativo contratual.

O Custo com Energia comprada para revenda apresentou aumento de R$ 3,12 bilhões em 2022, em comparação com o mesmo período do ano anterior, influenciadas, principalmente, pelo aumento do custo de energia comprada para revenda, em função do registro, em 2021, de crédito de cerca de R$ 4.266 milhões, como redução da despesa de energia comprada para revenda, em decorrência da repactuação risco hidrológico.

Em 2022, os investimentos chegaram a R$ 5,6 bilhões, alta de 11% na comparação a 2022. No quarto trimestre de 2022, os investimento chegaram a R$ 1,60 bilhão, recuo de 26% na comparação com o mesmo período de 2021. Os principais investimentos foram a ampliação do Sistema de Geração referentes ao Parque Eólico Coxilha Negra e da CGH Cachoeira Branca, além da compra da Usina Hidrelétrica de Santo Antônio pela cifra de R$ 1,5 bilhão.

Em relação à Eletronuclear, foi previsto que esta somente permaneceria consolidada pela Eletrobras até o mês de janeiro de 2022, dada a previsão de privatização e transferência do controle da Eletronuclear para a Enbpar no primeiro trimestre de 2022. Por este motivo, constou no orçamento de 2022 somente o valor de R$ 242 milhões para Eletronuclear. Porém, devido a privatização ter ocorrido em junho de 2022, houve uma realização de investimentos de R$ 464 milhões pela Eletronuclear em 2022, superando os R$ 242 milhões previstos.

Desconsiderando o total de investimentos da Eletronuclear, no ano de 2022, as Empresas Eletrobras realizaram um total de R$ 382 milhões de investimentos em geração, o que corresponde a 59 % do orçamento neste segmento para as Empresas, à exceção de Eletronuclear.