Bolsa fecha em queda e renova mínima em dia de decisão do Fed; dólar cai

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São Paulo- A Bolsa fechou em queda, na mínima desde agosto de 2022, em dia de decisão de política monetária nos Estados Unidos, com a elevação de 0,25 ponto porcentual (pp), conforme consenso do mercado, mas com um discurso do presidente do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) misto em que deixou em aberto o ciclo de alta de juros. O Ibovespa foi marcado com bastante oscilação na sessão de hoje.

Powell disse que a inflação segue alta e o mercado de trabalho apertado, mas que os preços permanecem ancorados. E que os membros do Fed chegaram a avaliar uma pausa nos aumentos de juros.

O principal índice da B3 caiu 0,76%, aos 100.220,63 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em abril perdeu de 0,90%, aos 101.895 pontos. O giro financeiro foi de R$ 20 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em queda

Segundo Nicolas Borsoi, economista-chefe Nova Futura Investimentos, o Fed ofereceu argumentos hawkish e dovish para a próxima reunião do Fomc, deixando em aberto a continuidade do ciclo de alta. “Powell reconheceu que o Fed pode voltar a subir juros; por outro lado, o comitê chegou a considerar uma pausa na alta de juros nesta reunião e que o aperto do mercado de crédito pode levar a menos altas de juros, com um grupo significativo de diretores esperando um aperto das condições de crédito”.

Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos, disse que a Bolsa chegou a oscilar com a decisão do Fed, mas “depois de o comunicado mostrar que o Fed vai rever outros aumentos e que os juros devem estacionar no patamar entre 5% e 5,25%, o mercado reagiu positivamente no primeiro momento, mas os investidores começaram digerir melhor a fala do Powell e o mercado começou a voltar”.

Moliterno disse que o presidente do Fed afirmou que “está atento ao setor financeiro, mas não está muito claro o impacto da quebra dos bancos; o mercado começa a precificar uma manutenção dos juros na próxima reunião e aumentam as apostas de que a taxa comece a ceder no final de 2023”.

Felipe Moura, sócio e analista da Finacap Investimentos, disse que o comunicado do Fed “veio dentro do esperado e os membros reconhecem o evento do SVB e que o sistema bancário dos EUA é sólido, mas os acontecimentos podem e devem ter um efeito no mercado de crédito deteriorando a atividade; a autoridade monetária ficará atenta a esses efeitos; também admite que o mercado de emprego segue aquecido e desemprego baixo e é o efeito inflacionário. Ele vai monitorar mais de perto”.

Lucca Ramos, assessor de renda variável da One Investimentos, disse que a Bolsa cai “marginalmente” e “o dia está pesado com a Super Quarta não tanto pela decisão, que já está precificado em uma alta de 0,25 ponto porcentual (pp), mas pelo guidance [perspectiva futura], que pode ser mais dovish ou até parar nesse patamar; os institucionais e pessoas físicas estão se posicionando e os bancos estão no zero a zero”.

Ramos lembrou que semanas anteriores a expectativa era de que o Fed “viria mais duro com indicadores fortes, agora com a crise bancária o cenário mudou; por aqui não se espera surpresa com o Copom e o guidance vai se pautar no arcabouço fiscal”.

O dólar comercial fechou em queda de 0,20%, cotado a R$ 5,2360. A moeda definiu sua direção após o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) anunciar o aumento de 0,25 ponto percentual (pp) na taxa de juros, e deixou a porta aberta para novas altas nas próximas reuniões. A expectativa, agora, fica por conta da divulgação do valor da Selic (taxa básica de juros), que ocorre ainda hoje, às 18h30.

A economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, entende que o comunicado não trouxe muitas novidades, e sublinhou que os dirigentes do Fed consideram um aperto adicional, “com uma política suficientemente restritiva para garantir o retorno da inflação à meta de 2%, que segundo o quadro de projeções será atingida apenas em 2025”.

Abdelmalack, contudo, indica que será necessário acompanhar, ao longo das próximas semanas, novos resultados da economia estadunidense para ver se de fato há alguma tendência de desaceleração da inflação e arrefecimento do mercado de trabalho o que, a depender dos resultados, pode fazer com que o Fed volte a acelerar o ciclo de aperto monetário.

O head de tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, acredita que a mudança mais significativa deve ser no comunicado pós-Copom, que deve abordar a importância de ajustes fiscais para então começar a cortar a taxa de juros.

De acordo com a economista do Banco Ourinvest Cristiane Quartaroli, “no Brasil, a expectativa é de manutenção da taxa (13,75%), e mais importante será o tom que o Banco Central (BC) dará no comunicado sobre os próximos passos”.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda. O movimento ganhou força após a decisão do Fed (o banco central norte-americano).

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam em queda, com o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) continuando a aumentar as taxas, ao mesmo tempo em que reconhece que a turbulência no setor bancário pode desacelerar a já frágil economia. As ações dos bancos regionais lideraram a queda.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos:

Dow Jones: -1,63%, 32.030,11 pontos
Nasdaq Composto: -1,60%, 11.670,0 pontos
S&P 500: -1,64%, 3.936,97 pontos

 

Com Paulo Holland, Pedro do Val de Carvalho Gil e Darlan de Azevedo / Agência CMA